segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A presidenta do Brasil

Quando eu estava na 7a série escrevi minha primeira redação no novo colégio, era um colégio de freiras. Eu escrevia muito bem nessa época. Foi antes da minha confusão mental se instalar de vez. Mas enfim, o tema da redação era criativo como sempre "O que você quer ser quando crescer". Era um tema difícil para mim, pois eu já havia parado de crescer. Entretanto, nessa época, meu interesse por política já havia começado a se manifestar. Meu irmão estava no primeiro ano do 2o grau (era esse o nome na época) e como era a primeira vez que um de nós estudava num colégio laico, ele estava bem animado com a possibilidade de expressar a própria opinião. Nós conversávamos bastante e eu começava a conhecer por alto várias teorias políticas por intermédio dele.

Quando vi um tema assim tão batido me inspirei e escrevi "Quero ser presidente do Brasil". Depois de entregar a redação eu fiquei com vergonha. Parecia coisa de primário escrever isso. Eu justifiquei na redação o porque queria ser presidente "para que as pessoas tivessem liberdade de expressar suas opiniões, acabar com a pobreza..." Eram coisas meio óbvias, mas era onde minha compreensão atingia. Mas acho que foi um bom texto, porque tirei nota máxima. No dia de entregar a redação corrigida a irmã que era professora de português me chamou depois da aula para conversar comigo porque eu estava conversando durante a aula dela.

Fiquei com medo de ser mandada para diretoria. Eu era muito nerd. Ela então me disse uma coisa que eu nunca mais esqueci. "Você acha que isso é postura de alguém que quer ser presidente do Brasil?". Sabe o que eu respondi a ela? "Acho que não, irmã. Mas eu não quero mais ser presidente do Brasil, acho que nenhuma mulher vai conseguir". Eu me senti ridícula na hora. Nem percebi que a irmã estava tentando me incentivar.

Mesmo com todos os poréns que vejo hoje, só posso dizer:

Obrigada, Dilma!

Agora toda menina pode sonhar em ser presidente do Brasil sem se sentir ridícula.