quinta-feira, 2 de julho de 2009

Não cuspa pra cima,

pode cair na sua testa.

Eu sempre achei graça das pessoas extremamente inseguras que ficavam com manchas na pele de nervoso ao falar em público ou gagejavam loucamente. Algumas ficam roxas, outras afônicas. Eu nunca entendi a fundo esse drama porque meu pai tentava me dar força e dizer "Pessoas são como cachorros, se elas farejarem o medo em vc vão te morder!". Outra dica que ele me deu foi imaginar minha platéia como seres normais que "cagam" como qualquer um. Ele disse literalmente para imaginar a platéia cagando na minha frente. Realmente funciona. No primeiro instante vc sente uma vontadezinha de rir, mas logo passa e vc toma o controle da situação.

Mas agora confesso a vocês que nem os meus anos de sala de aula me poupam de algumas saias justas que tenho passado por pura timidez na vida acadêmica. Quando fui apresentar meu primeiro trabalho em congresso só tinha mestres ou doutores na minha mesa. Eu era a única "mestranda". Ai, como esse gerúndio me deixou nervosa! Todos já eram bem mais descolados que eu. Uma das melhores pesquisadoras que eu já vi falar em público, sobre o meu tema, estava lá. Ai ai. Se eu contar que tive dor de barriga antes de entrar na sala... Só lembrei do meu pai. Ele com certeza ia rir muito da situação. Ficou tão sério o negócio que eu realmente tive que ir ao toalete antes de entrar na sala. Mas felizmente o nervoso só durou o primeiro parágrafo da apresentação. Tive que me controlar pois eu estava engolindo as sílabas. Ninguém ia me entender. Me controlei, passei um slide e pronto, de volta a articulação normal das sílabas. Mas que dificuldade.

Sentir vergonha alheia por quem está em pânico é ruim, mas sentir na pele o pânico é outra coisa bem diferente. Espero que minhas próximas experiências sejam mais "tranquilas" e que eu recupere a minha platéia engraçada.