quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Escrever é preciso

No verão-inferno de Brasília, sinto um peso no meu corpo.
O dia começa e eu continuo, o dia acaba e eu começo.
O avesso do todo.
Tenho medo de mim, vergonha de ser sendo.
Descolada de cola seca da realidade nada úmida dessa cidade.

Vou procurando na natureza inanimada cheia de vida
que os carros não vivem,
que o brasiliense não vive, sobre-vive
procuro companhia para minha solidão,
cheia de vida.

Encontro,
na natureza morta das reflexões
o eco sem eco, oco das concordâncias de grilhões
que escrever é preciso,
compreender é vazio.