É assim que alguns de meus amigos tem me apresentado a terceiros por aí. Eu achei bastante curioso da primeira vez, mas devido o meu baixo grau de sociabilidade presumida, apenas dei uma risadinha sem graça e cumprimentei a pessoa. Mas como isso ficou frequente, eu comecei a desconfiar que haveria algo mais por trás desse pensamento.
Outro dia tomando café da manhã com o roomie ele me falou algo que ajudou a matar a charada. Ele me disse que estava contando para mãe dele um pouco mais sobre os colegas de república e eis que ele fala "A Drica é feminista". E a mãe dele respondeu "Mas ela é casada e é tão normal!"
Outra amiga minha ficou um pouco constrangida ao mostrar os bicos de confeitar na minha presença. Ela disse "Sei que você não deve gostar dessas coisas, mas eu adoro". Eu achei estranho, pois até tenho alguns utensílios para confeitar, só não tenho habilidade para tal. Daí minha outra amiga acabou por me defender antes mesmo que eu soubesse que estava sendo de algum modo "acusada". Ela disse "O feminismo não tem nada a ver com negar a feminilidade, tem a ver com liberdade de escolha".
Pronto, eu entendi. Ainda aquela velha história de comparar feministas com mulheres mal realizadas, infelizes, masculinas. Ser feminista para mim é algo tão natural que as vezes esqueço de que as pessoas não sabem o que é o feminismo. Ou pior, fazem questão de estereotipar as feministas. Em parte eu concordo com o que minha amiga disse. Ser feminista é ser a favor da liberdade de escolha. Eu não sou contra a feminilidade e sim o que ela representa.
É a velha discussão, ser feminina deveria ser uma opção e não uma regra. Um comportamento que não deveria estar relacionado com uma característica "biológica". Mas o que é ser feminina? Ou, o que está por trás da feminilidade? Ser feminina é gostar de rosa, brincar de barbie, ser graciosa, submissa e servil? Ser feminina é ser mulher? Para aquelas que torcem o nariz para o feminismo, uma provocação: A feminilidade combina com o poder?
Outra dica, por mais que o feminismo seja considerado um termo pejorativo, as mulheres de hoje em dia, feministas ou não, gozam de privilégios adquiridos pelas lutas dos movimentos feministas. O voto, a pílula, a lei Maria da Penha... O próprio fato de nós podermos trabalhar e comprar bicos para confeitar é uma conquista adquirida através das lutas feministas. Antigamente as mulheres não podiam trabalhar sem autorização do marido. Dirigir, que eu sei que minhas amigas adoram, não era bem visto nem considerado "feminino".
Eu até acho graça ao ver a felicidade nos bicos de confeitar, mas mais por ignorância minha (eu não faço a menor idéia de como funciona todo aquele aparato) do que por desprezo. Uma feminista pode ser feminina? Algumas coisas são difíceis de mudar. Por exemplo, padrões de beleza. Eu, que já reneguei o feminismo, também já fui escrava do padrão. E talvez uma feminista que não seja "masculina" ajude um pouco as pessoas a desmistificarem a feminazi. Mas eu respeito todos, todas, todxs em seu estilo, modos de expressão e etc. Mas não me venha com essa de padrão. Mulher tem que ser assim ou assado. Mulher? O que é isso?
Eu não vou responder. Quero apenas dizer que ser feminista e legal não são coisas opostas. Eu não sei se sofreria do mesmo tipo de vocativo se fosse flamenguista ou petista ou comunista. Até entendo que sou uma das poucas feministas que meus amigos conheçem e talvez por isso a explicação "Ela é feminista, mas é legal". Mas se eu sou a única feminista que vc conhece e sou legal, porque não assumir que as feministas são legais? Talvez também as pessoas precisem de um espaço amostral maior para descobri que sim, feministas são legais.
Mas de novo, eu não posso generalizar. Afinal de contas, a liberdade de escolha está aí, para as feministas serem chatas, se elas quiserem. Mas elas não vão ser chatas porque feministas...
Para mais goles cafeinados de feminismo, eu recomendo, também especialidade da casa:
Ser feminista é como ser baixinha, partes 1 e 2
Feminista vegetariana
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terça-feira, 31 de julho de 2012
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Em matéria de sexo, elas tem o poder e eles sabem
O título do post não é tanto uma verdade quanto uma provocação. Sobre uma reportagem no CB, que foi meio en passant a respeito da liberdade sexual feminina. Me atenho ao seguinte ponto: porque os homens tem tanto medo da liberdade sexual feminina?
Aliás, esse sempre foi o meu ponto. O que tem demais uma mulher exercer sua sexualidade livremente? Procurar meios para saciar suas vontades?
A sexualidade masculina ainda se baseia em virilidade, quantidade e porque não dizer também individualidade. Talvez esse seja o conflito entre homens e mulheres. Se a sexualidade masculina se baseia nesses 3 pontos ela parte da premissa que a sexualidade feminina seja por conseguinte frágil, restrita e subalterna. Quer dizer, isso é o que conhecemos de longa data, mas nada quer dizer que a nova sexualidade feminina dê cabo da sexualidade masculina. Talvez ela precise ser, digamos, revista.
Por exemplo, o homem viril, no Brasil colonial, era aquele que tinha muitos filhos, tanto legítimos quanto bastardos. Essa virilidade se associava ainda com a quantidade. O homem tinha relações com várias mulheres, para poder apagar o seu "fogo", dar conta dele - quantidade. A individualidade é que muitas vezes esse homenzão, macho pacas, não queria nem saber se a mulher estava gostando ou não. O importante era satisfazer suas próprias necessidades. Além disso, as mulheres eram proibidas, entre outras coisas, de falar de sexo. O homem ficava então seguro de si pois não tinha ninguém para contradizê-lo. Digo verbalmente, pois as puladas de cerca são tão velhas quanto os próprios seres humanos. Freud que me desculpe, mas sim, as mulheres gostam de sexo. Mas naquela ocasião, não tinham como reinvindicar qualquer direito ao prazer. Além do mais, para que bater de frente com o patriarca? Mulheres traiam e escondiam. Talvez o coronel pudesse até defender sua própria honra (De que?...), mas os menos afortunados, tinham que aceitar filhos de botos, pregos, e outros mais.
Graças! Os tempos barbaros já eram! Hoje temos o divórcio, a quase extinção das práticas brutais em defesa da honra, a pílula, e a comercialização em larga escala de camisinhas. Mas ainda temos muitos pensamentos "saudosistas" em termos de sexualidade. Pois as mulheres ainda não podem exercer sua sexualidade livremente. E as amarras morais soam cada vez mais sem sentido, um apelo desesperado de homens que não sabem mais como "conversar" com as mulheres. Ou talvez, homens que não amem as mulheres, como bem caracteriza o livro de Stieg Larsson.
Sendo muito simplista, o que mais as mulheres tem medo em termos de sexualidade, de forma geral, é de ficarem mal faladas. É, minha gente, já diria Sartre, o inferno são os outros. Mas eu acho, e aqui é minha opinião pessoal, que as mulheres tem medo de ficarem mal faladas per si, mas sim de perderem o controle sobre si mesmas e sua liberdade individual. Nesse caso, posso citar o que aconteceu com a mulher que foi molestada na boate porque tinha tatuagem. Ah?? É, meu povo, isso está acontecendo! Ou por aquela, mais famosa, que teve seu braço quebrado em dois lugares porque o outro mala não gostou de levar um fora.
Parece que exercer sua sexualidade como bem enteder para a mulher significa, aos olhos dos homens (sei que não são todos, mas infelizmente parece que são muitos) não ser mais proprietária do seu próprio corpo. Estranho isso. Não parece ter muita lógica. Isso porque a sexualidade da mulher é vista ainda como algo a ser pertencido por algum homem, como diria Bourdieu, o valor simbólico de uma mulher é aquele que pode acrescer o valor do homem, ou o chamado vulgarmente de "mulher troféu". Se a mulher não tem um homem para "controlar" sua sexualidade, quer dizer que não é de ninguém, ou, que é de todo mundo. Um exemplo tosco dessa idéia pode ser visto aqui.
Outra coisa que podemos também inferir de tudo isso é que quando o cara fala mal de uma mulher (não posso dizer com toda propriedade, pois nunca participei dessas reuniões secretas), algo de presumível como uma traição ou uma decepção em algum aspecto aconteceu. Em suma, ou alguém não foi correspondido em termos amorosos e/ou sexuais. No caso do homem falar mal, podemos ainda dizer que ele pode estar querendo contar vantagem e preencher um daqueles pré-requisitos citados lá em cima, o da quantidade. Sim, pois na cabeça do cara, se ele "menosprezar" uma mulher com quem teve relações, digamos, íntimas, é sinal de que aquela mulher ou aquela relação é dispensável, e não faz falta. Pois outras virão para completar o "placar". Ou ainda aquele mais antigo, falar mal para parecer superior.
Então, porque será que existe essa falácia de que a mulher é quem escolhe o parceiro, ou tem o poder de ter sexo a hora que quiser? Diferentemente das passarinhas, que são agradadas com toda a espécie de mimo, a fêmea humana vem sofrendo de uma enorme carência de displays masculinos adaptados aos tempos modernos. Mas digamos que ainda, um pouquinho de "poder" sexual nos resta. Cuma? Isso porque toda sexualidade masculina se baseia naqueles pré-requisitos que citei lá em cima, então, por mais auto-suficientes que os homens possam parecer, eles atualmente se defrontam com algo nunca dantes imaginado: a crítica feminina. Pois se para mulher ser mal falada é um pesadelo, para o homem, além de ser ruim de cama, ele ainda pode ter o pênis pequeno, ejaculação precoce entre outras. E bom, embora as mulheres sejam, na maioria muito discretas para "difamar" um homem em público, digamos que as vezes, pode ser, que elas venham a alertar as amigas. Por isso, meus caros, em vez de aprederem a lutar "xuxixo" só para impressionar as gatinhas e ficar sem traquejo para conversar com elas e acabar quebrando o braço e acabando com a sorte, tente melhorar a qualidade do seu display, tanto social, quanto sexual.
Aliás, esse sempre foi o meu ponto. O que tem demais uma mulher exercer sua sexualidade livremente? Procurar meios para saciar suas vontades?
A sexualidade masculina ainda se baseia em virilidade, quantidade e porque não dizer também individualidade. Talvez esse seja o conflito entre homens e mulheres. Se a sexualidade masculina se baseia nesses 3 pontos ela parte da premissa que a sexualidade feminina seja por conseguinte frágil, restrita e subalterna. Quer dizer, isso é o que conhecemos de longa data, mas nada quer dizer que a nova sexualidade feminina dê cabo da sexualidade masculina. Talvez ela precise ser, digamos, revista.
Por exemplo, o homem viril, no Brasil colonial, era aquele que tinha muitos filhos, tanto legítimos quanto bastardos. Essa virilidade se associava ainda com a quantidade. O homem tinha relações com várias mulheres, para poder apagar o seu "fogo", dar conta dele - quantidade. A individualidade é que muitas vezes esse homenzão, macho pacas, não queria nem saber se a mulher estava gostando ou não. O importante era satisfazer suas próprias necessidades. Além disso, as mulheres eram proibidas, entre outras coisas, de falar de sexo. O homem ficava então seguro de si pois não tinha ninguém para contradizê-lo. Digo verbalmente, pois as puladas de cerca são tão velhas quanto os próprios seres humanos. Freud que me desculpe, mas sim, as mulheres gostam de sexo. Mas naquela ocasião, não tinham como reinvindicar qualquer direito ao prazer. Além do mais, para que bater de frente com o patriarca? Mulheres traiam e escondiam. Talvez o coronel pudesse até defender sua própria honra (De que?...), mas os menos afortunados, tinham que aceitar filhos de botos, pregos, e outros mais.
Graças! Os tempos barbaros já eram! Hoje temos o divórcio, a quase extinção das práticas brutais em defesa da honra, a pílula, e a comercialização em larga escala de camisinhas. Mas ainda temos muitos pensamentos "saudosistas" em termos de sexualidade. Pois as mulheres ainda não podem exercer sua sexualidade livremente. E as amarras morais soam cada vez mais sem sentido, um apelo desesperado de homens que não sabem mais como "conversar" com as mulheres. Ou talvez, homens que não amem as mulheres, como bem caracteriza o livro de Stieg Larsson.
Sendo muito simplista, o que mais as mulheres tem medo em termos de sexualidade, de forma geral, é de ficarem mal faladas. É, minha gente, já diria Sartre, o inferno são os outros. Mas eu acho, e aqui é minha opinião pessoal, que as mulheres tem medo de ficarem mal faladas per si, mas sim de perderem o controle sobre si mesmas e sua liberdade individual. Nesse caso, posso citar o que aconteceu com a mulher que foi molestada na boate porque tinha tatuagem. Ah?? É, meu povo, isso está acontecendo! Ou por aquela, mais famosa, que teve seu braço quebrado em dois lugares porque o outro mala não gostou de levar um fora.
Parece que exercer sua sexualidade como bem enteder para a mulher significa, aos olhos dos homens (sei que não são todos, mas infelizmente parece que são muitos) não ser mais proprietária do seu próprio corpo. Estranho isso. Não parece ter muita lógica. Isso porque a sexualidade da mulher é vista ainda como algo a ser pertencido por algum homem, como diria Bourdieu, o valor simbólico de uma mulher é aquele que pode acrescer o valor do homem, ou o chamado vulgarmente de "mulher troféu". Se a mulher não tem um homem para "controlar" sua sexualidade, quer dizer que não é de ninguém, ou, que é de todo mundo. Um exemplo tosco dessa idéia pode ser visto aqui.
Outra coisa que podemos também inferir de tudo isso é que quando o cara fala mal de uma mulher (não posso dizer com toda propriedade, pois nunca participei dessas reuniões secretas), algo de presumível como uma traição ou uma decepção em algum aspecto aconteceu. Em suma, ou alguém não foi correspondido em termos amorosos e/ou sexuais. No caso do homem falar mal, podemos ainda dizer que ele pode estar querendo contar vantagem e preencher um daqueles pré-requisitos citados lá em cima, o da quantidade. Sim, pois na cabeça do cara, se ele "menosprezar" uma mulher com quem teve relações, digamos, íntimas, é sinal de que aquela mulher ou aquela relação é dispensável, e não faz falta. Pois outras virão para completar o "placar". Ou ainda aquele mais antigo, falar mal para parecer superior.
Então, porque será que existe essa falácia de que a mulher é quem escolhe o parceiro, ou tem o poder de ter sexo a hora que quiser? Diferentemente das passarinhas, que são agradadas com toda a espécie de mimo, a fêmea humana vem sofrendo de uma enorme carência de displays masculinos adaptados aos tempos modernos. Mas digamos que ainda, um pouquinho de "poder" sexual nos resta. Cuma? Isso porque toda sexualidade masculina se baseia naqueles pré-requisitos que citei lá em cima, então, por mais auto-suficientes que os homens possam parecer, eles atualmente se defrontam com algo nunca dantes imaginado: a crítica feminina. Pois se para mulher ser mal falada é um pesadelo, para o homem, além de ser ruim de cama, ele ainda pode ter o pênis pequeno, ejaculação precoce entre outras. E bom, embora as mulheres sejam, na maioria muito discretas para "difamar" um homem em público, digamos que as vezes, pode ser, que elas venham a alertar as amigas. Por isso, meus caros, em vez de aprederem a lutar "xuxixo" só para impressionar as gatinhas e ficar sem traquejo para conversar com elas e acabar quebrando o braço e acabando com a sorte, tente melhorar a qualidade do seu display, tanto social, quanto sexual.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Liberdade de expressão, um conceito vazio
Sempre que ouvimos a palavra "censura" ficamos no mínimo um pouco incomodados. Vinte anos de ditadura fazem muitos brasileiros esbravejarem aliviados por o Brasil ser um país livre e erroneamente felizes pela mídia não ser mais controlada pelo governo. Quando o governo faz mensão de censurar algo, por mais absurdo que esse algo seja, sempre aparece alguém defendendo a famosa "liberdade de expressão". Mas o que seria isso?
Muitos resumem esse conceito, deveras preenchido de significados, dizendo que é a liberdade de falar aquilo que pensa. Talvez a máxima que diz que devemos pensar antes de falar ou escrever algo derive daí. Bom, se juntarmos ambas as idéias, vemos que elas não são mesmo contraditórias. Podemos falar o que pensamos, mas não podemos falar qualquer coisa. Muito se confunde então o primeiro conceito, de liberdade de expressão com liberdade de falar o que vem a cabeça, sem pensar.
Mas porque devemos pensar antes de falar? As pessoas se comunicam por diversas razões, desde as mais simples até as mais complexas. A premissa da comunicação é que deve existir um transmissor (um locutor), um receptor (interlocutor), uma mensagem e um vetor (fala, escrita, rádio, televisão), se me lembro bem dos termos. Para que a comunicação seja completa, precisamos de todos os elementos. Não adianta falar se ninguém escuta, não serve de nada ter 3 dos elementos se não temos mensagem. Então eu vou resumir muito rapidamente que o objetivo das pessoas em se comunicarem é passar uma mensagem para alguém. A mensagem tem um significado, que muitas vezes pode ser o daquela pessoa que está dando ou apenas algum que ela está reproduzindo consciente ou inconscientemente.
Por isso devemos tomar cuidado com aquilo que falamos e ouvimos. Devemos pensar se aquela mensagem é realmente a que queremos (re)transmitir. A comunicação é muito poderosa. Existem personagens marcados pelos erros e acertos em suas mensagens. No mundo atual, a repercursão de uma mensagem pode ser instantânea e ter consequências desagradáveis. Ao mesmo tempo, por vetores normais, nem todos tem voz para se exprimirem. As minorias são descartadas, ignoradas e muitas vezes ridicularizadas quando tentam falar algo. Outras tantas vezes tem suas vozes dubladas por aqueles que querem dar à sua mensagem uma outra forma.
A mídia, ou melhor, a televisão é o principal vetor de comunicação brasileiro. Todos sabemos que o governdo concede o direito de uso e exploração às emissoras, mas o que elas tem feito com esse poder é bastante diferente daquilo que muitas vezes pregam. Talvez o objetivo maior da mídia em geral é poder e dinheiro e muitas vezes o discurso (a mensagem) que veicula serve para manter aquilo que está trazendo frutos. Ela tenta valorizar seu tempo para que os anunciantes saibam que vale a pena pagar por aquele espaço na determinada emissora porque x milhões de pessoas vão assistir, logo, as chances de vender aquele produto aumentarão. Não sente no seu sofá e ligue a televisão para relaxar pois esse é o último dos objetivos daqueles que estão por trás daquela tela, até a tranquila propaganda de margarina foi feita com um propósito, vender margarina.
Existem profissionais que passam 4 anos estudando técnicas para fazer vc comprar algo, para convencer vc de alguma coisa, que precisa de algo, mas vc não passa 4 anos aprendendo a como não levar esses caras a sério, a separar o joio do trigo. Não existe um curso para defender vc, consumidor/espectador. Isso baseando-se no fato de que apenas produtos, e não idéias são vendidos pelos meios de comunicação. Quando um órgão como o CONAR acata representações de entidades civis para censurar uma propaganda é porque tem gente que não assiste a televisão para ficar tranquilo tentando te alertar. Nessa hora, pare e pense. Talvez essa batalha seja um tanto injusta quando se está sozinho contra isso tudo. Não acho que o governo deveria controlar a mídia, sou totalmente contra isso. Mas acho que ele deveria intervir em alguns casos
Aqueles que defendem a liberdade de expressão quando abusiva, raramente defendem que o locutor arque com as consequências do que falou. Do ponto de vista cru da coisa, todos temos liberdade para dizermos aquilo que nos dá na telha e temos total liberdade e também a obrigação de arcar com as consequências desse ato. É ridículo alguém falar pra mim que o Rafinha Bastos foi injustiçado. Ele falou o que queria e agora está sofrendo as consequências. Na minha opinião, assim como acontece nas campanhas políticas quando um candidato ofende o outro ou inventa algo deve ceder seu espaço para o concorrente, o CQC deveria ser obrigado a ceder seu espaço para Wanessa Camargo ou pelo menos para que o dito cujo que a ofendeu se desculpasse, não sei se isso já aconteceu.
Aliás, para vc que acha o CQC um programa com humor inteligente, sabia que ele não passa de um enlatado copiado da Argentina?
Muitos resumem esse conceito, deveras preenchido de significados, dizendo que é a liberdade de falar aquilo que pensa. Talvez a máxima que diz que devemos pensar antes de falar ou escrever algo derive daí. Bom, se juntarmos ambas as idéias, vemos que elas não são mesmo contraditórias. Podemos falar o que pensamos, mas não podemos falar qualquer coisa. Muito se confunde então o primeiro conceito, de liberdade de expressão com liberdade de falar o que vem a cabeça, sem pensar.
Mas porque devemos pensar antes de falar? As pessoas se comunicam por diversas razões, desde as mais simples até as mais complexas. A premissa da comunicação é que deve existir um transmissor (um locutor), um receptor (interlocutor), uma mensagem e um vetor (fala, escrita, rádio, televisão), se me lembro bem dos termos. Para que a comunicação seja completa, precisamos de todos os elementos. Não adianta falar se ninguém escuta, não serve de nada ter 3 dos elementos se não temos mensagem. Então eu vou resumir muito rapidamente que o objetivo das pessoas em se comunicarem é passar uma mensagem para alguém. A mensagem tem um significado, que muitas vezes pode ser o daquela pessoa que está dando ou apenas algum que ela está reproduzindo consciente ou inconscientemente.
Por isso devemos tomar cuidado com aquilo que falamos e ouvimos. Devemos pensar se aquela mensagem é realmente a que queremos (re)transmitir. A comunicação é muito poderosa. Existem personagens marcados pelos erros e acertos em suas mensagens. No mundo atual, a repercursão de uma mensagem pode ser instantânea e ter consequências desagradáveis. Ao mesmo tempo, por vetores normais, nem todos tem voz para se exprimirem. As minorias são descartadas, ignoradas e muitas vezes ridicularizadas quando tentam falar algo. Outras tantas vezes tem suas vozes dubladas por aqueles que querem dar à sua mensagem uma outra forma.
A mídia, ou melhor, a televisão é o principal vetor de comunicação brasileiro. Todos sabemos que o governdo concede o direito de uso e exploração às emissoras, mas o que elas tem feito com esse poder é bastante diferente daquilo que muitas vezes pregam. Talvez o objetivo maior da mídia em geral é poder e dinheiro e muitas vezes o discurso (a mensagem) que veicula serve para manter aquilo que está trazendo frutos. Ela tenta valorizar seu tempo para que os anunciantes saibam que vale a pena pagar por aquele espaço na determinada emissora porque x milhões de pessoas vão assistir, logo, as chances de vender aquele produto aumentarão. Não sente no seu sofá e ligue a televisão para relaxar pois esse é o último dos objetivos daqueles que estão por trás daquela tela, até a tranquila propaganda de margarina foi feita com um propósito, vender margarina.
Existem profissionais que passam 4 anos estudando técnicas para fazer vc comprar algo, para convencer vc de alguma coisa, que precisa de algo, mas vc não passa 4 anos aprendendo a como não levar esses caras a sério, a separar o joio do trigo. Não existe um curso para defender vc, consumidor/espectador. Isso baseando-se no fato de que apenas produtos, e não idéias são vendidos pelos meios de comunicação. Quando um órgão como o CONAR acata representações de entidades civis para censurar uma propaganda é porque tem gente que não assiste a televisão para ficar tranquilo tentando te alertar. Nessa hora, pare e pense. Talvez essa batalha seja um tanto injusta quando se está sozinho contra isso tudo. Não acho que o governo deveria controlar a mídia, sou totalmente contra isso. Mas acho que ele deveria intervir em alguns casos
Aqueles que defendem a liberdade de expressão quando abusiva, raramente defendem que o locutor arque com as consequências do que falou. Do ponto de vista cru da coisa, todos temos liberdade para dizermos aquilo que nos dá na telha e temos total liberdade e também a obrigação de arcar com as consequências desse ato. É ridículo alguém falar pra mim que o Rafinha Bastos foi injustiçado. Ele falou o que queria e agora está sofrendo as consequências. Na minha opinião, assim como acontece nas campanhas políticas quando um candidato ofende o outro ou inventa algo deve ceder seu espaço para o concorrente, o CQC deveria ser obrigado a ceder seu espaço para Wanessa Camargo ou pelo menos para que o dito cujo que a ofendeu se desculpasse, não sei se isso já aconteceu.
Aliás, para vc que acha o CQC um programa com humor inteligente, sabia que ele não passa de um enlatado copiado da Argentina?
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
A presidenta do Brasil
Quando eu estava na 7a série escrevi minha primeira redação no novo colégio, era um colégio de freiras. Eu escrevia muito bem nessa época. Foi antes da minha confusão mental se instalar de vez. Mas enfim, o tema da redação era criativo como sempre "O que você quer ser quando crescer". Era um tema difícil para mim, pois eu já havia parado de crescer. Entretanto, nessa época, meu interesse por política já havia começado a se manifestar. Meu irmão estava no primeiro ano do 2o grau (era esse o nome na época) e como era a primeira vez que um de nós estudava num colégio laico, ele estava bem animado com a possibilidade de expressar a própria opinião. Nós conversávamos bastante e eu começava a conhecer por alto várias teorias políticas por intermédio dele.
Quando vi um tema assim tão batido me inspirei e escrevi "Quero ser presidente do Brasil". Depois de entregar a redação eu fiquei com vergonha. Parecia coisa de primário escrever isso. Eu justifiquei na redação o porque queria ser presidente "para que as pessoas tivessem liberdade de expressar suas opiniões, acabar com a pobreza..." Eram coisas meio óbvias, mas era onde minha compreensão atingia. Mas acho que foi um bom texto, porque tirei nota máxima. No dia de entregar a redação corrigida a irmã que era professora de português me chamou depois da aula para conversar comigo porque eu estava conversando durante a aula dela.
Fiquei com medo de ser mandada para diretoria. Eu era muito nerd. Ela então me disse uma coisa que eu nunca mais esqueci. "Você acha que isso é postura de alguém que quer ser presidente do Brasil?". Sabe o que eu respondi a ela? "Acho que não, irmã. Mas eu não quero mais ser presidente do Brasil, acho que nenhuma mulher vai conseguir". Eu me senti ridícula na hora. Nem percebi que a irmã estava tentando me incentivar.
Mesmo com todos os poréns que vejo hoje, só posso dizer:
Obrigada, Dilma!
Agora toda menina pode sonhar em ser presidente do Brasil sem se sentir ridícula.
Quando vi um tema assim tão batido me inspirei e escrevi "Quero ser presidente do Brasil". Depois de entregar a redação eu fiquei com vergonha. Parecia coisa de primário escrever isso. Eu justifiquei na redação o porque queria ser presidente "para que as pessoas tivessem liberdade de expressar suas opiniões, acabar com a pobreza..." Eram coisas meio óbvias, mas era onde minha compreensão atingia. Mas acho que foi um bom texto, porque tirei nota máxima. No dia de entregar a redação corrigida a irmã que era professora de português me chamou depois da aula para conversar comigo porque eu estava conversando durante a aula dela.
Fiquei com medo de ser mandada para diretoria. Eu era muito nerd. Ela então me disse uma coisa que eu nunca mais esqueci. "Você acha que isso é postura de alguém que quer ser presidente do Brasil?". Sabe o que eu respondi a ela? "Acho que não, irmã. Mas eu não quero mais ser presidente do Brasil, acho que nenhuma mulher vai conseguir". Eu me senti ridícula na hora. Nem percebi que a irmã estava tentando me incentivar.
Mesmo com todos os poréns que vejo hoje, só posso dizer:
Obrigada, Dilma!
Agora toda menina pode sonhar em ser presidente do Brasil sem se sentir ridícula.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
A imagem eurocêntrica
Lendo um livro muito bom "Crítica da imagem eurocêntrica" fiquei pensando em como somos bombardeados por imagens, paradigmas, discursos e imagens que não são nossas e estão distantes da realidade. Essas imagens são desdobramentos das antigas imagens européias de colonizador sobre o colonizado.
Pode parecer um pouco exagerado, mas quando a autora faz uma comparação de diversos filmes que retratam o Oriente, a África e a América Latina vc realiza esse fenomeno. Eu senti vontade de rir com algumas comparações como a do Elvis vestido de Sheik e salvando a bela mocinha branca dos bandidos árabes no meio do deserto de Nevada. Outra engraçada e Cleópatra, a rainha negra do Egito sendo representada por atrizes brancas e no lugar de sua inteligencia e preparo para o poder ela apenas "conquista" os romanos por sua beleza e sensualidade.
A autora não cita (talvez porque eu ainda não tenha terminado o livro) a imagem carnavalesca que se tem do Brasil. No filme do James Bond que é passado no Brasil é uma caricatura ridícula de um país onde mesmo nas repartições públicas as pessoas sambam e andam semi-nuas.
O problemas dessas imagens que tem sempre como ponto do vista o europeu lúcido e racional sobre o "nativo primitivo" de uma terra "virgem". Porque antes do europeu não existia nada por aqui, só muitos milhões de índios e algumas civilizações avançadas sem importância. É que essa imagem o que faz com que os museus europeus e americanos estejam repletos dos nossos tesouros roubados por povos que se sentem no direito de "preservar", "interpretar" e "ensinar" a nossa cultura e a nossa história a nós mesmo. Além disso, os europeus se firmaram como o paradigma que faz com que localizem a Europa e a América do Norte no centro, como a fonte criadora da razão e do pensamento. Eles tem o direito e a autoridade para falar e decidir sobre tudo porque aquilo que não seguem seus moldes e padrões e o errado e o inferior.
Bom, essa é uma interpretação resumida e reducionista do fenômeno, mas eu acho que a leitura do livro vale muito. Principalmente para quem gosta de cinema e literatura. A lista de filmes e livros que exemplifica a interpretação dos autores é fantástica porque vai desde os clássicos canônicos e hollywoodianos até filmes egípicios, indianos, venezuelanos, bolivianos, brasileiros que não seguem estritamente a linha "cult".
Pode parecer um pouco exagerado, mas quando a autora faz uma comparação de diversos filmes que retratam o Oriente, a África e a América Latina vc realiza esse fenomeno. Eu senti vontade de rir com algumas comparações como a do Elvis vestido de Sheik e salvando a bela mocinha branca dos bandidos árabes no meio do deserto de Nevada. Outra engraçada e Cleópatra, a rainha negra do Egito sendo representada por atrizes brancas e no lugar de sua inteligencia e preparo para o poder ela apenas "conquista" os romanos por sua beleza e sensualidade.
A autora não cita (talvez porque eu ainda não tenha terminado o livro) a imagem carnavalesca que se tem do Brasil. No filme do James Bond que é passado no Brasil é uma caricatura ridícula de um país onde mesmo nas repartições públicas as pessoas sambam e andam semi-nuas.
O problemas dessas imagens que tem sempre como ponto do vista o europeu lúcido e racional sobre o "nativo primitivo" de uma terra "virgem". Porque antes do europeu não existia nada por aqui, só muitos milhões de índios e algumas civilizações avançadas sem importância. É que essa imagem o que faz com que os museus europeus e americanos estejam repletos dos nossos tesouros roubados por povos que se sentem no direito de "preservar", "interpretar" e "ensinar" a nossa cultura e a nossa história a nós mesmo. Além disso, os europeus se firmaram como o paradigma que faz com que localizem a Europa e a América do Norte no centro, como a fonte criadora da razão e do pensamento. Eles tem o direito e a autoridade para falar e decidir sobre tudo porque aquilo que não seguem seus moldes e padrões e o errado e o inferior.
Bom, essa é uma interpretação resumida e reducionista do fenômeno, mas eu acho que a leitura do livro vale muito. Principalmente para quem gosta de cinema e literatura. A lista de filmes e livros que exemplifica a interpretação dos autores é fantástica porque vai desde os clássicos canônicos e hollywoodianos até filmes egípicios, indianos, venezuelanos, bolivianos, brasileiros que não seguem estritamente a linha "cult".
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