quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Fotos de família

Estava pensando no assunto outro dia, acho que também devido ao fato de estar estudando na casa dos meus sogros onde as paredes são cobertas de fotos. Como o significado delas mudou ao longo do tempo. Quando eu era criança, meus pais tiravam fotos da gente, mas em ocasiões especiais. Revelavam e tudo ia para um álbum. Cada um de nós tinha um e quando fomos ficando mais velhos as fotos iam todas para os mesmos álbuns.

A questão é que pra gente, as fotos não eram uma coisa muito barata. Tínhamos muitas, mas era fruto do esforço da minha mãe de guardar as lembranças. O meu pai preferia tirar fotos de paisagens. Eram bonitas, mas eu preferia ver as nossas.

O que me intriga é que hoje as coisas são bem mais fáceis e as fotos bem menos representativas. Toda saída do pessoal aparece um álbum no picasa. Milhões de fotos com as mesmas poses. Quando aparece uma foto diferente é quase uma agulha num palheiro. Não estou aqui discutindo as fotos profissionais, só aquelas que tiramos com o intuito de guardar como lembrança. Existe toda uma questão sobre capturar a essência de um momento ou de uma pessoa na foto. É para isso que as tiramos, para que ao olharmos possamos reconhecer e relembrar aquela pessoa. Existe uma fotógrafa, que colocarei o nome aqui assim que me lembrar, que diz que a foto é uma boa foto quando o fotografado se enxerga nela como sendo ele mesmo.

Quantas fotos será que temos assim? Muitas pessoas pensam que isso quer dizer estar "bem" na foto. Mas eu acho que não. Se for um período bom isso será nítido, mas a vida não é sempre assim. Me lembro das fotos do meu pai. As vezes olho tentando recordar. Ele era um cara bem divertido com comentários ácidos e inteligentes e nada convencional. Muitas fotos dele aparecem essas qualidades, mas outras acabam revelando algo muito mais profundo que eu só descobri depois que ele se foi.