quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Proselitista é a lei

"Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo." (LDB)

Eu acho um absurdo o ensino religioso ser obrigatório. Não importa qual seja a religião em foco. A importância da religião na vida das pessoas e pessoal e relativa. Ensinar isso na escola já é algo tendencioso. A religião não deveria interferir na vida em sociedade. Já basta esse bando de político retrógado proibindo pesquisas e interferindo na ciência com argumentos puramente religiosos ainda temos que ensinar as nossas crianças que a religião é importante para a sua formação. Melhor ensinar direito constitucional.

Posso estar parecendo radical, mas atente ao exemplo: Considerando religião numa definição bem simplista da wikipédia "A Religião (do latim: "religio" usado na Vulgata, que significa "prestar culto a uma divindade", “ligar novamente", ou simplesmente "religar") pode ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que alguns humanos consideram como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças."

Se vc partir do pressuposto de que a família é uma das maiores responsáveis pela educação religiosa da criança e se os pais dela não acreditam e nada divino ou sobrenatural a escola não deveria respeitar a crença da família? A educação religiosa tem que entrar no currículo somente naquilo onde influenciou na história dos povos que compõe a nossa identidade. A própria lei fala de proselitismo, mas para mim tornar o ensino religioso como uma matéria separada e obrigatória já é proselitismo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O mundo vai acabar!

Se os gauleses temiam somente que o céu caísse sobre suas cabeças eu temo quando a terra das duas estações, a seca e a chuvosa, passa a ter só uma. E para a nossa sorte, seja ela boa ou má, me parece que a seca é que vai ser a nossa única estação. Ai ai! Porque em Brasília não tem "frescão"?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Eu também vou reclamar!

Estou adotando uma nova postura. A da reclamação. Vou reclamar os meus direitos publicamente como cidadã brasileira. Eu estou vendendo a minha moto, por problemas que tenciono explicar aqui posteriormente de forma mais detalhada, e portanto tenho que me sujeitar ao árduo sacrifício de andar de ônibus em Brasília. Além do preço exorbitante da passagem e da ausência completa de políticas que me beneficiem nesse quesito (eu não sou formalmente estudante ou funcionária de empresa ou órgão público e autônomos não tem desconto em passagem nem qualquer coisa semelhante) eu ainda sou obrigada a conviver com a hipocrisia e os maus tratos por conta das empresas.

Não sei se alguém já reparou que os motoristas de ônibus são tão ou mais imprudentes que os de carro. Eles aceleram no sinal vermelho, andam e fila tripla, nunca respeitam a faixa deles, param fora da parada, andam acima do limite de velocidade parando nos pardais proporcionando aos passageiros a "agradável" experiência chamada "como os porcos se sentem no caminhão de carga". Outra experiência proporcionada aos passageiros é o "curso rápido para aspirantes a dublês que pulam de veículos em movimento", devido ao fato de que se você não desce correndo pode ficar estatelado na calçada pois o motorista sempre arranca quando vê que você colocou um pé na rua.

Poderia citar, ou reclamar de mais uma infinidade de coisas, mas o que eu acho absurdo é essa imposição sob quatro rodas. Quem não tem carro em Brasília sofre tanto que acaba fazendo de tudo para comprar um e passar mais tempo dentro dele torrando no sol quente em engarrafamentos cada vez mais frequentes. Tudo isso para evitar os cursos e experiências acima mencionados ou então evitar o deterioramento considerável da audição causado pelo barulho do motor dos "super" ônibus de Brasília. Mas o brasiliense pode simplesmente querer não ter que se sujeitar a humilhação de ter que andar nesse transporte público ridículo.

Vi durante algum tempo propagandas na tevê que diziam que o governo comprou 300 novos ônibus para frota e ainda ia comprar mais. Ora, quem anda de ônibus sabe muito bem que isso era só o que estava faltando, que os ônibus velhos iam continuar a rodar. E nem sei mesmo se compraram novos pois quando você vê aquele baú bonitinho, limpinho, muitas vezes quando entra nele percebe que só trocaram a carcaça.

Sei que muitos de vocês tem carro, mas pensem na economia que fariam, mesmo com essa passagem exorbitante, se deixassem de pagar seguro + ipva + combustível + estacionamento. Se existisse uma rede de linhas de metrô no lugar de UMA linha e ônibus que fizessem, por exemplo o trajeto trasversal entre as vias paralelas de Brasília onde você pagasse só uma passagem e fizesse algo chamado "conexão", não seria possível dispensar o carro pelo menos durante a semana? Melhor ainda, se o transporte aqui fosse bom você poderia continar tomanda uma cervejinha no bar sem se preocupar com a lei seca pois poderia voltar de ônibus ou metrô para casa. Isso sem deixar de falar no seu bom humor sabendo que não precisa procurar vaga no setor comercial ou no Pátio.

Não seria bom se o governo cumprisse a OBRIGAÇÃO dele de garantir o nosso DIREITO a um transporte público de qualidade pelo qual pagamos uma dezena de impostos direta e indiretamente?

Mudanças

Texto velho inédito!

Ouvi diversas vezes as pessoas dizendo que "reclamar não adianta nada" ou que falar de política é inútil pois os políticos nunca vão mudar. Durante algum tempo, eu mesma segui essa postura pessimista.

Mas os acontecimentos podem abrir nosso campo de visão para uma saída. Eu começo a pensar que o brasileiro (e principalmente o brasiliense) tem que mudar de postura. Nós somos muito passivos e acreditamos demais na mídia sem uma prévia reflexão. O povo tem que fazer valer os seus DIREITOS, porque os deveres são devidamente impostos e cobrados do governo.

Está na hora de tentar ir atrás da contrapartida. Parece muito ingênuo ou pseudo-revolucionário usar esses termos, mas o discurso é velho, a postura é que é nova. O novo cidadão tem armas eficientes e pretendo me valer de uma delas, a internet.

Só para exemplificar, outro dia estava tentando atravessar a rua de mão dupla que dá para entrada da garagem de um shopping center e como o fluxo de carros era grande, estava esperando a algum tempo. Continuei esperando e me dei conta que alguns carros pareciam acelerar quando viam que eu tencionava atravessar a rua. Não existia faixa de pedestre nessa rua em parte alguma da sua extensão. Um dado momento o fluxo dimiuiu numa mão e na outra havia somente dois carros bem distantes.

Eu poderia atravessar tranquilamente se o carro não fosse entrar na garagem, mas se não fosse teria que passar correndo. Esperei um pouco e como o carro não deu seta eu atravessei calmamente (estava acompanhada da minha mãe que tem problema no joelho e não pode correr) quando vi que a mulher que dirigia o carro me olhava com uma cara feia pois ela teve que parar para que nós pudéssemos atravessar a rua já que ela queria entrar na garajem. Juro que pelo tempo que eu esperei na calçada me deixou tão bem humorada que fiz aquele sinal pra moça do carro como quem diz "a seta, madame!".

Para a minha surpresa, levei um beliscão no braço da minha mãe. Ela achou super grosseiro eu acenar para a mulher no meio da rua. Fiquei p. da vida! Que coisa, né. A madame tá sentada na sombrinha e no ar-condicionado e a gente enfrentando a rua e tentando chegar do outro lado num lugar onde NÃO tinha faixa de pedestre e eu que tava sendo recriminada? Se a gracinha tivesse dado seta a gente não teria entrado na frente dela. Mas a maioria das pessoas acha aquilo um acessório do carro e não um item obrigatório (algo que deva ser realmente usado).

Conclusão, se vc não reclama é passiva, se reclama, grosseira. Tá difícil...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O silêncio

pesa primeiramente sobre o corpo, assimilado à função anônima e impessoal da reprodução. O corpo feminino, no entanto, é onipresente: no discurso dos poetas, dos médicos ou dos políticos; em imagens de toda natureza - quadros, esculturas, cartazes - que povoam as nossas cidades. Mas esse corpo exposto, encenado, continua opaco. Objeto do olhar e do desejo, fala-se dele. Mas ele se cala. As mulheres não falam, não devem falar dele. O pudor que cobre seus membros ou lhes cerra os lábios é a prórpia marca da feminilidade.

Michelle Perrot

Touche pas
vive la fête

Ne touche pas
Si tu veux regarder ça ne me gêne pas
Et tu peux écouter si tu restes la-bas
Tu l'as vu tu le veux mais le truc est à moi
Oui je sais dans tes rêves tout le monde est à toi
Ne touche pas
C'est à moi
Pourquoi pas
Donne moi ça

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Quanto mais, menos

Tem coisas que quanto mais você pensa, menos entende. Por exemplo, porque o transporte público é feito por empresas privadas? Ou porque pagamos impostos destinados à educação, saúde e segurança se temos que pagar pelo estudo, contratar um plano de saúde e fazer seguro do carro e da casa? Porque pagamos pelo estudo ao governo e ele repassa às faculdades particulares que por sua vez cobram novamente da população?

Eu realmente já ouvi muitas explicações, mas nenhuma delas fazia sentido.