quarta-feira, 8 de abril de 2009

A imagem eurocêntrica

Lendo um livro muito bom "Crítica da imagem eurocêntrica" fiquei pensando em como somos bombardeados por imagens, paradigmas, discursos e imagens que não são nossas e estão distantes da realidade. Essas imagens são desdobramentos das antigas imagens européias de colonizador sobre o colonizado.

Pode parecer um pouco exagerado, mas quando a autora faz uma comparação de diversos filmes que retratam o Oriente, a África e a América Latina vc realiza esse fenomeno. Eu senti vontade de rir com algumas comparações como a do Elvis vestido de Sheik e salvando a bela mocinha branca dos bandidos árabes no meio do deserto de Nevada. Outra engraçada e Cleópatra, a rainha negra do Egito sendo representada por atrizes brancas e no lugar de sua inteligencia e preparo para o poder ela apenas "conquista" os romanos por sua beleza e sensualidade.

A autora não cita (talvez porque eu ainda não tenha terminado o livro) a imagem carnavalesca que se tem do Brasil. No filme do James Bond que é passado no Brasil é uma caricatura ridícula de um país onde mesmo nas repartições públicas as pessoas sambam e andam semi-nuas.

O problemas dessas imagens que tem sempre como ponto do vista o europeu lúcido e racional sobre o "nativo primitivo" de uma terra "virgem". Porque antes do europeu não existia nada por aqui, só muitos milhões de índios e algumas civilizações avançadas sem importância. É que essa imagem o que faz com que os museus europeus e americanos estejam repletos dos nossos tesouros roubados por povos que se sentem no direito de "preservar", "interpretar" e "ensinar" a nossa cultura e a nossa história a nós mesmo. Além disso, os europeus se firmaram como o paradigma que faz com que localizem a Europa e a América do Norte no centro, como a fonte criadora da razão e do pensamento. Eles tem o direito e a autoridade para falar e decidir sobre tudo porque aquilo que não seguem seus moldes e padrões e o errado e o inferior.

Bom, essa é uma interpretação resumida e reducionista do fenômeno, mas eu acho que a leitura do livro vale muito. Principalmente para quem gosta de cinema e literatura. A lista de filmes e livros que exemplifica a interpretação dos autores é fantástica porque vai desde os clássicos canônicos e hollywoodianos até filmes egípicios, indianos, venezuelanos, bolivianos, brasileiros que não seguem estritamente a linha "cult".