segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Eu não aguento!!!

É muito tempo sem reclamar. Uma vez escutei de uma ex-chefe que a coisa mais engraça em mim era minha indignação crônica. Eu não entendi. Ela disse que eu falava as coisas mais engraçadas em tom sério e não dava pra me levar à sério nessas ocasiões. O que mais me indignou foi porque estava falando sério. Me senti o Chaplin. Será que o tom de minha reclamação a torna ridícula?
Mas eu não vou reclamar. Não adianta...
Ai meu deus, estou me coçando...

Lá vai:
Tem uma mulher no meu grupo de leitura que quer por que quer fazer mestrado em literatura. Até aí nada demais. O problema são os comentários da criatura. Ela não entende chongas de teoria literária e leu os livros como uma leiga. As vezes é até bom ter uma pessoa com uma visão completamente diferente da nossa. Um olhar virgem e inocente.

Até aí nada demais, mas o grupo tem a proposta de trabalhar a leitura de escritores não canônicos (ou seja, não consagrados pela crítica especializada). Daí o que a criatura faz? Compara todos os livros com os de algum escritor canônico querendo depreciar o escritor marginal. Eu não aguento isso! Pior ainda, o suburbano pra ela é um lixo, mas Sérgio Santanna é o máximo! O pior é que a criatura nem entende a chacota que o Sérgio faz com tudo isso. O cara praticamente revela quem é o bandido do autor "profissional" para o leitor e a menina só enxerga o texto. O pior é ela me comparar porcamente o Autran Dourado com o Graciliano Ramos. Comparações podem ser feitas, mas dizer que um é melhor que o outro sem reconhecer o caráter simplesmente valorativo do comentário (porque a garota não consegue explicar o motivo e sim apenas porque ela gosta) pra mim é o fim da picada. O pior é que eu só descobri depois que o grupo tinha sido aberto para pessoas de outros cursos. Eu não me incomodo com leigos, mas parece que a menina não entendeu a proposta. Nós não estamos ali para dizer que os marginais são bons ou ruins e sim porque eles estão de fora. Bom ou rium é coisa de crítico excludente e preconceituoso.

A criatura já olha o livro atravessado quando lê que o cara não tem estudo. Eu nem acho q ela esteja errada. Eu apenas acho que ela não deveria estar nesse grupo. Talvez algum da nova estética ou algo assim. O que mais me agonia é a literatura contemporânea sempre foi algo difícil de ler, mas quando chega um que fala difícil e não tem berço ou que usa palavras fáceis mas tem uma mensagem difícil e tbm não tem berço o cara é um bosta. Mas basta ser paulista ou carioca, morar no Rio ou em São Paulo ser classe média alta ou rico, branco quarentão e politicamente incorreto pra fazer sucesso. Pra concordar com isso não precisa fazer mestrado é só ler suplemento literário de jornal.

Ah! Chega! Vou terminar o meu livro e esperar pelas pérolas. Afinal, é sempre bom ter material de reserva pro blog.