Depois de muita ansiedade peruesca (me refiro aqui ao animal que morre toda véspera de Natal) ,finalmente minha primeira experiência acadêmica aconteceu. E para a minha surpresa e alegria, da melhor forma possível. Deu tudo certo, fora o fato de ter gagejado um pouco no começo da apresentação... Fiquei surpresa com a polêmica que meu trabalho causou. Tanta que ao final da apresentação várias pessoas vieram me colocar seus pontos de vista. Achei fantástico! Recebi muitas sugestões interessantes que me fizeram pensar inclusive em novas possibilidades de leitura das obras do meu projeto.
Bom, se vc quiser me fazer alguma sugestão eu ficaria muito feliz! Mas antes terá que ler os livrinhos a seguir com o pensamento em duas idéias chaves: "repressão sexual" e "relação mãe-fillha". Caso não queira pensar nesses temas, mas apenas se deliciar com uma leitura très agradável, seguem então as dicas:
Escrito em 1963, Verão no Aquário conta e interessante história de uma jovem pianista atormentada pelo talento da mãe escritora. Raíza procura desesperadamente recuperar um talento que considera perdido quando no fundo é ela mesma quem parece perdida entre pileques e festas cheias de significados soturnos na companhia da fauna Marfa, sua prima.
Revolucionário, na minha opinião, o romance As Meninas, consegue a primeira descrição de uma sessão de tortura do periodo mais negro da ditadura militar. Mas além disso, ele conta a história de três possibilidades; Lorena, uma jovem e aristocrata estudante de direito com tendências nada convencionais; Lia, uma revolucionária comunista dividade entre a revolução e a maternidade e Ana Clara, atormentada por um passado que dói na carne e na mente, atormentada ainda pela cocaína e pelo álcool. Todas vivendo juntas num pensionato de freiras na Grande São Paulo.
E por fim, mas nada menos interessante, temos uma coletânea de contos (ótimos para quem não dispõe de muito tempo para ler), que se chama A Estrutura da Bolha-de-Sabão que contém contos como O Espartilho (que faz parte do meu estudo) e A confissão de Leontina, além do foco narrativo super desafiador de A Fuga. Em cada um deles um universo. No primeiro do pós 2 Guerra uma avó nazista rege sua neta meio judia e sua bisneta negra pela narrativa fluida e chocante. No segundo uma prostitura conformada e injustiçada conta sua história e no terceiro o um último suspiro do personagem faz você prender a respiração por alguns segundos durante vários momentos da narrativa.
Fica aí minha dica do mês. Espero que se divirtam tanto quanto eu. E para quem não conseguiu ler nas fotinhas os livros são de Lygia Fagundes Telles e alguns estão sendo relançados pela Companhia das Letras. As edições anteriores são da Rocco.