Eu bem que queria estar batendo um papinho com Pã, comendo castanhas do Pará ou no Valhalla tomando cerveja despreocupadamente, mas eu estou aqui travada intelectualmente. Para melhorar minha situação, fui ignorada pela bam bam bam dos estudos de gênero aqui da Universidade de Lund que nem seque se deu ao trabalho de responder o meu e-mail.
E-mail que aliás demorou quase um mês para ser escrito, pois eu tenho o péssimo hábito de ser, digamos, concisa demais para uma pessoa das humanas. Além disso eu tinha que escrever em inglês, coisa que meus amigos sabem muito bem que eu não sou capaz de fazer. Mas meu marido sim, hohoho. Ele traduziu, ficou ótimo. Mandei. Primeira semana, nada. Segunda, nada. Terceira = eu deprimida me achando burra, inútil, louca e prepotende de achar que a bam bam bam daqui ia dar bola para mim. Aí depois veio a quarta semana, a fase da paranóia "Será que ela não recebeu o meu e-mail ou terá algo contra os brasileiros?", "Será que pensa que eu quero fazer doutorado aqui e por isso me ignorou?", "será que ela sabe que eu não escrevo em inglês?". Depois veio a fase da auto-reflexão. Mas essa fase me dói um pouco pq eu acho que fui bastante prejudicada no meu mestrado.
Primeiro porque eu não tinha bolsa, depois porque descobri que poderia ter tido bolsa, e ninguém me avisou. Além disso, eu trabalhava 40hs semanais dando aula na UnB, fazia disciplina e não tinha final de semana. Para completar, ainda fui gentilmente apressada pelo pessoal da secretaria a defender dentro do prazo, que diga-se de passagem, encurtaram na metade do mestrado. Mais tarde não me deram verba para convidar ninguém de fora pra minha banca. Mas no final tudo acabou dando certo, mas... Eu merecia pelo menos um milhão pelo trampo. hehehehe Se alguém quer saber quanto eu acho que vale.
Daí eu pego o meu diploma, metaforicamente, pois ele ainda tá lá na reitoria, ponho debaixo do braço e venho pra cá, pra terceira maior cidade da região de Skåne. Não digo que fui bater na porta da Universidade de Lund porque foram inúmeros desafios a enfrentar. Primeiro o meu pânico de falar inglês em público teve que ser resolvido, ou eu me tornaria de fato uma hermitona isolada dentro de casa. Mas pedir informação, comprar comida e fazer aula de sueco em inglês é uma coisa, ter um papo sobre meu doutorado é outra. Eu nem consigo pensar no vocabulário da minha própria dissetação em inglês. As vezes me imagino numa puta saia justa falando besteira como "I realy like genders studies", ou "- I'm working whith the representation of the matherhood... - Okay, the Department of Performing Arts is in the bilding over there. Have a nice day!"
Daí eu tive a melhor idéia de todas, tudo bem que devo alguns créditos a minha cara metade, mas enfim, quem vai fazer sou eu. Vou escrever os artigos do mestrado e tentar publicar, afinal, esse mestrado tem que servir para alguma coisa. Além do mais, eu sou um pé no saco sem estar trabalhando. Encho minha cabeça de caraminholas. Também tem o lance do doutorado. Se eu quiser fazer um em qq lugar, preciso de algo publicado, né.
Mas aí vem então a falta de ânimo. Descobri que adptar meus capítulos para virarem artigos não vai ser nada fácil. Alguém sabe que diabos de programa lê a extensão .ebok?