sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A pressa

Das coisas que eu não entendo

Parte 1

Eu nunca entendi esse hábito de correr esbaforido para chegar a algum lugar. Entendo que as vezes, no mundo moderno, temos que correr pois precisamos fazer muitas coisas em pouco tempo. Mas por que chegamos a esse ponto? Temos demandas demais ou aproveitamos de modo pouco inteligente o tempo?

Para mim as duas coisas são ruins. Não quero ter demandas que me obriguem a engolir minha comida, a tomar café tão rápido que queime a língua, a andar de carro tão apressada que esqueça de parar na faixa, de olhar o céu. Em suma, atropelar a poesia da vida para cumprir as demandas da mediocridade.

Sim, meus caros, é medíocre trabalhar 10 horas por dia, sem gostar do que faz, para ganhar muito dinheiro para poder apenas viver um mês por ano. Ter que ter um carro maravilhoso pois com certeza, passará horas dentro dele. Ter que passar 40 anos pagando um apartamento que é um âncora, que não te deixa viajar, relaxar, ver o mar.

Mas cada um tem suas prioridades, seu modo de pensar. Eu não entendo a pressa de ser como todo mundo, de fazer tudo que os outros fazem de ter tudo que os outros têm. Eu não entendo a pressa de ser mal educado, furar os outros no retorno, só para parar a um carro de distância a frente no sinal. Não entendo a pressa de quase atropelar um pedestre e dar aquele sinalzinho safado de "foi mal, não te vi" - mentira!

Não entendo a pressa de comer mal, fast food, nem a do "eu tenho" e a do "eu preciso". "Eu" antes de "você(s)", "ele(s)" - uma impolidez do português do Brasil. A pressa pela pressa, pela primazia daqueles que além disso, não chegariam na frente. Correm para enfim descobrirem que não chegaram a lugar algum, pois fizeram o caminho errado. Aquele que leva mais fácil e rápido a uma vida infeliz, uma juventude mal aproveitada, pois corremos para passar dela e uma velhice amargurada, pois nesse estágio já se sabe:

Sim, serás o primeiro a ir para um lugar onde não podes contar vantagem de chegar. A entropia vence!