É até uma questão de ótica, afinal, quanto mais distante vc está de um objeto, menor ele lhe parece. Um pouco diferente, entretanto, se passa com os eventos que se passam na sua terra natal.
Eu me lembro, por exemplo, de quando viajei para fora do país pela primeira vez. Eu não consegui me manter em contato com Brasil por diversos motivos. Um deles foi o fuso horário. Nunca conseguia achar meus pais em casa. Depois, a "praticidade" da telefonia nacional: um cartão internacional que de tão fácil de usar vem com uma tabela de códigos e números. E por fim, quando meus créditos acabaram, eu tive a feliz surpresa de descobrir que o telefone da minha mãe tava cortado e por isso, por mais que eu quisesse, não poderia fazer um DDI a cobrar.
Felizmente de oito anos para cá, a telefonia melhorou bastante (mas ainda acho que no Brasil, o quesito atendimento e respeito ao cliente precisa melhorar bastante). Os celulares ficaram mais úteis (e eu não estou falando apenas da agenda telefónica e do alarme), eles tem 3G. Temos também o skype, a internet... Entretanto, mesmo com todos esses melhoramentos, as pessoas mais "experientes" ainda tem problemas em se relacionar com a tecnologia. A meu ver, a tecnologia está longe de ser simples. Mas eenfim, falar com a minha mãe, por exemplo, é um desafio. Na maior parte das vezes não estamos on-line ao mesmo tempo. Outras eu tento ligar para casa de mamis, e ela não está. Outro dia liguei no celular e fui confundida com a minha irmãzinha. Ainda bem, pois fiquei com medo dela achar que era eu mesmo e levar um susto. Sabe como é gente velha com susto, pode acabar mal.
Outras vezes o problema é simplesmente meias palavras. Recebo notícias da pessoa mais distraída que conheço, minha velha. Sabe quando dizem que os homens fazem a gente repetir as coisas pelo menos duas vezes antes deles realmente escutarem? Bom, a minha mãe simplesmente leva anos para escutar algo. Eu passei um ano inteiro repetindo meu horário de trabalho (pq dava aula 2 vezes por semana à noite) e toda vez que ia sair de casa para o trabalho, levava uma bronca do tipo "Onde vc pensa que vai, mocinha?" E eu dizia "Para o trabalho, como todas terças e quintas"... Isso durante um ano e ela não conseguiu pegar. Passei um ano faltando os almoços de família no sábado porque estava estudando inglês e ela simplesmente ficou surpresa em descobrir que converso com meus amigos aqui na Suécia em inglês. Bom, acho que deu pra sentir o que é uma mãe com DDA.
Ou seja, a distância, a diferença de fuso horário e a minha mãe como informante, não me deixam mais certa a respeito do que está acontecendo no Brasil, especialmente com minha família. Nesse caso, me desculpem os otimistas, mas quanto mais longe estou de um objeto, sempre imagino que ele é maior do que realmente é. Penso logo que estão me escondendo algo e que tem algo de muito podre no reino da Brasilândia. Enfim, eu passei uma semana achando que alguém da minha família ia morrer assassinado porque mamãe não conseguiu me passar uma notícia direito. E olha que toda vez que eu ligava, perguntava por mais informações. A única vez que ela tinha mais que uma frase para me contar a respeito do assunto, esqueceu de mencionar que já estava TUDO RESOLVIDO e TODO MUNDO PASSA BEM! Mãe, isso não é legal, viu? Ou fala direito, ou não me conta nada. hunf!