quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quando até lágrimas soam falso

Por mais que as informações estejam ao nosso alcance e teoricamente a nossa educação vise também uma preparação para a vida existem situações que estão além do nosso alcance. Já que uma das funções do blog é ser um diário virtual, vou contar um pouco da minha vida aqui. Ano passado eu passei por algo terrivelmente inesperado, a morte do meu pai.

A morte é um caminho da vida, uma consequencia inevitável e todos deveríamos estar preparados para ela. Mas o natural é envelhecer, adoecer e morrer. O natural, mas que pouco nos damos conta, é perdermos os pais já que eles são mais velhos que nós. Uma morte por doença vai preparando a família e não o doente (que na maioria das vezes já está preparado para o inevitável). Mas a morte repentina soa como absurda, irreal.

Muitas vezes vc é pego de surpresa achando que vai receber um telefonema típico do seu pai fazendo um pedido despropositado e contando novidades pra lá de engraçadas. Outras tantas eu me deparo com alguém muito parecido com ele de costas e por um átimo de segundo acho que ao se virar esse alguém vai me abrir um sorrizo e dizer "Filha, que surpresa te ver por aqui! Que saudade!" Eu ainda reluto apagar o endereço dele de e-mail dos meus contatos. O do celular foi necessário porque era doloroso demais deparar sem querer com o nome dele sabendo que essa chamada nunca mais seria antendida.

Muitas vezes vc não quer chorar, outras nem consegue porque a situação é tão surreal que mais parece um pesadelo do que a realidade. Você deseja no fundo que as lágrimas sejam falsas assim como a idéia da ausência. Vc quer que seja, mas no fundo elas são tão reais quanto são falsas as esperanças de que tudo não tenha passado de um sonho. E com o tempo você descobre que não há como estar preparado para algo do gênero porque no fundo é algo tão triste que vc simplesmente passa a vida inteira tentando afastar de vc e daqueles que ama. Afasta sem saber e estupidamente porque se tivesse a consciencia do quão possível e real é a morte não haveria espaço para egoísmos, birras, rusgas ou mágoas. Diante dela tudo isso perde a importância e só se ressalta aquilo que se deixou de fazer, de falar. E acreditem, essas coisas nunca são pequenas ou bobas. São sempre palavras de carinho, afagos, risos, tudo o que se deixou para trás em vida e que faz tanta falta na morte.