terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Conto de Natal

Mais uma coisa boa de não ter tv em casa - ficamos longe das neuras e programas piegas de Natal. Quando essa época chega de súbito começa a nevar em Brasília. Neva isopor, algodão e espuma. Um fenomeno um tanto quanto bizarro. Além desse, aparece uma centena de bonecos de neve dos mais diversos materiais e uma penca de velinhos balofos e barbudos vestidos com uma roupa estranhíssima onde se pode jurar que o ser derrete lá dentro. Além disso, a cidade fica vermelha, mesmo quando o PT não está no governo.

E tudo isso pra quê? Se empanturrar de comida, ver aquela parte da família que vc nem conhece e fingir que gosta do Natal. Eu fico louca com as perguntas inquisitórias "Onde vc vai passar o Natal?", "Oq vc vai dar pra fulaninho?", "Vc vai levar oq pra comer?", "Vamos comprar um presente absurdamente caro pra mamãe e dividir por 3?"... Muita gente me diz que gosta de dar e receber presentes e por isso o Natal faz algum sentido, mas pra mim parece mais uma obrigação - no caso da minha família é de fato uma obrigação. Se eu não dou presente já me olham meio torto pensando que eu sou pobre ou sou uma desnaturada. Muitas vezes os dois. Mas alguém se anima para ir ao shopping comprar presente de natal em dezembro? E quando vc não ganha 13? E porque eu tenho que dar presentes no Natal mesmo quando não acho que tenha nada que eu queira dar pra fulaninho ou ciclaninho?

Gosto de dar presentes quando acho um presente que tenha a cara da pessoa, não gosto de ser pressionada. E porque eu não sendo católica tenho que parar a minha vida, gastar o meu dinheiro por um feriado que não faz o menor sentido? A última coisa que as pessoas pensam é no nascimento de Jesus Cristo. Os presépios estão tão fashions que a última coisa que vc consegue reconhecer neles é o nascimento de alguém. E o mais estranho, o cara nasceu no meio do mato, numa manjedoura de palha e tudo que as pessoas pensam é ganhar presentes caros e comer com muita fartura. A única proximidade que consigo ver entre as duas coisas é que se comemorar o Natal como todos parecem querer eu fico pobre como JC.

E toda aquela baboseira de espírito de natal? Argh! O Natal não convence mais ninguém. As crianças ficam eufóricas pelos presentes, os solitários se sentem mais solitários, os não-católicos tem mais um evento social dispendioso para ir e todos temos dezenas de mensagens para responder, desejos para fazer e network para fortalecer. Ou seja, pra mim Natal é um saco!