quinta-feira, 30 de abril de 2009

Patriarcado

Esse é o assunto do texto. E para mim responde alguns dos meus questionamentos pessoais. Muita gente acha que os estudos de gênero são estudos já superados. Mas para mim essa justificativa é semelhante a daqueles que dizem que não há racismo no Brasil. Se é mesmo algo já superado porque temos mais mulheres nas universidades e menos em postos de comando? Somos metade da população (incluindo brancas e negras). Porque os casos de violência doméstica não diminuem? Porque meninas ainda são estupradas pelos pais ou companheiros de suas mães?

Esse texto poderia se encaixar em diversos questionamentos da condição humana, mas fala de patriarcado. Um assunto dos estudos de gênero. Estudos tão ultrapassados que na maioria das universidades do mundo existe um departamento só para estudos de gênero que engloba vários campos do conhecimento, como a medicina, a sociologia, a biologia, a psicanálise, a literatura, a história...

Patriarcado pode não ser o melhor nome, mas enquanto existirem propagandas como as do Stilo Blackmotion ou as de cerveja (um exemplo simplista) acho que temos motivos para continuarmos estudando.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

atual ou repetitivo

"Por que, afinal, os seres humanos, pretensamente capazes de reconsiderar uma situação com novos enfoques e vislumbrar uma resposta original, se vêem enredados no mesmo esquema, acham-se cativos desse mito que, mesmo agora, quando se orgulham da objetividade científica, orienta grande parte de seu comportamento?"

Sobre o que estaria falando esse texto pra você? Onde ele se encaixaria na sua vida?

Resposta no próximo post

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia do livro

É hoje? Nem sei ao certo. Sei que estou aqui na espera cáustica por um livro que sempre quis ter e do qual possuo diversos capítulos copiados por necessidade. Nada pior do que a sensação adiada do prazer de abrir aquele livro, que já se sabe que é de agradável leitura, sentir o cheiro e o peso dele. Descobrir os detalhes de tradução, impressão e olhar as fotos que já se sabe que não serão mais borrões indefinidos.

Ai ai! Nerd isso, não? Mas eu confesso. Sou nerdíssima nesse sentido. Adoro ver a arte de qualquer livro. Saber quem fez a ilustraçã... Reparo até na formatação (hábito adquirido após um estágio de formatadora). Por isso até reluto um pouco em comprar pocket books. Eles ficam restritos a história e perdem um pouco da personalidade. Outro problema deles são as notas, os prefácios e pós-fácios: quando os tem são de má qualidade (imagino até que sejam feitos por pessoas que não tiveram tempo ou de ler o livro ou de escrever direito os prefácios) e na maioria não os tem, no máximo uma obsevação ínfima de algum crítico do New York Times.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quando até lágrimas soam falso

Por mais que as informações estejam ao nosso alcance e teoricamente a nossa educação vise também uma preparação para a vida existem situações que estão além do nosso alcance. Já que uma das funções do blog é ser um diário virtual, vou contar um pouco da minha vida aqui. Ano passado eu passei por algo terrivelmente inesperado, a morte do meu pai.

A morte é um caminho da vida, uma consequencia inevitável e todos deveríamos estar preparados para ela. Mas o natural é envelhecer, adoecer e morrer. O natural, mas que pouco nos damos conta, é perdermos os pais já que eles são mais velhos que nós. Uma morte por doença vai preparando a família e não o doente (que na maioria das vezes já está preparado para o inevitável). Mas a morte repentina soa como absurda, irreal.

Muitas vezes vc é pego de surpresa achando que vai receber um telefonema típico do seu pai fazendo um pedido despropositado e contando novidades pra lá de engraçadas. Outras tantas eu me deparo com alguém muito parecido com ele de costas e por um átimo de segundo acho que ao se virar esse alguém vai me abrir um sorrizo e dizer "Filha, que surpresa te ver por aqui! Que saudade!" Eu ainda reluto apagar o endereço dele de e-mail dos meus contatos. O do celular foi necessário porque era doloroso demais deparar sem querer com o nome dele sabendo que essa chamada nunca mais seria antendida.

Muitas vezes vc não quer chorar, outras nem consegue porque a situação é tão surreal que mais parece um pesadelo do que a realidade. Você deseja no fundo que as lágrimas sejam falsas assim como a idéia da ausência. Vc quer que seja, mas no fundo elas são tão reais quanto são falsas as esperanças de que tudo não tenha passado de um sonho. E com o tempo você descobre que não há como estar preparado para algo do gênero porque no fundo é algo tão triste que vc simplesmente passa a vida inteira tentando afastar de vc e daqueles que ama. Afasta sem saber e estupidamente porque se tivesse a consciencia do quão possível e real é a morte não haveria espaço para egoísmos, birras, rusgas ou mágoas. Diante dela tudo isso perde a importância e só se ressalta aquilo que se deixou de fazer, de falar. E acreditem, essas coisas nunca são pequenas ou bobas. São sempre palavras de carinho, afagos, risos, tudo o que se deixou para trás em vida e que faz tanta falta na morte.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Estranho...

Não sei se contei pra vcs que o Edward Said, um dos maiores teóricos das Ciências Sociais da atualidade (eu acho que ainda não morreu, mas não tenho certeza) possui vários livros que são muito lidos, mas que não são mais editados? Eles fazem parte do cânone da maioria dos estudantes de teoria literária, antropologia e sociologia, mas possuí livro que tem edições esgotadas há mais de cinco anos.

No caso dele parece que tem uma explicação, depois do 11 de setembro o Bush passou a implicar com ele porque ele é palestino. Mas outros livros que fui obrigada a ler tem suas últimas edições datadas de mais de trinta anos atrás. Vcs podem não gostar, mas certamente ouviram falar da Simone de Beauvoir. O segundo sexo, seu livro mais famoso e um dos marcos do feminismo, tem a última tradução para o português datada de 1970. Outro muito intrigante com uma escrita leve e despretencioso é o da Virgínia Woolf, Um teto todo seu. Se vc não leu e ficou intrigado pode pegar a minha cópia ou entrar no sebo porque as editoras simplesmente pararam de publicar e disseram "sem previsão para a reedição". Engraçado é que ninguém realmente lê Marx na íntegra, mas ele tem até edição de bolso. Agora se vc quiser saber o que tinha no relatório Kinsey que causou tanto rebuliço vai ter que me perguntar ou tentar extrair do filme porque eu nunca vi uma outra cópia (em português) além da que eu encontrei mofando na varanda da minha mãe.

Estou rezando para um nerd bem cult estar passando tudo pra pdf e esperando as leis serem menos mesquinhas para compartilhar conosco. Se não ao invés de termos a sociedade dos poetas mortos teremos o "index dos livros mortos".

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A imagem eurocêntrica

Lendo um livro muito bom "Crítica da imagem eurocêntrica" fiquei pensando em como somos bombardeados por imagens, paradigmas, discursos e imagens que não são nossas e estão distantes da realidade. Essas imagens são desdobramentos das antigas imagens européias de colonizador sobre o colonizado.

Pode parecer um pouco exagerado, mas quando a autora faz uma comparação de diversos filmes que retratam o Oriente, a África e a América Latina vc realiza esse fenomeno. Eu senti vontade de rir com algumas comparações como a do Elvis vestido de Sheik e salvando a bela mocinha branca dos bandidos árabes no meio do deserto de Nevada. Outra engraçada e Cleópatra, a rainha negra do Egito sendo representada por atrizes brancas e no lugar de sua inteligencia e preparo para o poder ela apenas "conquista" os romanos por sua beleza e sensualidade.

A autora não cita (talvez porque eu ainda não tenha terminado o livro) a imagem carnavalesca que se tem do Brasil. No filme do James Bond que é passado no Brasil é uma caricatura ridícula de um país onde mesmo nas repartições públicas as pessoas sambam e andam semi-nuas.

O problemas dessas imagens que tem sempre como ponto do vista o europeu lúcido e racional sobre o "nativo primitivo" de uma terra "virgem". Porque antes do europeu não existia nada por aqui, só muitos milhões de índios e algumas civilizações avançadas sem importância. É que essa imagem o que faz com que os museus europeus e americanos estejam repletos dos nossos tesouros roubados por povos que se sentem no direito de "preservar", "interpretar" e "ensinar" a nossa cultura e a nossa história a nós mesmo. Além disso, os europeus se firmaram como o paradigma que faz com que localizem a Europa e a América do Norte no centro, como a fonte criadora da razão e do pensamento. Eles tem o direito e a autoridade para falar e decidir sobre tudo porque aquilo que não seguem seus moldes e padrões e o errado e o inferior.

Bom, essa é uma interpretação resumida e reducionista do fenômeno, mas eu acho que a leitura do livro vale muito. Principalmente para quem gosta de cinema e literatura. A lista de filmes e livros que exemplifica a interpretação dos autores é fantástica porque vai desde os clássicos canônicos e hollywoodianos até filmes egípicios, indianos, venezuelanos, bolivianos, brasileiros que não seguem estritamente a linha "cult".

domingo, 5 de abril de 2009

Outra dica



Como eu não ando fazendo muita coisa da minha vida a não ser ler, aqui vai outra dica: Ciranda de Pedra, da Lygia Fagundes Telles. Para quem viu a novela, vale a pena ler o livro. A novela colocou água nos principais dramas do livro e o entopiu de interpretações preconceituosas que mudaram completamente o enredo e os personagens. Eles ficaram sem força nem objetivo.


Confesso que a história me chocou um pouco, principalmente depois de saber que ele foi escrito em 1954. Frases cortantes da aristocracia paulistana, cheio de hipocrisia e traições inacreditáveis. Para quem não viu a novela, não perca tempo, leia o livro. Quem a assistiu terá o prazer de descobrir uma história bem mais interessante e sensual. Além disso, puxando a sardinha para o meu trabalho, a Lygia é uma escritora que vale a pena conhecer.

Ah, só pra eu não me sentir tão alcoforada, vai aqui a dica de uma bandinha francesa que pra mim é mooooito mais legal que a Ielle. Eles se chamam Prototypes e o cd que eu escutei é o Mutants Médiatiques.
http://www.youtube.com/watch?v=07t1XQZOXOM

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Dicas


Como estou tendo que ler coisas que por minha própria vontade eu nunca leria, ando conhecendo muitos autores que apesar de não serem novos não são tão populares. Muitos deles badaladíssimos no exterior, traduzidos para diversas línguas e acumuladores de prêmios Jabutis (o mais importante da nossa literatura).

Um desses "fenômenos" é Milton Hatoum. Brasileiro, descendente de imigrantes libaneses e ainda por cima manauara ele é um escritor capaz de nos mostrar um Brasil completamente novo na visão do imigrante que conhece tão de perto. Conhecido para mim como o tradutor de Edward Said (teórico árabe proíbido nos EUA durante o governo Bush) ele se revelou uma surpresa na literatura de palavras simples, leitura fácil e gostosa e enredos complicados e densos.

Eu dou a dica do livro "dois irmãos". A interessante história de dois irmãos gêmeos que se odeiam por causa de uma mãe superprotetora. (resumos e sinopses melhores que as minhas podem ser encontradas em qq site). O livro saiu pela Companhia de Bolso (da Companhia das Letras) é baratinho e fácil de ser encontrado.