terça-feira, 31 de julho de 2012

"Ela é feminista, mas é legal"

É assim que alguns de meus amigos tem me apresentado a terceiros por aí. Eu achei bastante curioso da primeira vez, mas devido o meu baixo grau de sociabilidade presumida, apenas dei uma risadinha sem graça e cumprimentei a pessoa. Mas como isso ficou frequente, eu comecei a desconfiar que haveria algo mais por trás desse pensamento.

Outro dia tomando café da manhã com o roomie ele me falou algo que ajudou a matar a charada. Ele me disse que estava contando para mãe dele um pouco mais sobre os colegas de república e eis que ele fala "A Drica é feminista". E a mãe dele respondeu "Mas ela é casada e é tão normal!"

Outra amiga minha ficou um pouco constrangida ao mostrar os bicos de confeitar na minha presença. Ela disse "Sei que você não deve gostar dessas coisas, mas eu adoro". Eu achei estranho, pois até tenho alguns utensílios para confeitar, só não tenho habilidade para tal. Daí minha outra amiga acabou por me defender antes mesmo que eu soubesse que estava sendo de algum modo "acusada". Ela disse "O feminismo não tem nada a ver com negar a feminilidade, tem a ver com liberdade de escolha".

Pronto, eu entendi. Ainda aquela velha história de comparar feministas com mulheres mal realizadas, infelizes, masculinas. Ser feminista para mim é algo tão natural que as vezes esqueço de que as pessoas não sabem o que é o feminismo. Ou pior, fazem questão de estereotipar as feministas. Em parte eu concordo com o que minha amiga disse. Ser feminista é ser a favor da liberdade de escolha. Eu não sou contra a feminilidade e sim o que ela representa.

É a velha discussão, ser feminina deveria ser uma opção e não uma regra. Um comportamento que não deveria estar relacionado com uma característica "biológica". Mas o que é ser feminina? Ou, o que está por trás da feminilidade? Ser feminina é gostar de rosa, brincar de barbie, ser graciosa, submissa e servil? Ser feminina é ser mulher? Para aquelas que torcem o nariz para o feminismo, uma provocação: A feminilidade combina com o poder?

Outra dica, por mais que o feminismo seja considerado um termo pejorativo, as mulheres de hoje em dia, feministas ou não, gozam de privilégios adquiridos pelas lutas dos movimentos feministas. O voto, a pílula, a lei Maria da Penha... O próprio fato de nós podermos trabalhar e comprar bicos para confeitar é uma conquista adquirida através das lutas feministas. Antigamente as mulheres não podiam trabalhar sem autorização do marido. Dirigir, que eu sei que minhas amigas adoram, não era bem visto nem considerado "feminino".

Eu até acho graça ao ver a felicidade nos bicos de confeitar, mas mais por ignorância minha (eu não faço a menor idéia de como funciona todo aquele aparato) do que por desprezo. Uma feminista pode ser feminina? Algumas coisas são difíceis de mudar. Por exemplo, padrões de beleza. Eu, que já reneguei o feminismo, também já fui escrava do padrão. E talvez uma feminista que não seja "masculina" ajude um pouco as pessoas a desmistificarem a feminazi. Mas eu respeito todos, todas, todxs em seu estilo, modos de  expressão e etc. Mas não me venha com essa de padrão. Mulher tem que ser assim ou assado. Mulher? O que é isso?

Eu não vou responder. Quero apenas dizer que ser feminista e legal não são coisas opostas. Eu não sei se sofreria do mesmo tipo de vocativo se fosse flamenguista ou petista ou comunista. Até entendo que sou uma das poucas feministas que meus amigos conheçem e talvez por isso a explicação "Ela é feminista, mas é legal". Mas se eu sou a única feminista que vc conhece e sou legal, porque não assumir que as feministas são legais? Talvez também as pessoas precisem de um espaço amostral maior para descobri que sim, feministas são legais.

Mas de novo, eu não posso generalizar. Afinal de contas, a liberdade de escolha está aí, para as feministas serem chatas, se elas quiserem. Mas elas não vão ser chatas porque feministas...

Para mais goles cafeinados de feminismo, eu recomendo, também especialidade da casa:

Ser feminista é como ser baixinha, partes 1 e 2
Feminista vegetariana


sábado, 21 de julho de 2012

Das amizades e das amizades

Em comemoração tardia ao dia do amigo, um post também tardio.

"Antes de me mudar para a Suécia imaginei que ficaria um ano tentando afastar a tristeza e procurando algo para fazer. Hoje depois de seis meses aqui, minha situação é bem melhor do que eu esperava. Em parte porque já no Brasil eu estava trabalhando tanto que mal tinha tempo para minha família e meus amigos. Isso era ruim por um lado, mas era bom por outro, pois de uma forma, eu fui preenchendo a necessidade de estar sempre em contato direto com meus amigos. A minha família, com todos os prós e contras, eu sei que posso sempre contar com ela, do jeito meio torto dela, mas eles não vão mudar o que sentem por mim apenas porque estou longe. De fato, acho que minha mãe está até mais carinhosa comigo. Eu sabia que ela ia sentir minha falta, mas ela faz o tipo durona e por telefone não costuma ser muito carinhosa, mas não imaginei que de fato ela fosse amolecer tão rápido.

Os amigos, os amigos... é outra história. Um amigo do Marcos paquistanês estava conversando com a gente outro dia e me disse algo que me fez pensar. Ele disse que quanto mais velho a gente vai ficando, menos amigos de classes sociais diferentes a gente tem. Não lembro bem, mas acho que ele disse até que a gente não é amigo de gente mais rica que a gente. Bom, eu discordo em parte, mas não posso deixar de reconhecer a sabedoria dessas palavras.

É verdade que para as pessoas onde o dinheiro e o status são objetivos de vida e qualidades individuais, não conseguimos manter as amizades, por mais que não aconteça nenhuma briga ou discussão responsável por terminar a amizade. Isso porque a pessoa que tem dinheiro e se isso é realmente algo que faz a diferença para ela, vai nos considerar chatos, entediantes e "losers" se não temos dinheiro.

É feio dizer isso, mas acho que é uma das possibilidades sim. Alguns podem dizer que é porque não vamos para as mesmas baladas ou não curtimos as mesmas músicas, mas me diga, vc realmente vê os seus amigos todo o final de semana? Não vê-los os torna menos amigos? Eu posso não gostar das mesmas músicas que muitos amigos, mas não vou negar um convite para um churrasco só por causa disso. Talvez eu tenha problemas para chegar ao churrasco, mas como acontece normalmente com amigos, eles oferecem carona e eu não ia achar ruim se pedissem para rachar a gasosa.

Mas o que acontece de verdade, é que vc parece menos "cool" aos olhos de alguns amigos pq não tem um iphone ou um ipod para "interagir" com eles. Ou pq não postou as fotos da última coisa que vc comeu no facebook ou sei lá, pq vc tá se lixando para o sapato caro que sua amiga comprou pq achou ele feio, mas não pode falar mal, pq é um Mark Jacobs! Isso é um pouco estranho de entender, se parar para pensar, pois não nos tornamos amigos das pessoas pelo que elas tem, mas chega um ponto que o fato de vc não ligar para o dinheiro dos seus amigos parece realmente incomodá-los."

Mas como disse hoje por e-mail a minhas amigas - amigos que são amigos de verdade podem ter realidades socioeconomicas diferentes, religiões, diferentes culturas regionais e tudo mais. As diferenças não se tornam divergências e quando a amizade vale mais do que um iphone.

Hoje eu sei que os amigos que perdi o contato podem sempre reaparecer, aqueles que perdi a amizade foi para o bem, vai com zeus e amém!

Para todos aqueles, reais e virtuais, um beijo e um abraço!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ingenuidade, as vezes vc paga mico por causa dela...

Eu estava mega feliz em saber que mesmo sem blogar com regularidade, ainda mantinha minha média de 50 visitas por dia. Ainda mais por não saber direito como funciona a contagem das visitas. Se aquelas pessoas que olham o blog através do facebook, por exemplo, são contabilizadas.

Mas eis que minha felicidade, que nesse caso estava totalmente aliada a minha ignorância no assunto, acabou. Conversando com a Bia, eu descobri que o blog das BF's tem em média 4.000 acessos por dia. Agora já nem sei se ainda vale a pena dar uma pimpada no blog. Pensei em começar a publicar meus textos artísticos, colocar uma licença CC no blog, contratar alguém para melhorar a aparência e etc. Mas talvez seja um mal investimento... Será que algum dia terei mais de 50 acessos??

E se tiver? Isso vai surtir algum efeito no meu ego? Outra coisa que me fez repensar meu "plano de ação". Saber que existem "celebridades" da internet que tem seu próprio secto de seguidores, fãs muitas vezes acríticos. Isso dá um medo sim. O bom da internet, em certo ponto é essa relativa anônimidade. Algo que permitiria a circulação de opiniões livres de interesses econômicos em canais como blogs. Outro ponto positivo seria o acesso de pessoas que não pertencem a panelinha da elite cultural brasileira exprimir seu pensamento e por que não, seu viés artístico.

Mas parece que o perigo da midialização, no sentido que eu acabei de colocar, parece não ser algo longínquo.

Ou será que mais uma vez eu estou sendo ingênua e isso já aconteceu?

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Odeio ser civilizada!

Postagem mega antiga que tava dando sopa no blog. Algo para divertir um pouco, já que meu embotamento cerebral me impede de escrever algo bom no momento.

"Ontem à noite, depois de ter tido um dia cheio e chato com duas idas ao supermercado, ter que espremer o meu parco inglês para ler um texto que falava de Marx, Lévi-Strauss e Freud e ter que ir andando duas quadras para comprar gasolina para abastecer a motoca que quebrou o mostrador de combustível, eu finalmente tive alguns minutos de diversão ao ver na sequencia três episódios de Futurama. Mas como eu havia acordado muito cedo e fui dormir tarde, acabei pegando no sono antes mesmo do 3 episódio acabar. Estava (aposto) babando e sonhando com revoltas de operários intergaláticos, naves espaciais e outras coisas que eu não me lembro quando uma música brega penetrou nos meus sonhos. Achei que era algum plano malígno de alguém quando percebi que estava sonhando. Isso quer dizer que eu acordei de madrugada com o Marcos falando "São três piriguetes tentando aparecer para o cara do audi". Hein?! Tinha um pião na janela da minha casa com o som do carro aos berros (daquele que dispara todos os alarmes da rua) e três garotas bêbadas como gambás gritando a letra da música.

Eu achei que era coisa rápida, que logo eles iam entrar em algum apê pra fazer uma festinha mais íntima. Mas que nada. O programa era justamente esse de goiano de ficar com o som nas alturas encostado no carro tirando "onda" pra quem passa na rua. Mas no caso dele só poderia ser com a gente, que morava ali porque a rua estava deserta. Quando me toquei disso, fiquei puta. A polícia passa na minha janela toda noite e naquele dia passou e nem pra enquadrar esse pessoal. Comecei a pensar que já q eles não deram bola para o barulho também não dariam bola se eu jogasse um ovo. Quem sabe um balde d'água (gelada)? Pensei em várias coisas e quanto mais a bagunça continuava mais eu acordava e percebia que não tinha dormido o suficiente para estar acordada.

Já pensando em descer de camisola com uma garrafa de vidro na mão apertando um olho para parecer psica e já ir sentanto a porrada em quem falasse algo idiota. Ou, de repente, ir quebrando a garrafa na calçada para ela ficar potiaguda e dar mais 'realidade' ao meu personagem. Quando uma pessoa iluminada fez algo do gênero. Eu não consegui saber o que era, mas sei que a música parou istantaneamente. Fiquei tão feliz. Não ia precisar pagar um mico desses e me expor e ainda ia conseguir dormir.

Mas felicidade de pobre dura pouco. Bastou eu deitar para uma das piriguetes arrumar uma confusão. Começou a xingar e mulher que tinha acabado com a bagunça. Xingou de vagabunda, puta, piranha e a mulher apenas mandou todos pararem com a bagunça terminando com o vocativo "seu bando de vagabundo".

A confusão durou mais uma meia hora e eu na dúvida cruel de me expor e armar o barraco, jogar água, bola de papel molhado, pedra, garrafa... Queria dormir e sabia que chamar a polícia não resolveria nada. Já estava quase indo na janela mandar todo mundo tomar no cú quando o Marcos decidiu descer e me ajudar a decidir o que fazer. Já estava colocando o chinelo quando as piriguetes pararam com a baderna."