quinta-feira, 13 de agosto de 2009

...quando florescem os ipês

É o título do romance de Ganymédes José que fala da vida de quatro jovens de uma cidadezinha pequena no interior de São Paulo. Eu acho que por vontade própria nunca leria esse livro, mas como estava na lista da disciplina, li. Até gostei, mas é muito triste. Não somente a história sofrida dos mais pobres da trupe, mas o que mais me chamou a atenção é a atualidade dos problemas. O livro foi escrito em 76, mas a temática da desilusão, da vida sem instrução e esperança dessa gente é bem contemporânea. Até uma personagem que morre de tuberculose num contexto muito parecido com o de Macabéia em A hora da estrela que me encheu de tristeza.

Não vou revelar detalhes da história porque esse blog tá ficando muito saudosista e melancólico. O que quero contar se passou nos momentos seguintes ao fechar do livro. Após terminar a leitura, querendo abandonar o livro tal qual o ator faz para sair da personagem eu entrei na internet para me distrair um pouco e pensar em outras coisas. Li alguns blogs amigos e muitas reclamações. Vendo que a coisa não ia melhorar assim decidi tomar um banho e espairecer. Durante o processo comecei a pensar se de fato as pessoas em geral não estão ficando muito amarguradas, como as personagens do romance. Desiludidas com a vida mesmo sendo elas cheias de vida e com muitos anos pela frente. Pensei ainda que talvez esse seja o sentimento que precede a tomada de decisão crucial na vida de cada um. Ficar e ver o ipê florescer ou ir e buscar o próprio ipê, aquele que acreditamos florescer todos os dias.

No fundo estamos sempre em busca da felicidade, mas não será a felicidade uma busca? É talvez uma busca constante que no fundo se revela como sendo a própria vida e quando chegarmos à plenitude nos daremos conta então do quão feliz foram os tempos da busca. A felicidade das pequenas coisas, da corrida ao supermercado, das andanças por entre a UnB, das conversas enquanto se lava louça, de olhar pro céu e pensar somente "que lindo!". Pode ser isso e pode ser muito mais. Pode ainda ser a diversão solitária que senti sozinha ao pensar "O que será que Aristóteles teria dito se realmente tivesse escrito uma "Comédia" como segundo volume da "Poética"? Teria ele feito chacota das tragédias mostrando o quanto é bom rir? Teria ele enfim debochado dos grandes problemas "mortais" dos deuses e semi-deuses desdizendo tudo o que havia dito anteriormente?"

Será então que a vida é isso, sentir algo reconfortante no meio dessa loucura toda que mesmo que inexplicável ainda cause um sorriso suave no rosto? Algo que diga mostre que há alegria em tudo e que mesmo na seca ainda florescem os ipês?