segunda-feira, 7 de junho de 2010

Para que serve...

... um escritor num país de analfabetos? Já dizia Graciliano Ramos. Para que serve um mestrado em Literatura? Já me perguntaram certa vez. Me perco em meio a tais reflexões. Sinto-me nadar em círculos e nunca chegar perto da margem. Quando sinto que chego a algum lugar vejo que não passa de uma miragem. Estar no meio é pior do que começar. Se disiste perde metade do trabalho, se continua falta, metade por trabalhar. Sinto-me pessimista vez ou outra. O velho dilema da realização pessoa me aflinge. Sou demasiado tímida para ter sucesso. Minha auto-confiança é débil. Vejo ao longe novos panoramas, mas será que algo novo realmente me espera? Cada vez mais descubro que bons escritores surgiram do meio acadêmico (que para minha surpresa não é estéril), mas são bons críticos também. Qual a possibilidade de ser uma escritora mediocre e uma acadêmica brilhante? O contrário também me é possível? Impossível ser os dois? Dos sonhos de minha vida desisti de grande parte. Ginasta não pude ser, mamãe dizia que eu ia ficar baixinha. Jogadora de vôlei tão pouco, tenho 1,52m. Cantora de rock ficou pra trás na primeira vez que ouvi minha voz gravada. Guitarrista, quando vi o preço da guitarra. Presidente da república assim que entendi o que é política. Artista plástica quando percebi que não receberia nenhum apoio financeiro da minha família nem tão pouco conseguiria trabalhar em outra coisa caso não tivesse sucesso. Para que sirvo eu, afinal?