sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Inércia

Sabe aqueles dias que você sente uma inércia incontrolável em cima de você? Digo inércia porque não gosto de preguiça. E tirando o aspecto físico dos conceitos, acho que preguiça é a falta de vontade de fazer algo, mas a inércia é uma força maior que a da vontade de fazer algo. Eu até tenho vontade de arrumar o meu armário, mas não consigo - uma força maior que eu me domina e eu fico onde estou, sentada na frente do computador.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pare o mundo que eu quero descer!

Como já dizia Raulzito!

Uma vez eu ouvi (ou li), não me lembro ao certo. Que o nosso cérebro nunca pára de funcionar. Ai caramba! Pois devia. Eu queria passar um dia inteiro sem pensar em nada importante ou necessário. Depois dos 18 isso parece cada vez mais raro. Quando você está completamente à toa, relaxado e vai abrir a geladeira pra tomar uma água gelada e vê que acabou o requeijão já jogou todo o seu plano fora. Realmente é muito difícil, eu mesma marquei na agenda um dia para laser e outro para a inutilidade, mas esse só vai dar pra ser depois do dia 21 de novembro, pq até lá tem muito mercado pra fazer, conta pra pagar, prova pra estudar, concurso...

Ai ai!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O que é literatura

Passei quatro horas respondendo essa pergunta, mas sinto que ainda posso responder mais alguma coisa. As pessoas sempre acham o estudo literário algo abstrato. E é, em certo ponto. A literatura pode ser encarada de vários pontos de vitas com objetivos diferentes. Pode-se ver a literatura do ponto de vista do leitor, do autor, da linguagem entre outros adicionando ainda os que se inserem neles e viram outros pontos de vista. Mas o mais importante é saber que o que é considerado literatura hoje pode não sê-lo amanhã e o que foi anteriormente talvez hoje não o seja mais. Isso porque qualquer julgamento a respeito da literatura já trás implícito um juízo de valor e o valor me parece ser também algo abstrato. Pode também não ser.

Complicado, mas quando se trata de humanas, nada é simples demais nem complicado demais. A literatura é feita de linguagem e a linguagem é produto do homem como ser social e histórico. Isso porque as palavras carregam uma infinidade de significados e imagens que variam conforme a cultura do indivíduo, mas que podem coincidir em deterninados casos. Isso implica que a linguagem também é social e histórica. É quase tão difícil precisar o nascimento da sociedade com o da linguagem. Como ela surgiu? Quais foram as primeiras palavras do homem? O quê ele queria dizer?

Além disso, quando pensamos em algo, podemos pensar dissociandamente da linguagem? Mesmo quando pensamos em imagens, não terão essas imagens um significado lingüístico implícito?E as imagens, não nos são conhecidas através de uma linguagem (simbólica e referencial)? Isso pode levar a crer que a literatura é tudo. Mas tudo na literatura é relativo. E no fundo depende de quem lê, de quem publica e principalmente de quem escolhe o que se publica.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Cegueira

Eu ainda não li o livro do Saramago, e no meu 'métier' é preciso ter muita corajem para afirmar isso publicamente, mas depois de assistir ao filme eu pude fazer algumas inferências. Eu realmente não li o livro portanto não posso afirmar nada, são apenas suposições. No filme é uma cegueira fisica que causa a destruição da sociedade, mas talvez esse fato possa ser relacionado à outro tipo de cegueira, a racional. Digo racional pois não gosto do termo intelectual. O intelecto pode ser mal aproveitado ou pouco desenvolvido, mas a razão implica a analogia a um mínimo de reflexão, mesmo que primária.

A cegueira da qual estou falando tem motivado muitas conversas de buteco, leituras e reflexões e infelizmente experiências. O respeito à liberdade religiosa é algo bem pouco disceminado no Brasil, ou pelo menos aqui no retângulo. Diz-se que futebol e religião não se discute, mas se você é flamenguista vão te zoar e se você é ateu, aí meu deus! Eu não tenho nada contra as religiões, mas não sou governada por elas. Claro que elas me atingem indiretamente, afinal, a cultura ocidental e banhada em religiões, mas eu as encaro de outro ponto de vista que a maioria das pessoas acham difícil de entender, eu não tenho nenhuma espécie de fé religiosa. Um conto de fadas e uma parábola tem para mim o mesmo valor. Eu até acho os contos de fada mais atraentes pois não tem esse tom autoritário da Biblía.

Mas para voltar ao ponto, as pessoas que seguem uma doutrina muitas vezes não aplicam a reflexão à sua doutrina. Elas acreditam cegamente. Esse é o lado ruim da religião, qualquer que seja. Se essa pessoa acreditar que vai ser salva e que num plano superior a vida dela será uma maravilha, bom pra ela, mas não vejo problema em tornar a minha vida aqui nesse plano que me acolhe uma maravilha. O que me incomoda, por exemplo, é que ser ateu para a maioria das pessoas, é ser perdido. Já recebi cartões religiosos, correntes, pps, já ganhei até uma Bíblia como se eu nunca tivesse lido, como se eu vivesse na selva como o Mogli. Uma vez, um colega de classe se horrorizou ao me ouvir dizer que não acreditava em deus a cara dele ficou mais pálida ainda quando eu disse que não era católica e então eu perguntei "você vai a igreja?", ele disse "Sim, todo o domingo." eu perguntei então: "Você sabe onde nasceu Jesus Cristo?". Ele não sabia. Eu fiquei me perguntando então o quê ele fazia na igreja. Será que dormia enquanto o padre falava? Talvez ele se sentisse bem com o clima, realmente as pessoas se esforçam para ser agradáveis na igreja, até se comprimentam, já na rua, quem sabe?

Muita gente não entende também que história é uma coisa e religião é outra. Maomé, Buda e Jesus existiram, embora para mim a real dimensão disso seja tão difícil de caucular que eles são quase lendas. Mas eles existiram e isso também é difícil de negar. Mas eu não preciso doutrinar a minha vida com base no que eles falaram. Muitos dos valores da nossa sociedade já são fundados em discursos religiosos. Jesus Cristo para mim não é deus nem Buda, são filósofos, sábios e você pode ter mesclado na sua vida cotidiana algum desses ensinamentos sem ter que levar junto o "pacote". Não existe venda casada, as filosofias podem dialogar e criarem um discurso plural. Mas isso realmente deve ser grego porque muita gente faz uma cara de interrogação quando ouve a palvra "ateu". É forte, né? Melhor falar "Voldemort" do que "ateu". Tem gente que eu acho que nem sabe o que é, e na dúvida deve pensar que é doença, porque faz cara de nojo. Mas quando eu estou de "bom humor" me livro com um sofismo bem interessante "E você, acredita em duendes? Como não?" o fundamento da fé é tão primitivo quanto esse.

Tem algumas pessoas que são até divertidas, fazem aquela cara de mãe que sabe que o filho está fazendo uma besteira e vai se arrepender, esses chegam até a dizer "coitadinha, não sabe o quê está falando, um dia ainda vai se arrepender" - o pensamento paternalista acéfalo que eu adoro. Outros pelo menos são coerentes com seus dogmas e se sensibilizam pois sabem que eu vou para o inferno, afinal cometo o único pecado que não tem perdão, segundo a Bíblia. Eu poderia matar com prazer, roubar o dinheiro dos pobres e dormir sem peso na consciência, usar a fé das pessoas para obter lucro, mas não posso nem duvidar que já estou condenada. Muito obrigada, mas não vou querer não. Se é assim eu prefiro acreditar em Darwin, o cientificismo pelo menos tem argumentação.