sexta-feira, 27 de novembro de 2009



http://vidberg.blog.lemonde.fr/2009/11/27/journee-speciale-blogueurs-sur-lemondefr/

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Je regrette...

Mas acho que vou ficar um bom tempo sem postar algo legal ou até mesmo algo no meu bloguim. Estou com uma tendinite (eu acho que é) que tem deixado minha mão direita e meu antebraço duros e doloridos. Como ainda não tive tempo (é incrivelmente é verdade) para ir ao médico e tenho muito trabalho para fazer tenho que escolher entre o blog ou fechar as disciplinas. Sorry, vcs perderam (eu mais ainda). Mas é temporário. Uma hora eu volto. Mas vou continuar lendo todos os blogs coados que sempre leio.

Bjocas!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Bíblia é um livro de fábulas

Acreditar piamente na imutabilidade de um livro que desde o princípio vem sendo acrescido ou desprovido de pedaços ao bel prazer dos líderes religiosos é certamente paradoxal.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Brasil assombrado pelos demônios

A PLC 122, projeto que prevê a punição para crimes de descriminação contra diversos grupos, está dando o que falar. No site do centro de mídia independente existe até um artigo tratando da posição dos evangélicos fundamentalistas contra o texto. A discussão é tão acirrada que ao procurar o texto da lei na internet tive uma certa dificuldade em encontrá-lo pois havia uma enxurrada de sites fundamentalistas pregando que a lei não pode de jeito nenhum ser aprovada.

A questão principal gira em torno de dois artigos, o 8 e o 20 (não tenho os símbolos legais no teclado). O primeiro (8) prevê reclusão de 2 a 5 anos para aquele que proibir a livre manifestação de afetividade do homossexual quando esta é permitida aos demais cidadãos, ou seja, se aos heterossexuais é permitido andar de mãos dadas (e/ou etc), aos outros também será. Se não, não. O segundo (20)"Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero: Parágrafo 5º: o disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de *ordem moral, ética, filosófica ou psicológica*".

Eu não consigo ver nada demais na lei. Os evangélicos estão atacados talvez por não poderem mais incitar o ódio ou a doença homossexual. Seria o fim da intolerância entre eles? Claro que não. A lei apenas protege o homossexual, mas todos sabemos que os evangélicos continuarão condenar a prática homossexual de outras formas. Todos sabemos que apenas a lei não é suficiente para mudar a sociedade, mas a recusa em aprovar a lei por 49% da sociedade é realmente a constatação da cegueira e da intransigência desses grupos, uma volta à Idade Média. "Bruxas e homossexuais na fogueira!".

Inclusive eu alerto que à lei foram sugeridas modificações pelos grupos radicais evangélicos que alteram justamente esses dois artigos sobrando aqueles que defendem a manifestação religiosa (além da proíbição da discriminação de cor, gênero, etnia...). Fica claro que eles usam da força para se beneficiarem prejudicando assim os homossexuais. Pois se sua discriminação não for mais proíbida nas formas descritas no artigo 20 a lei não tem razão de ser.

As justificativas desses grupos revelam que no fundo eles tem mais medo de perderem o direito de serem intolerantes e preconceituosos do que realmente o "fim da liberdade de expressão". Eu aconselho a todos que leiam o texto da lei e vejam realmente se existe algo preconceituoso nela. Acho um absurdo e um crime essa resistência. É um passo para trás. Como eles pode querer manter algo na vida real que conseguiu ser descrito na lei com o nome de "prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica"? Quer dizer que em nome da continuidade de uma prática dessas esses cidadãos conseguem alegar que a aprovação de uma lei dessas seria uma "mordaça gay" ou uma "ditadura gay" onde eles não teriam direitos?! E quantos direitos os grupos LGTB tem hoje?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um brinde:

A Darwin e Galileu! Cá entre nós, quero brindar ao Dawkins!
Um brinde ao meu direito de ser atéia!
E todas as descobertas científicas dos ateus hereges!
Viva a nós!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Conselhos, advertências ou pragas?

"Se conselho fosse bom ninguém dava, vendia". Quem nunca ouviu essa frase ou nunca a repetiu que dê o primeiro conselho. Eu confesso que sou uma pessoa que gosta de dar conselhos. Talvez tenha alguma relação com o meu jeito de observar e compreender as coisas. Muitas vezes isso me atrapalha, pois acabo falando exatamente aquilo que a pessoa não quer ouvir, sabe, mas não quer ouvir. Mas eu juro que me policio. Tento esperar algum tipo de pedido ou uma brecha. Afinal, quem já leu pelo menos a introdução de qualquer livro de auto-ajuda sabe que "só se ajuda quem quer ser ajudado".

Eu entendo muito bem o sentimento que move aqueles que resolvem aconselhar. Mas não é só de boa vontade que recebemos conselhos. Existem aqueles mal intencionados mesmo. Alguns são movidos por inveja e esses são os piores. Por exemplo, quando comprei minha moto ouvia muitos conselhos. Alguns eu até achava bonitinhos e bem intencionados. Eram mulheres mais velhas que me aconselhavam a ter cuidado porque tinham muito medo que seus filhos andassem de moto e não queriam que acontecesse nada comigo. Mas outros eu simplesmente tinha vontade de responder "Você não tem vergonha de falar isso pra mim?". Era gente que ao me aconselhar praticamente estava dizendo "Você vai morrer nessa moto, eu odeio motoqueiros". Tinha ainda os inoscentes que falavam "Porque você não compra um carro?". Claro! Porque eu não pensei nisso antes? A minha moto custou 5 mil, um carro fubazento custa uns 15 e ainda tem que pagar seguro, gasolina e ipva. É realmente pra mim é uma questão de escolha. As pessoas simplesmente não entendiam que pela quantidade de trabalho que eu tinha não podia depender de ônibus e pelo apoio familiar e financeiro não podia comprar um carro.

Mas existem conselhos que são verdadeiras alfinetadas. Desde que casei ganhei uns quilinhos a mais que tento perder desde então. Mas antigamente só falava, hoje em dia resolvi malhar e começar uma dieta com o nutricionista também porque estou me alimentando mal e o meu sedentarismo começou a atrapalhar bastante a minha vida. Bom, ao comentar isso com uma turma mais "chegada", uma das alunas fez o seguinte comentário "Você não está grávida não?". Detalhe, tem um ano que ganhei esses quilinhos, acho q o bebê já teria nascido, não? Mas para não ser mal educada respondi que tomava anticoncepcional há mais de 8 anos e que estava com minha menstruação regular (afinal, era realmente uma turma bem chegada de mais de 4 anos). Não satisfeita com a minha resposta a aluna continua: "A minha irmã,quando tava grávida só descobriu com 5 meses porque estava menstruando normalmente". Aí eu não aguentei, afinal ela queria me engravidar não sei porquê. Respondi "Não, eu não estou grávida, estou gorda." Incrivelmente nessa hora eu vi um leve sorriso malicioso no canto da boca da aluna. Eu entendi que ela queria me ver irritada e um pouco perturbada.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

E eu com isso?...

Acho que muitos dos meus leitores (imaginários, ideais ou reais) sabem que sou professora. Assumi recentemente um posto na universidade, provisóprio, ou seja, substituto. Mas perante aos alunos temos o mesmo status de um professor qualquer. Acredito então, que passo pelos mesmos problemas de meus colegas mais experiêntes.

Sei que esse assunto é recorrente no meu blog, mas é que eu ando descobrindo muito sobre o bicho-humano no dia a dia do meu métier. Ontem, por exemplo, fui pega de surpresa por uma aluna que talvez tenha se esquecido de como se portar em sala de aula ou talvez tenha se esquecido de que estava na universidade e não na terceira série. Faço essa comparação porque acho que é a que melhor se encaixa no fato que vou relatar em breve. A professora da terceira série não é apenas a professora, é a "tia". Aquela que você gosta mesmo que não goste muito de estudar. A quem quer presentear no dia dos professores e com quem tem até uma relação semelhante a que se tem com uma tia querida (ou odiada, em alguns casos). Mas o importante é que ela, a "tia", é com certeza, uma pessoa importante na sua vida.

Onde quero chegar? Bom, eu realmente não sabia o que fazer com uma aluna de quase dois metros de altura, parecendo ser bem mais velha do que eu, toda dona de si, que chega para mim no início da aula aos prantos e começa a me contar os dramas da vida dela. Posso soar até um pouco seca e cruel, mas o que eu deveria fazer com a criatura? A situação era a seguinte: Ela estava de atestado pois sofreu um acidente de carro sério. Eu aliviei a barra dela e disse para que em entregasse os exercícios por e-mail quando pudesse e converssasse comigo a respeito da prova, se estaria ou não apta a fazê-la e etc. Bom, eu acho que fui bastante razoável e, na ocasião, ela me pareceu bastante feliz com a sugestão. Nunca mais apareceu na aula. Pensei que estivesse ainda impossibilitada. No dia do "incidente" eu ia aplicar a famigerada prova na turma dela.

Gostaria de fazer um parênteses: eu sou humana e tenho problemas. Isso quer dizer que eu não estava num bom dia. Além disso, a proximidade do meu aniversário (odeio o meu aniversãrio). Eu ainda estou sem saber se vou continuar no posto ano que vem ou não e isso me deixa tensa, afinal, perco um tempo que não tenho com essas aulas. Para melhorar, tenho dois artigos atrasados para entregar e nenhum tempo para começar a escrevê-los (tem muitas coisas a serem lidas). E nesse dia chovia muito quando saí de casa e eu não tenho carro nem guarda-chuva. Quando tudo se resolveu e eu cheguei no trabalho (imagine o meu bom humor?) essa moça começa a chorar na minha frente. Eu não sabia o que fazer, então disse: "Tudo bem, vc pode fazer a prova depois, não precisa se estressar". Mas ela parecia não me escutar. Ficou mais de 20 minutos chorando na minha frente. Eu nem me importaria se estivesse num dia qualquer, mas eu estava uma pilha e não queria conversar com ninguém. O pior pra mim foi descobrir que o drama todo era porque os pais da criatura estavam se separando depois de mais de vinte anos de casamento e bibibi e bobobó.

Aí meu sangue subiu à cabeça e uma vontade louca de falar "E eu com isso?" me dominou e eu tentei muito fazer isso transparecer no meu olhar, mas não consegui. (essa é a parte que eu pareço uma escrota). Mas vou me justificar: Eu entendo que a separação dos pais é sempre traumática mesmo quando tranquila. É quase um choque de realidade no "eles foram felizes para sempre", mas espera-se que a situação seja mais difícil para pessoas mais novas. Eu comecei então a ser prática, já que a moça me parecia descontrala. Perguntei se queria tomar uma água, se queria sair um pouco da sala para arejar a cabeça e etc. Mas NADA surtia efeito. Eu entendi então que ela estava atrás da figura da tia. Queria um colinho pra chorar, alguém que dissesse para ela "coitadinha, como sofre!".

Só que ela escolheu a tia errada no dia errado. Eu sempre achei ridículo gente que supervaloriza o sofrimento. Eu gosto de gente que tenta ser forte (não precisa conseguir). Não gosto de pessoas que procurem a piedade alheia. Se ela me pedisse qualquer coisa apenas dizendo, com o mesmo olhar choroso que estava, que tinha problemas familiares sérios eu acataria na hora. Mas ela não me disse nada. No final acabou dizendo que queria ficar fora de casa pq o clima lá tava ruim. Mas pq então ela foi para a sala de aula? Para que atrapalhar a da turma toda? Se queria ficar lá, que me dissesse então "Professora, eu queria ficar na sala lendo os textos, mas não tenho condição de fazer a prova, estou passando por problemas". Isso eu também ia achar ridículo, mas não me irritaria tanto quanto o pranto despropositado da moça. Para melhorar a situação ela não me deixava sair daquela conversa. A sala cheia em dia de prova e ela chorando e querendo desabafar. Fazer essa criatura decidir se sentar e perceber que a vida continua, mesmo com os pais se separando, foi uma dificuldade. E para melhorar, quando entreguei as provas, descobri que faltavam dois terços das cópias que havia mandado fazer para as turmas. Eu não pude deixar de pensar que se essa aluna não me tivesse retido por tanto tempo eu teria conseguido resolver o problema a tempo.

Onde eu quero chegar? Eu não sei porque cargas d'água essa beldade escolheu logo a mim para fazer esse desabafo, mas não é a primeira. As vezes eu tenho vontade de dizer "Eu não estou sendo legal, estou apenas fazendo a minha obrigação". Outras tantas eu tenho vontade de dizer "Aula com terapia é mais caro!". J'en ai marre! Eu não sei lidar direito nem com os meus problemas, tento fugir deles ao máximo e depois tenho que lidar com alunos que querem que eu "compartilhe" dos deles? Tem base? Só para ficar ainda mais claro (se é que alguém conseguiu chegar até aqui sem morrer de tédio), a separação dos meus pais foi um inferno. Mas eu chorava com os meus amigos, com os meus irmãos, com a psicóloga (anos depois quando tive grana pra pagar). Eles chegaram ao ponto de se processarem na justiça com direito a distância mínima que um podia ficar do outro e etc. O meu pai morreu e eu ainda ouço todo o rancor da minha mãe por ele escorrendo da boca dela quase todas as vezes que falo com ela. Agora me pergunta se na época, eu, que estava fazendo cursinho, pedi para o cara do cespe não me aplicar a prova e ficar me ouvindo chorar? No fundo eu até queria ser sem noção como essa moça e achar que todo mundo pode sentir pena de mim, mas infelizmente eu ganhei algo que ela, pelo visto não ganhou - experiência de vida. E um pouco de café amargo também, se é que me entendem.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Os intolerantes se cercam de mentiras

Chega a ser angustiante a intolerância. Não aceitar e aceitar a mentira. Não controlamos nem um décimo dos nossos impulsos. Como podemos então esperar que outros se sujeitem a nossa vontade? Estupidez?

A intolerância é cega. Viver cercado de intolerância é um denso e escuro poço. Mesmo quando não intolerante a intolerância é do tipo que contamina os felizes. A intolerância aprisiona o amor, a tranquilidade e a paz. É impossível ser pleno na presença de um intolerante. Sobretudo quando se é uma alma com necessidade de expandir-se, expressar-se. A angústia cresce, a ansiedade se espalha e ao ver a cegueira enorme do intolerante tem-se muitas vezes a certeza de que uma barreira intransponível existe entre dois seres.

O intolerante nunca o enxergará. Ele somente vê seu próprio reflexo mais ou menos nítido em você. Quanto mais distante da sua imagem mais imperfeito aos seus olhos o outro se torna. Não adianta gritar. Ele gritará mais alto pois a intolerância amplia a voz tal um megafone transbordante de falsas verdades nervosas de tanto mentirem a mesma verdade. A voz da intolerância é muito mais forte que qualquer razão.

Como poderia o intolerante escutar o eco fraco e rouco daquele que inutilmente tenta alertá-lo? Nem a morte cura tal doença. Pior que um câncer ela contamina todos os órgãos do corpo começando pelo cérebro depois olhos e coração. Nem a apática resignação alheia é capaz de alertá-lo e nem para seus mortos o intolerante reserva a paz própria do findar. O intolerante é um enorme buraco negro do qual não se pode escapar. Mesmo fugindo sabe-se que ele se espandirá até alcançá-lo não importa onde pois seu ser é conhecido. Escarpar-se dele seria possível se o ignorasse, mas como não saber o intolerante sem sê-lo?