quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O primeiro poema que decorei

Além de "batatinha quando nasce", era um poema francês do Paul Verlaine. Esse poema ainda está na minha memória, pois é muito melódico. Infelizmente muito melancólico também. Acho os franceses em matéria de poesia, muito melancólicos. Mas sabe, a saudade é algo melancólico.

Chanson d'automne

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Minha tradução livre

Canção do outono

A balada longa
Dos violinos de outono
Ferem meu coração
De uma languidez
Monótona

Tão sufocante
e pálida, quando
soa a hora
Eu me lembro
Dos dias passados
E eu choro

E eu me vou
à ventania
Que me leva
daqui e delá
parece uma
folha morta

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dando murro no molhado, chovendo em ponta de faca

Existem pessoas que são intransigentes ao extremo. Nem o melhor retórioco do universo é capaz de convencê-las. Isso porque assim que começam um diálogo essas pessoas já tem em mente tudo o que irão falar. Sendo assim, elas não te ouvem pois correm o risco de esquecer aquilo que tem em mente. Esse comportamento pode ser fruto de uma capacidade de raciocínio meio lenta, algo que pode prejudicar o desempenho em um debate ou discussão. É compreensível, mas nem por isso aceitável, afinal, falar sem ouvir é perder a discussão sem nem mesmo começar. Dar bom dia a cavalo e achar que está na câmara dos Lordes.

Enfim, outro motivo para esse comportamento, muito comum também em adolescentes, é uma maneira de ver o mundo centrada apenas na própria perspectiva. Algo como "se eu penso isso, isso está certo, logo é isso e pronto!". Essa linha de raciocínio se estende por todo o debate, muitas vezes mudando de ordem. A pessoa pode dizer que está certo porque ela pensa assim e se ela pensa isso isso é o certo e etc. O desafio é então dizer pra pessoa que por mais que ela nunca entenda que está errada, ela está errada e pronto. Mas tal coisa é impossível, pois isso é seguir a mesma linha de raciocínio ou uma semelhante a dela. O melhor seria então parar de falar com essa pessoa, afinal, pessoas assim são extremamente irritantes, pedantes e incômodas. Não acrescentam nada e ainda nos fazem perder tempo.

Infelizmente, vez ou outra na vida somos desafiados com a difícil tarefa de conversar com tipos assim. Eu confesso que evito ao máximo, mas como muitas pessoas do meu convívio familiar apresentam esse comportamento, vou dar algumas dicas que poderão ajudar. Vou chamá-las de soluções, afinal, ter que conversar com alguém assim é um problema:

Solução número 1: fale algo do que a pessoa não quer ouvir a respeito do assunto mas da qual ela não pode se esquivar, de preferência em público, como se não fosse uma alfinetada. A falha desse método é que ele rende apenas algumas frases e não inicia o diálogo, mas deixa você com a feliz sensação de Pilatos: "eu tentei falar, ela não quis me ouvir, agora eu lavo minhas mãos". Contudo, tendo em vista que pessoas assim são extremamente egoístas, são capazes de matar Jesus e colocarem a culpa em você, pois podem entender que você deveria ter alertado da forma que ELAS queriam. Logo, a culpa é sua, afinal, elas sempre agem de má-fé.

Solução número 2 (essa serve apenas para aqueles que não se condoem em manipular os outros, infelizmente não é o meu caso): Pessoas egoístas são extremamente vaidosas, afinal, o mundo gira em torno delas, elas só podem mesmo ser o máximo. Elogie-a naquilo de que ela mais se orgulha. Saber isso é muito fácil, qualquer conversa de 10 minutos com alguém assim vc pode descobrir isso, pois essas pessoas só falam de si mesmas e dos outros em relação a elas. Depois de elogios (vc deve ser sutil, a pessoa é egoísta e não burra) bem dados no calcanhar de Aquiles o inimigo está pronto para ter implantada a idéia que deseja. Ah, mas cuidado, para uma maior eficácia, dilua a idéia em meio aos elogios, desse modo a autoria nunca pesará sobre vc e consequentemente nenhuma acusação absurda.

Solução n°3: CORRA!

Solução n°4 (no caso da 3 ser impossível): Retire essa pessoa do seu hall de importância e convivência. Tenha apenas conversas superficiais com ela. Acredite, ela não tem nada a acrescentar. Não leve o que ela pensa em consideração e não perca seu tempo tentando alertá-la, aconselhá-la. Não fale de vc para ela, do que sente e do que pensa, ela interpretará como uma agressão pessoal, afinal, vc não está falando dela.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vai tudo para o estomago

Eu não gosto de usar expressões estrangeiras, acho minha língua muito rica. Mas existem muitas pessoas que tem pouco conhecimento da própria língua e preferem usar expressões estrangeiras para falar algo quando temos expressões perfeitamente cabíveis a todas as situações.

Por exemplo: eu acho que sentimos a maior parte das emoções no estômago. Hoje em dia tem um tal de falar "borboletas no estômago (ou na barriga)". O que pra mim sempre foi um "frio na barriga". Um nervoso pode causar o frio na barriga e vc sua frio... É mais ou menos assim que eu estou me sentindo. Há vinte dias separada da minha cara-metade, me metendo onde não sou chamada, sendo arranhada pelo gato filhote de minha irmã, eu me preparo para ir enfim para a Suécia.

Eu sempre tive vontade de passar um tempo fora do país. Acho até que me divertiria saindo da minha cidade. Quando fazia terapia a minha psicóloga disse que eu estava tentado fugir dos meus problemas. Eu disse para ela que eu não tinha como resolve-los e nunca mais voltei. Acho que mudar não significa fugir. Mas enfim, eu estou sentindo um friozinho na barriga. Tem um monte de malas e roupas em cima da minha cama. Eu não sei direito o que levar, o que comprar, o que deixar... É sempre uma dúvida cruel. O mais difícil é escolher o material de trabalho. Sim, pq se eu não escrever meus artigos, provavelmente não terei trabalho quando voltar.

Estou ansiosa também. Acho que vai ser divertido, mas é ficar um ano longe de tudo que é familiar. Quantas coisas diferentes eu não conhecerei? Eu queria já estar lá, mas paciência. O jeito é esperar e fazer o estômago saber administrar todas essas emoções.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Em suspenso

Nunca pensei que esse "entre estado", "entre países" fosse tão ruim. Mudar é ruim, mas ficar sem lugar é pior. Eu tinha uma casa, minha vida, minhas manias... Eu podia decidir onde colocar as coisas, como arrumar, como e quando limpar. Tinha uma pessoa maravilhosa comigo que me ouvia e me respeitava, até mesmo aquela neura boba de dobrar a toalha de um certo modo pra guardar.

Ficar de visita na casa dos outros é uma delícia (dependendo de quem nos hospeda), mas ficar de favor é um pouco diferente. Por mais que a pessoa seja um doce é sempre uma situação desconfortável, no mínimo estranha. Digo isso principalmente pq eu já tive uma casa só pra mim.

Voltar pra casa dos pais é sempre estranho. Infelizmente pra mim essa é a segunda vez. Os nossos pais sempre nos tratam como sempre trataram: como crianças (pq pra eles, criança é sinônimo de filho). Vc muda, mas eles acham que não, que vc vai ser sempre aquela pessoa que tinha medo da máquina de lavar quando tinha 2 anos de idade e que isso define pra sempre a pessoa que vc é. Acho que do ponto de vista filosófico, os pais serão sempre deterministas.

Não adianta tentar impor respeito, sempre volta o argumento do "você sempre foi assim, igual á sua avó, ao seu pai, ao seu tio chato...". E por assim vai. Na melhor das hipóteses, "eu vivi mais do que você, tenho mais experiência e portanto o que eu falo é lei!". Bom, carros velhos são mais rodados e nem por isso melhores. Hoje em dia já sabemos coisas que não sabíamos antes, como a terra é redonda, não estamos apoiados em cima de uma tartaruga gigante e manteiga faz um mal da porra, mas é uma delícia!

Mas fazer o que? Conflito de gerações é algo que dura a gerações. Ruim mesmo é quando sua irmã mais nova é de outra geração e nessa, numa mesma casa temos 3 gerações diferentes e eu nem estou na minha casa. Acho que voi gostar mais do choque cultural, ele parece render mais histórias engraçadas.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Suas roupas dizem tudo sobre você, sua pervertida!

Outro dia desses estava conversando com uma amiga minha que voltou da Índia há pouco tempo. Ela foi estudar aquela medicina lá q eu não sei escrever o nome e mais um monte de outras coisas. Mas foi um pouco complicado viajar sozinha por lá. Os indianos são muito machistas. Ela tinha que se fingir de mulher casada. No caso da Índia era usar muita, mas muita roupa, além dos outros acessórios que significam que uma mulher é casada. Perguntei a essa minha amiga o que aconteceria se ela não se fantasiasse. Ela respondeu que poderia ser atacada na rua.

Depois dessa conversa, andei pensando em como a vestimenta feminina é uma coisa complicada. Aqui no Brasil, já ouvi muitos homens reclamarem que as mulheres podem entrar de chinelo e saia em muitos ambientes públicos emquando eles devem ir de sapato e calça. Na verdade, é o próprio machismo que autoriza essa "brecha", afinal, as mulheres vão para serem admiradas. Algumas, só conseguem algo se mostrarem os peitos e as pernas. Ao mesmo tempo, isso é muito ruim para as mulheres pois é uma forma "velada" de exploração sexual (mesmo que seja fetichista, em alguns casos, sabemos que as mulheres acabam mesmo indo as vias de fato para conseguir alguma vantagem). Outras vezes, porém, mulheres estupradas e violentadas não recebem o tratamento justo por parte das autoridades por que ou estavam se insinuando ou usavam roupas provocantes, o que justificaria o estupro ou a violência. Parece estar tudo ligado. A mulher é um bombom embrulhado que no fundo todos que olham querem comer. Se não está embalada ou na caixinha de outro está automaticamente autorizando qq um a ir lá e dar uma abocanhada.

Mas não se iluda, mais roupa também não vai te deixar em paz. Eu disse que muitas vezes nos casos de estupro a "atitude" insinuativa também depõe a favor do estuprador. Afinal, coitadinho do cara, né, ele estava lá e de repente passa uma mulher sorrindo (talvez pq acabou de ouvir uma piada), é claro que ela tá dando mole pra ele! No países árabes mostrar o cabelo é equivalente a andar de mini-saia. Eu me pergunto: o que devemos usar para andarmos tranquilas nas ruas? Uma roupa de apicultor? Ou será que o Estado deve garantir a nossa segurança e dizer pro bandido que se a mulher está sorrindo de biquini isso não é motivo para agarrá-la e estuprá-la pq estupro é crime?