sexta-feira, 20 de agosto de 2010

E a pornografia

Eu havia prometido falar o porque eu acho que a pornografia desqualifica as mulheres. Houve uma discussão bem acalorada no blog da Iara e eu acabei "fugindo da raia". Vou tentar, mas vai ser bem suscintamente. A libertação da mulher no tocante a o controle da própria sexualidade é um ponto positivo que nada tem a ver com a pornografia. As mulheres reinvidicam o direito ao orgasmo, a escolha da maternidade, às outras formas de exercer sua sexualidade, o fim dos papéis de gênero...

Mas os homens ainda não absorveram as mudanças. Muitos não sabem o que fazer com a gradual perda de poderes. Para Anthony Giddens (e eu concordo com ele nesse ponto), a pornografia é uma forma que os homens encontraram para ainda contar com a cumplicidade das mulheres. Todas em posições subjulgadas, dominadas, presentes para a satisfação do homem. Na pornografia não tem mulher com cara feia porque o cara brochou, não tem mulher com dor de cabeça, menstruada. A mulher está lá, disponível. As posições, as falas...

Eu acho difícil perceber algo de realmente transgressor na atual pornografia onde o produto é ainda o simples corpo feminino esvaziado de subjetividade. O caso da Cléo pode ser uma excessão, talvez, é uma pessoa pública e talz. Mas o princípio me parece tão parecido com o da prostituição. É vender o corpo para a satisfação de alguém. E já que compra, está claro quem tem mais poder. Pode ser que eu esteje sendo simplista. Alguém pode dizer que a Cléo decidiu, que ela tinha o poder. Eu não concordo. Um fetiche é um objeto.