domingo, 18 de abril de 2010

Entendendo de catástrofes naturais

Sempre que acontece uma catástrofe natural a mídia cai em cima. Muitas vezes eu critiquei esse comportamento, mas agora estou vendo a coisa toda por uma nova ótica. Eu não posso comparar o que aconteceu comigo ao drama de pessoas que perderam a família toda e tudo o que possuiam num terremoto ou uma enchente. Também não é esse o meu objetivo. Entendo um pouco mais toda aquela aflição e nervosismo das vítimas ou famílias que a televisão gosta tanto de mostrar.

O meu marido foi fazer um curso de uma semana na Dinamarca e voltaria pra casa essa segunda-feira. Como o curso era muito puxado, nos falamos apenas duas vezes por e-mail antes do vulcão se animar. Um belo dia eu entro então na internet, o dia do meu último post, e me deparo com uma foto de um monte de cinzas no jornal com uma chamada que vou tentar reproduzir aqui, mas sem a mesma fidelidade "Veja as lindas imagens do vulcão islandês que parou centenas de vôos no norte da Europa". E quando eu clicava para saber das notícias só apareciam as fotos da merda da geleira coberta de cinzas. Para a minha sorte, o Le Monde publicou informações tbm além de fotos. Acabou sendo pior, pois um cientista dizia que as cinzas poderiam ficar sendo expelidas por semanas meses e até anos. O resto da mídia se preocupou em contar a situação do tráfico aéreo na Europa e só colocar fotos do vulcão, porque afinal de contas, nem o tal do geólogo especialista em vulcões parecia ter algo de concreto para dizer.

Eu estava quase calma pensando que o maridão poderia ir de trem para Lisboa e de lá chegar em casa quando li novamente que todos os europeus tiveram a mesma idéia e os bilhetes já estavam esgotados. Mandei um e-mail pra ele pedindo que desse um jeito de me ligar pois eu estava mesmo preocupada. Se as cinzas causaram o caos será que a lava poderia fazer algum estrago? Ninguém dizia. Conseguimos nos falar na sexta e ele me tranquilozou um pouco. Não estava dormindo no aeroporto, tinha dinheiro pra emergências e estava bem. Mas ninguém sabia se o voo dele ia ser cancelado ou não. Desde então eu fico quase que de 4 em 4 horas olhando os sites para saber se tem algo de novo acontecendo. Uma coisa é um atraso de dois ou três dias, mas esse já dura 4.

Agora eu entendo então o que acontece com essas pessoas. Ficam querendo respostas, saber o que fazer, saber como aconselhar aqueles que estão no região afetada. Mas o principal é tentar falar. Vc não fica calmo com e-mails ou notícias do jornal. Quer ouvir a voz de quem ama, não adianta. Nessas horas a imprensa até ajuda um pouco, mas o problema é que na maior parte dos casos, ela parece tão perdida quanto todos nós.