sábado, 27 de novembro de 2010

A história do meu ateismo

Não sei se já comentei aqui, mas cursei a maior parte do meu primeiro grau em escolas católicas, de padres e freiras. Isso porque a minha mãe achava que nessas escolas teríamos mais disciplina e elas se encarregariam de fazer uma coisa para ela que ela definitivamente não queria fazer - nos dar educação religiosa. Isso porque a crença dela era uma bagunça. Ela tinha preguiça de ir na igreja, mas não confessava. Meu pai se dizia agnóstico e fazia de tudo para falar mal da crença da minha mãe. Como a mamis não tinha paciência para conversar com a gente, fomos para escola católica.

Eu sempre fui uma boa aluna. Fazia tudo direitinho. Não participava das atividades extra-escolares pq morava muito longe da escola e meus pais trabalhavam o dia todo. Mas, como em toda escola católica, tinhamos aula de "ensino religioso". Isso era praticamente catequese, ou uma mini missa. Pq só viamos coisas sobre a igreja católica. Eu achava tudo mais chato do que aula de matemática, mas como era nerd, fazia o que os professores mandavam e tirava nota alta. Para mim era um 10 fácil. Bastava dizer que amava a Deus e citar os versículos certos.

A distância da religião católica começou dentro da escola, além do meu pai que se dizia agnóstico apenas para não brigar demais com a minha mãe, pois no fundo ele era ateu. Todas as perguntas que fazíamos sobre algo tinham como resposta "porque deus quis", ou "porque está na bíblia", "porque jesus falou". Isso me deixava sempre mais confusa. Num determinado momento, acho que na quarta série, nos "convidaram" para fazer a primeira comunhão. Eu adorei a ideia, afinal eram tardes longe de casa e perto dos meus amigos. A aula era uma bagunça. O professor ficava o tempo todo fora de sala fumando e a gente tocando o terror. A única coisa que precisávamos fazer era colorir os símbolos da páscoa, desenhá-los e etc. Isso de desenhar eu me amarrava, então, não foi difícil. Eu estava na terceira ou quarta série, não me lembro bem.

Quando o dia da comunhão chegou, como disse meu pai, eu só conseguia pensar no meu vestido. Era um mini vestido de noiva, e não era só o meu. Conclusão, eu e todas as minhas amigas queríamos examinar e olhar os vestidos umas das outras. A missa passou em branco. Eu fiquei posando para as fotos tentando esconder a minha felicidade. Quando a missa acabou e fomos para casa, meu pai perguntou "O que o padre falou?". Eu não sabia responder. Fiquei pensando durante muito tempo pq não tinha prestado atenção, além do vestido, oq tinha me desconcentrado. A gente já sabia oq ele ia dizer, pois estudamos antes.

Sabe oq ele disse? Nada. Ele não disse nada. Foi essa a conclusão que eu cheguei. Isso queria dizer que eu não acreditava no que ele dizia. Contei a conclusão para o meu pai e ele ficou super feliz. Minha mãe disse que isso passava e que eu não devia dar ouvidos ao meu pai, "deus ia falar comigo". Não falou. E depois foram várias experiências no mesmo nível que afirmaram ainda mais o meu ateísmo. Como a interpretação super tendenciosa que a professora fez de uma música do Raul que me deixou p. da vida, ou as experiências no colégio de freira. E essa é a história do meu ateísmo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dia 4

Ou 5

Hoje é O DIA PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Mas o que é a violência contra a mulher? Certamente não é violência entre mulheres. A violência contra a mulher é praticada por homens. Grande parte dela por homens conhecidos; pais, irmãos, tios, primos, cunhados, vizinhos, maridos. Isso é uma das razões que tornam a denuncia ainda mais difícil. Em outros casos ela é ignorada pois ainda temos resquícios do pensamento colonial onde o marido era proprietário da mulher.

Se os homens são os maiores agressores não podemos esperar acabar com a violência mobilizando apenas as mulheres. É claro que, se as minhas amigas que já foram agredidas não convivessem com tais babacas elas nunca teriam sido vítimas de agressão. Pena que muitas vezes não dá para prever tal tipo de comportamento. Como aconteceu com a Julia Roberts no dormindo com o inimigo (não é um bom exemplo, mas foi o que me ocorreu). Mas como convencê-los a "partilhar" harmonicamente a vida em sociedade e os papéis?

Existe uma resistência enorme contra os argumentos e até mesmo qualquer temática que possa resvalar em algo medonho chamado "feminismo". Muita gente diz que ele nem existe mais. Os autores "esclarecidos" colocam "movimentos de mulheres". Eu, particularmente não me importo com o nome desde que não se rejeite as idéias sem examiná-las. No meu ambiente de trabalho, a academia, vejo muita gente rejeitando xs autorxs feministxs e comprando as idéias de autores que se dizem "pós-modernista", que praticamente sugaram suas idéias da fonte feminista sem lhes dar o devido crédito. Eu, por exemplo, só consigo fazer mulheres concordarem com os meus argumentos. Isso porque posso me basear nas experiências delas. Toda mulher já sofreu uma "violência de gênero". Não quer dizer que os homens não tenham sofrido, mas talvez, para eles isso seja parte do "virar homem". De qualquer modo, uma violência simbólica é bem diferente de uma violência física.

Eu não sei como fazer para convencer os homens que é errado bater em mulher se para muitos eu nem tenho o direito de falar o que eu penso. A coisa para mim se torna mais difícil ainda de pensar quando lembro a negação enorme que existe do ponto de vista de assumir a existência do sexismo, da homofogia e do racismo no Brasil. Muita gente insiste em acreditar que vivemos na beleza da democracia racial e da miscigenação. Negar seja talvez um mecanismo de defesa que ajuda a esquecer aquela experiência ruim que a gente queria que nunca tivesse acontecido, mas ela aconteceu.

Não sei se vou conseguir chegar onde eu quero, mas vamos ver. Deve haver alguma explicação para a violência contra a mulher. Homens, tentem responder se existe realmente algum bom motivo para bater em uma mulher? Algum motivo que não faça você parecer um fraco, covarde, ignorante, descontrolado, abusivo, perturbado, mediocre, chauvinista, ridículo, ruim de papo...?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dia 3

A inspiração já começou a falhar, mas vou tentar.

Comentei no blog da Iara sobre um vídeo que eu assisti no jornal. Era um flagrante de violência no meio da rua. O marido bate na esposa e arrasta ela pelos cabelos. Eu não achei a agressão inteira, que é bem mais longa, mas vale a pena dar uma conferida. O video também está sem som, mas no final, quando entrevistada, a vítima diz que apanha porque o marido é muito ciumento. Que não é a primeira vez, mas ela esta com ele porque gosta muito dele.





O que eu queria dizer para as mulheres que denunciem. Que se separem. Saiam de perto. Eu sei que é difícil, mas pensem em vocês mesmas. Essa coisa de não se separar por causa dos filhos é a pior coisa que vc pode fazer por sua família. Viver no inferno da violência doméstica não é bom pra ninguém, muito menos para os seus filhos.

Tem também o vídeo da Luana Piovani falando sobre a agressão que sofreu. Acho que vale a pena ver. A parte que ela fala do estupro começa no minuto 5:50



Quer dizer, se ela que é famosa, rica, tem uma família estruturada sofre uma agressão, isso deixa claro que todas nós podemos passar por isso. O pior do que a vergonha de sofrer uma agressão é ser humilhada e ter sua dignidade questionada pela justiça. Denunciar também é muito difícil, mas não podemos deixar de fazê-lo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Dia 2

Bullying ou sexismo?

Seguindo a postagem coletiva, vou comentar uma reportagem que assisti ontem no jornal da Record. A reportagem era sobre bullying, a nova moda entre os psicólogos e educadores. Ela era até interessante, mostrava a história da filha da escritora Nelma Penteado, que sofria bullying na escola apenas por ter um quilos além do padrão anorexico.

A reportagem mostrou resumidamente os tipos de agressão verbal que as meninas sofriam. Ser gordinha e ter o cabelo enrolado era recorrente. Era eu na adolescência. Mas o engraçado é que durante a reunião contra o bullying não havia nenhuma menina com os cabelos enrolados. Eu achei estranho. Como se combate o bullying? Se adequando ao padrão de beleza antinatural que nos é imposto?

Só para ilustrar, o padrão de beleza que nós seguimos é europeu, o que não se adapta muito bem por aqui, afinal, não somos altas, brancas ou temos cabelos lisos e olhos claros. Até o DNA de quem se acha branco tem índio e negro. A questão é que eu também não quero ser alta ou ter o cabelo liso e loiro. Eu não me incomodo com o que sou, afinal, sou brasileira. E para falar a verdade, procure uma adolescente magrela e de cabelos alisados e loiros (ou com luzes) e veja quantas você acha. Agora procure uma gordinha de cabelos enrolados. As gordinhas se destacam. Talvez, também por isso, sofram tanto.


Bom, e existe uma razão para não sermos branquelos. Alguém já ouviu falar de uma comunidade de pescadores albinos que existe no nordeste? Assisti uma reportagem sobre eles uma vez, mas vou ficar devendo. Tem uma pescadora que o trabalho dela é levar água potável para as casas. Ela muitas vezes tem que fazer isso de dia, conclusão: corre um grande risco de pegar câncer de pele. Na estrevista dessa pescadora a reporter pergunta porque ela não usa roupas de manga comprida para fugir do sol. Ela diz que não usa porque os outros ficam "mangando" dela.

Voltando a reportagem do bullying, a questão passa para o comportamente dentro de casa. Muitas vezes os pais praticam o bullying em quem o pratica na escola. Aquela questão que o menino que apanha em casa bate nos colegas na escola. Pois bem, eu posso falar que acho que a questão da menina que sofre bullying vai muito mais além do fato dela ser gordinha ou ter o cabelo enrolado.

As meninas são uma espécie de produto. A vida delas gira em torno dos garotos. Isso porque devemos aprender cedo como conquistar um marido. E para isso devemos ter uma aparência e uma postura que justifique a escolha de um homem rico e poderoso. Os homens não precisam ser bonitos, por isso sofrem muito menos com o bullying. Para quem acha que eu estou no século errado, vou contar um causo da minha adolescência. Quando eu era adolescente, adorava rock e usava só camiseta de banda com calças largas. Tinha o cabelo na cintura e ele sempre foi enrolado, desde que nasci. Minha mãe ficava louca. Tentava de tudo para me arrumar. Quando suas táticas de me xingar não funcionavam ela apelava para seu último recurso: "assim vc nunca vai arrumar um namorado". Uma vez saí da escola para a parada de ônibus com os fones no ouvido. No meio do caminho as pilhas acabaram e eu continuei com os fones pq deu preguiça de guardar. Foi quando percebi dois meninos da minha sala atrás de mim conversando. Eles falvam algo assim "Nossa, essa menina é muito feia, ridícula. Dá vontade de enxer ela de porrada, ela é muito feia."

Agora me respondam: Porque a maior parte das críticas à Dilma reforçavam a mesma coisa, que ela era feia e autoritária? Porque mulheres não podem ser feias e autoritárias. Isso é coisa pra homem. Mulher tem que ser um bibelô. Ser bonita e doce.

*só pra avisar que eu estou atrasada no cronograma das postagens. Minha semana sempre começou na segunda.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cinco dias de ativismo on line contra a violência contra a mulher


Dia 1

Dando início a série de cinco postagens sobre a violência contra a mulher, eu gostaria de colocar uma questão que sempre me vem à cabeça em relação a esse tema. Nós temos dois dias, 8 de março e 25 de novembro, para nos lembrar da mesma coisa: a violência contra a mulher. E passamos 363 dias sofrendo com a violência sem ser lembrada pelo resto do ano. Mas em um desses dias, não nos lembramos nem mesmo da violência atroz contra a mulher que esse dia representa.

O dia 08 de março foi considerado o dia Internacional da mulher. É um dia para se colocar em pauta as consquistas dos movimentos feministas e também o que ainda precisaser feito. Certa vez eu vi uma série de pichações sexistas num banheiro da UnB. Cometi um ato de vandalismo e respondi uma das acusações colocando o verdadeiro motivo do dia internacional da mulher ser comemorado em oito de março. Devido a enxurrada de outras pichações que seguiram esta eu resolvi começar meu protesto on-line por essa dia.

Essa data não foi escolhida ao acaso. No dia 8 de março de 1857 cerca de 130 tecelãs faziam uma greve dentro da fábrica onde trabalhavam, em Nova Yorque. Elas reividicavam uma redução na jornada de trabalho, que era de 16hs, e equiparação dos salários com os homens e melhores condições de trabalho. As mulheres, nessa época, ganhavam 1/3 do salário de um homem e sofriram diversos abusos no ambiente de trabalho. Como consequência de seu ato subversivo, essas mulheres foram trancadas dentro do galpão da fábrica e atearam fogo nelas.

O interessante porém é o fato do comércio estar usando essa data para fazer com que se comprem flores e chocolate para as mulheres sem discutir nada a respeito da condição atual das mulheres em nossa sociedade. Ganhar uma rosa no dia 8 de março pode ter vários significados, mas e minoria deles é lisonjeira. As flores sempre simbolizaram o sexo da mulher, a vagina. Elas aparecem na cerimônia de casamento para lembrar que o sexo da mulher vai pertencer ao marido. É como se fizesse uma oferenda. Flores também são colocadas em túmulos para confortar a família da pessoa que faleceu e mostrar que a vida continua apesar da perda.

A desvirtuação do real significado do dia internacional da mulher em uma data para se presentear as mulheres - mais uma data comercial é muito frustrante. "Uma em cada cinco brasileiras declara espontaneamente já ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem. A cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil."

Semana passada eu estive no Simpósio Gênero e Psicologia Social, realizado na UnB. Durante a palestra da professora Lia Zanotta, que falava sobre os vereditos em casos de estupros no DF, eu fiquei absolutamente pasma. A análise ainda é preliminar e não podemos tirar conclusões precipitadas, mas ao que parece, a mulher só não é responsabilizada pelo estupro quando morre ou quase morre. Ou seja, quando fica evidente que ela se opôs ao estupro. Dentre todas as abominações escritas nos autos eu ouvi inclusive uma que dizia ser uma menina de 11 anos suficiente madura e esperta para fugir de um estuprador "doidão" e armado. Ela seria capaz de fugir do homem apenas por conseguir ir sozinha da escola para casa e havia esperimentado cola (era uma menina de periferia, mas isso não foi levado em conta).

Eu me pergunto então, porque entregar flores para as mulheres no dia 8 de março? Seria um pedido de desculpas? Não pelo que foi feito e ainda é feito, mas apenas pelo que aconteceu no dia 8 de março de 1857 em Nova Yorque? Pode ser que seja um lembrete: sua sexualidade me pertence e se vc for muito independente te chamarei de macho ou de promíscua e vc ainda ganhará menos que eu. Ou, pode ser que realmente o significado dessas flores não seja tão superficial assim e algumas pessoas queiram nos lembrar que a vida continua e que temos muitos motivos para comemorar e para lutar, apesar da morte das 130 mulheres em Nova Yorque.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Funcionando sob pressão!

Os dias andam muito corridos. Li metade de um livro de 700 páginas para o meu trabalho e na hora de escrever sobre ele não consigo nem lembrar porque o li. Um monte de dicas legais sobre outros blogs, acordo cheia de idéias para postar e na hora que me sento aqui, dá um branco.

Tenho que reescrever minha introdução e a minha conclusão, mas como? Eu sei o que está ruim, mas não sei o que por no lugar. Queria tanto falar de um assunto mais legal, banalidades, ou quem sabe até política. Mas nada. Estou quase escrevendo outra dissertação só sobre o tédio e a falta de inspiração. Já dois dias se passaram onde eu me dediquei a estudar e na hora de colocar o estudo no papel nada saiu. E eu estava indo tão bem. Vai ver que foi uma ilusão. Buá, buá!

Nessas horas uma mistura de raiva com frustração toma conta da gente. Penso em jogar tudo fora e começar de novo. Que se explodam os prazos, eu não ganho pra isso mesmo. Outra vontade que tenho e deixar tudo em stand by e ir tomar uma cerva, me esconder debaixo da coberta, tomar um café quentinho e assistir o Ben 10. Não pensar em nada, descançar o cérebro. Preciso de idéias e elas não vem! Vou fazer quem nem o Dali (não sei se isso é verdade, foi uma história que o meu irmão me contou), colocar um prato ao lado da cama e segurar uma colher na mão. Quando começar a pegar no sono e a colher tocar o prato eu escrevo a primeira coisa que passar na cabeça. Que tal?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O primeiro selo a gente nunca esquece!

Existem coisas que a gente não esquece quando perde ;), outras a gente não esquece quando ganha. Além das homenagens adoráveis que ganhei no meu post passado, uma foi um pouco mais especial - meu primeiro selo!



Sim! Eu ganhei um selo pq segundo a Glorinha, meu blog vicia que nem café. hehe. Bom, foi quase isso que ela disse. Mas vamos ao que importa. O premio dardos é dado pelo reconhecimento dos ideais de cada blogueiro, pela criatividade que ele demonstra através de seu pensamento. Como muita gente que eu pensaria em premiar já foi premidada e eu tenho que escolher as pessoas aqui e justificar, vou premiar 3 blogueiras poetisas e feministas.

A primeira que eu não posso deixar de premiar é uma menina nada comportada que escreve suas brochuras (no brochuras de uma menina nada comportada). Seu blog mistura utilidade pública, com divulgações úteis de uma feminista super imformada com um ativismo pungente que transborda em micro-contos, vídeos e histórias bem contadas da atualidade.

O segundo que eu não poderia deixar de colocar é tu não te moves de ti. Infelizmente pouco atualizado, o blog sempre traz a representação artística do poema colocado pela autora. A lírica intimista prende o leitor que se pergunta, quem é ela? O feminismo não é o tema, mas a poesia revela que ele não está de fora, é palimpsesticamente presente.

O último blog, Sobre sentir, foi uma boa surpresa que tive um dia de ter uma leitora que não conheço e não faço ideia de como veio parar aqui, mas a estética do seu blog, um mix urbano de fotografia, arte e poesia me cativaram. E por isso gostaria de compartilhar com vcs um pouco dele.

Acho que a premiação pode soar estranha para algumas delas, já que não comento com frequência em seus blogs, mas a surpresa é ótima, afinal, é o momento de lhes revelar que apesar de não comentar, estou sempre visitando e lendo seus blogs.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

28 primaveras! e daí?

Anteontem me perguntei porque detestava os meus aniversários. Teoricamente é quando o inferno astral acaba. Eu deveria gostar dele. Mas não é isso que acontece. Tem os traumas de infância, mas bom, eu não fico mais infeliz se no lugar de uma Barbie noiva eu ganhar a boneca da Xuxa, aquela acusada de vários assassinatos na nossa infância. Na verdade, eu não podia reclamar dos presentes.

Dentro das posses dos meus pais, eles faziam o possível para me agradar. Eu ganhava até presente extra por ser a melhor aluna da turma. Porque então eu não gostava dos meus aniversários? Acho que não gosto de ser o centro das atenções. Ainda por cima por um motivo bobo desses. Eu não escolhi o dia do meu nascimento, porque comemorar? Acho meio louco isso. A outra razão é pior ainda, comemorar por estar ficando mais velha?! Hein??? Não tenho medo da idade, mas a cada ano que passa tem ficado mais difícil dar pulinhos de alegria. Sabe como é, dor nas costas, varizes, LER...

Mas sei lá, todo mundo fica tão feliz em fazer aniversário que deve ter um bom motivo. Ganhar presentes? Acho que não. Não sei se já escrevi aqui, mas pra mim ganhar um presente é um trauma, quase igual ao do Sheldon, do Big Bang Theory. Além de me sentir obrigada a presentear as pessoas que me presenteam, eu tenho problemas com o que ganho. Não que eu não goste das coisas, mas é que sempre tem um problema. Se é roupa, não me cabe. Se é sapato, não me serve. Livro que é o que eu mais gosto de ganhar, pouca gente se arrisca em me dar. Adoro vale presente de livraria, mas acabo só ganhando trivialidades. Eu gosto delas, mas gostaria o mesmo tanto da companhia do presenteador numa boa conversa.

Mas se deixarmos tudo isso de lado, ganhar presentes não é realmente o problema. De fato, eu até gosto de ser lembrada. O que há de errado então? Eu realmente não sei. Ainda acho fazer aniversário estranho. Vai ver que passar por essa experiência uma vez por ano durante 28 anos não foi suficiente para me acostumar com ela. Vai ver que no fundo sou um bicho do mato escondido numa pele de intelectual.

domingo, 7 de novembro de 2010

A revista femina

Socorro! Não tem nada pior do que a famigerada revista feminina. Cada vez que surge uma nova sinto em mim uma pontada de esperança desesperada de encontrar algo além de moda, sexo e dicas de maquiagem. Realmente as propostas e propagandas estão longe desse clichê, mas basta abrir o plástico que a envolve para cair no velho “10 truques infalíveis para deixá-lo louco na cama”, “saiba o que usar nesse verão”, “dicas para deixar a chapinha de lado na hora de sair”... Ninguém merece! As revistas femininas são ‘Caprichos’ crescidas, nada mais. E não sei se só eu reparei, mas quase sempre as principais reportagens são escritas por homens. Aposto que nas editoras eles também devem ganhar mais que as colegAs.

Outra coisa engraçada é reparar que revista de mulher é revista de moda ou decoração. Revista de homem é de carro ou mulher pelada. E revista de política? Será que é para os dois?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A presidenta do Brasil

Quando eu estava na 7a série escrevi minha primeira redação no novo colégio, era um colégio de freiras. Eu escrevia muito bem nessa época. Foi antes da minha confusão mental se instalar de vez. Mas enfim, o tema da redação era criativo como sempre "O que você quer ser quando crescer". Era um tema difícil para mim, pois eu já havia parado de crescer. Entretanto, nessa época, meu interesse por política já havia começado a se manifestar. Meu irmão estava no primeiro ano do 2o grau (era esse o nome na época) e como era a primeira vez que um de nós estudava num colégio laico, ele estava bem animado com a possibilidade de expressar a própria opinião. Nós conversávamos bastante e eu começava a conhecer por alto várias teorias políticas por intermédio dele.

Quando vi um tema assim tão batido me inspirei e escrevi "Quero ser presidente do Brasil". Depois de entregar a redação eu fiquei com vergonha. Parecia coisa de primário escrever isso. Eu justifiquei na redação o porque queria ser presidente "para que as pessoas tivessem liberdade de expressar suas opiniões, acabar com a pobreza..." Eram coisas meio óbvias, mas era onde minha compreensão atingia. Mas acho que foi um bom texto, porque tirei nota máxima. No dia de entregar a redação corrigida a irmã que era professora de português me chamou depois da aula para conversar comigo porque eu estava conversando durante a aula dela.

Fiquei com medo de ser mandada para diretoria. Eu era muito nerd. Ela então me disse uma coisa que eu nunca mais esqueci. "Você acha que isso é postura de alguém que quer ser presidente do Brasil?". Sabe o que eu respondi a ela? "Acho que não, irmã. Mas eu não quero mais ser presidente do Brasil, acho que nenhuma mulher vai conseguir". Eu me senti ridícula na hora. Nem percebi que a irmã estava tentando me incentivar.

Mesmo com todos os poréns que vejo hoje, só posso dizer:

Obrigada, Dilma!

Agora toda menina pode sonhar em ser presidente do Brasil sem se sentir ridícula.