terça-feira, 17 de novembro de 2009

Conselhos, advertências ou pragas?

"Se conselho fosse bom ninguém dava, vendia". Quem nunca ouviu essa frase ou nunca a repetiu que dê o primeiro conselho. Eu confesso que sou uma pessoa que gosta de dar conselhos. Talvez tenha alguma relação com o meu jeito de observar e compreender as coisas. Muitas vezes isso me atrapalha, pois acabo falando exatamente aquilo que a pessoa não quer ouvir, sabe, mas não quer ouvir. Mas eu juro que me policio. Tento esperar algum tipo de pedido ou uma brecha. Afinal, quem já leu pelo menos a introdução de qualquer livro de auto-ajuda sabe que "só se ajuda quem quer ser ajudado".

Eu entendo muito bem o sentimento que move aqueles que resolvem aconselhar. Mas não é só de boa vontade que recebemos conselhos. Existem aqueles mal intencionados mesmo. Alguns são movidos por inveja e esses são os piores. Por exemplo, quando comprei minha moto ouvia muitos conselhos. Alguns eu até achava bonitinhos e bem intencionados. Eram mulheres mais velhas que me aconselhavam a ter cuidado porque tinham muito medo que seus filhos andassem de moto e não queriam que acontecesse nada comigo. Mas outros eu simplesmente tinha vontade de responder "Você não tem vergonha de falar isso pra mim?". Era gente que ao me aconselhar praticamente estava dizendo "Você vai morrer nessa moto, eu odeio motoqueiros". Tinha ainda os inoscentes que falavam "Porque você não compra um carro?". Claro! Porque eu não pensei nisso antes? A minha moto custou 5 mil, um carro fubazento custa uns 15 e ainda tem que pagar seguro, gasolina e ipva. É realmente pra mim é uma questão de escolha. As pessoas simplesmente não entendiam que pela quantidade de trabalho que eu tinha não podia depender de ônibus e pelo apoio familiar e financeiro não podia comprar um carro.

Mas existem conselhos que são verdadeiras alfinetadas. Desde que casei ganhei uns quilinhos a mais que tento perder desde então. Mas antigamente só falava, hoje em dia resolvi malhar e começar uma dieta com o nutricionista também porque estou me alimentando mal e o meu sedentarismo começou a atrapalhar bastante a minha vida. Bom, ao comentar isso com uma turma mais "chegada", uma das alunas fez o seguinte comentário "Você não está grávida não?". Detalhe, tem um ano que ganhei esses quilinhos, acho q o bebê já teria nascido, não? Mas para não ser mal educada respondi que tomava anticoncepcional há mais de 8 anos e que estava com minha menstruação regular (afinal, era realmente uma turma bem chegada de mais de 4 anos). Não satisfeita com a minha resposta a aluna continua: "A minha irmã,quando tava grávida só descobriu com 5 meses porque estava menstruando normalmente". Aí eu não aguentei, afinal ela queria me engravidar não sei porquê. Respondi "Não, eu não estou grávida, estou gorda." Incrivelmente nessa hora eu vi um leve sorriso malicioso no canto da boca da aluna. Eu entendi que ela queria me ver irritada e um pouco perturbada.