sábado, 15 de setembro de 2012

Dos critérios subjetivos

Como o povo que passa por aqui de vez em quando já deve saber, eu estou tentando passar na seleção do doutorado. Virar doutora sem OAB, arma nem estetoscópio. No processo, para lá de moroso, devo apresentar uma carta de intenções. Mas intenções é uma palavra para lá de ampla. Eu tenho que dizer o tempo disponível para cursar o doutorado. Okay, fácil, estou desempregada, então, 100%. Mas das intenções, o que dizer?

Obviamente, todos sabem que quero virar doutora, senão não tinha me inscrito. Mas por quê? Duro de responder. Porque eu quero trabalhar na academia, dar aula na graduação, trabalhar com temas mais complexos, alunos um pouco mais pensantes, textos instigantes. Eu poderia continuar na Literatura, mas para mim ela já deu o que tinha que dar. Eu não quero ser uma super crítica literária. Tô mais a fim de entender o crise do cuidado, o impasse entre os sexos na sociedade moderna.

Mas o que responder para ser aceita? Mentir, contar histórias, ser formal ou informal? Posso ser criativa ou devo ir direto ao ponto? Como convencê-los de que tenho "feeling" para coisa? Como escolher, num rol de intenções quais são as mais apropriadas? Devo fazer um breve resumo de meu percurso acadêmico? Coloco ou não coloco um Foucault? Um, ele é meio clichê... Antônio Candido era sociólogo de formação e se bandeou para a Literatura. Será que me comparo a ele e digo estar fazendo o caminho inverso? Tantas dúvidas...

Queria que a resposta estivesse hoje no final de uma garrafa de cerveja bem gelada para espantar esse calor.