terça-feira, 1 de setembro de 2009

Espaços da identidade

Lembram de um post onde eu perguntava como os espaços poderiam esabelecer identidades. Ou melhor dizendo, como os espaços seriam importante para o estabelecimento das identidades individuais? Bom, como uma neurastênica reflexiva eu não poderia deixar de refletir sobre uma questão assim posta.

O meu artigo ficou pronto, mas eu não vou posta-lo aqui pq não posso, mas vou dialogar com vcs através das leituras q eu fiz. Uma deles era uma leitura do mesmo livro que eu analizei no meu artigo: Relato de um certo Oriente, do Milton Hatoum. Nesse outro artigo a autora afirma que o romance é uma busca pelas memórias que definiriam a identidade da narradora e das outras personagens. A narradora no final do livro conseguiria reestabelecer sua identidade devido à busca das memórias de sua família ela acaba construindo um rosto de mulher com as sobras dos papéis onde anota os relatos e que não conseguem contá-los numa ordem cronológica. Bom, eu discordo. Acho que nossas lembranças mais marcantes da infância são dos lugares onde tivemos as experiências. Elas são mais concretas quando tem relação com o espaço. O espaço que faz a ligação entre as memórias e a realidade. O espaço tem a característica do concreto. Quanto mais vc tem coordenadas, localizações mais palpável se tornam as lembranças. Essa é a relação dos espaços com o estabelecimento da indetidade para mim.

"O território (...) como fruto da interação entre relações sociais e controle do/pelo espaço, relações de poder em sentido amplo, ao mesmo tempo de forma mais concreta (dominação) e mais simbólica (um tipo de apropriação)." (HAESBAERT, 2004, p. 235)

“O espaço no qual vivemos, pelo qual somos atraídos para fora de nós mesmos, no qual decorre precisamente a erosão de nossa vida, de nosso tempo, de nossa história, esse espaço que nos sulca é também em si mesmo um espaço heterogêneo”
(FOUCAULT, p. 414)

“(...) e pensei em como é desagradável ser trancada do lado de fora; e pensei em como talvez seja pior ser trancada do lado de dentro; e, pensando na segurança e na prosperidade de um sexo e na pobreza e insegurança do outro, e no efeito da tradição na mente de um escritor, pensei finalmente que era hora de recolher a carcaça amarfanhada do dia, com suas impressões e sua raiva e seu riso, e atirá-la num canto.” (WOOLF, p. 33)

“Pensei na tua repulsa a esta terra, na tua decisão corajosa e sofrida de te ausentar por tanto tempo, como se a distância ajudasse a esquecer tudo, a exorcizar o horror: estes molambos escondidos no mundo, destinados a sofrer entre santos e oráculos, testemunhas de uma agonia surda que não ameaça nada, nem ninguém: a miséria que é só espera, o triunfo da passividade e do desespero mudo. (...) Eu, ao contrário, nunca pude fugir disso. De tanto me enfronhar na realidade, fui parar onde tu sabes: entre as quatro muralhas do inferno”. (HATOUM, 2008, p. 120)

E pra vc, quais são as lembraças mais importantes da sua vida, elas tem um local?