domingo, 30 de setembro de 2012

As relações de poder no trânsito de Brasília

E a minha cabeça cheia de idéias que precisam abrir espaço para coisas mais "importantes" no momento.

Ah, só uma observação às amigas blogueiras: finalmente recebi minha primeira trolada!!! Tô virando celebridade! hehehe

Eu estava pensando com os meu botões depois de ler livros e mais artigos num dia normal de estudo, quando, ao atravessar a rua para ir na papelaria eu quase morri. O sinal estava verde pra mim e eu fui indo. Mas aqui em Brasília, os motoristas são muito criativos, e especialistas em inventar vagas. Tinha um carro parado imediatamente antes da faixa de pedestre que que fica embaixo do sinal, encostado no meio fio. Eu tenho 1,52m, sou mais baixa que muito carro, ou seja, o cara não viu que eu já estava atravessando a faixa e como esse semáforo é só para os pedestres atravessarem a rua e não tinha "ninguém" e ele não ia correr o risco de bater em outro carro, acelerou e foi. Eu também não vi o carro. Sabe como é, nem sempre o fato de não vermos algo quer dizer que ele também não nos vê, mas dessa vez era verdade, não nos víamos mutuamente.

Para minha sorte, da minha família e de meus amigos, eu parei por um instante, antes de entrar no campo aberto, para pensar se havia ou não colocado no pendrive todos os arquivos que precisava imprimir. Como diria Raulzito, "quem pensa, pensa melhor parado". O carro praticamente raspou no meu nariz. Eu estava tão concentrada que só fui sentir o peso do quase ocorrido, quando cheguei ao outro lado da rua e as pessoas que estavam lanchando na padaria me olhavam espantadas.

Daí eu comecei a pensar porque esse imbecil não parou ou diminuiu a velocidade para se certificar de que não tinha ninguém atravessando a rua. Só tem mesmo uma resposta: porque ele estada DE CARRO! No código de trânsito está escrito que os veículos maiores são responsáveis pela segurança dos menores e TODOS são responsáveis pela segurança dos pedestre. Isso é obvio, e poderia ser visto somente em relação ao peso e à física mecânica (eu acho) das colisões.

Mas o que eu acho mesmo é que rola toda uma outra lógica no trânsito. Quanto mais caro o carro, mais intocável se acha o motorista. O tamanho importa também. Mas ainda mais importante é que nessa relação carro pedestre, o pedestre sai sempre perdendo. Eu tenho dificuldade de entender porque parece que o motorista está numa espécie de relação simbiótica com o carro, mas quando sair dele, vai ser um reles pedestre. Será que é por isso então que aqui em Brasília todo mundo faz o possível e o impossível para estacionar na porta dos lugares? Será que antes da pura e simples preguiça de andar, o medo maior e se misturar com a plebe que não tem carruagens?


sábado, 15 de setembro de 2012

Dos critérios subjetivos

Como o povo que passa por aqui de vez em quando já deve saber, eu estou tentando passar na seleção do doutorado. Virar doutora sem OAB, arma nem estetoscópio. No processo, para lá de moroso, devo apresentar uma carta de intenções. Mas intenções é uma palavra para lá de ampla. Eu tenho que dizer o tempo disponível para cursar o doutorado. Okay, fácil, estou desempregada, então, 100%. Mas das intenções, o que dizer?

Obviamente, todos sabem que quero virar doutora, senão não tinha me inscrito. Mas por quê? Duro de responder. Porque eu quero trabalhar na academia, dar aula na graduação, trabalhar com temas mais complexos, alunos um pouco mais pensantes, textos instigantes. Eu poderia continuar na Literatura, mas para mim ela já deu o que tinha que dar. Eu não quero ser uma super crítica literária. Tô mais a fim de entender o crise do cuidado, o impasse entre os sexos na sociedade moderna.

Mas o que responder para ser aceita? Mentir, contar histórias, ser formal ou informal? Posso ser criativa ou devo ir direto ao ponto? Como convencê-los de que tenho "feeling" para coisa? Como escolher, num rol de intenções quais são as mais apropriadas? Devo fazer um breve resumo de meu percurso acadêmico? Coloco ou não coloco um Foucault? Um, ele é meio clichê... Antônio Candido era sociólogo de formação e se bandeou para a Literatura. Será que me comparo a ele e digo estar fazendo o caminho inverso? Tantas dúvidas...

Queria que a resposta estivesse hoje no final de uma garrafa de cerveja bem gelada para espantar esse calor.