segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Porque tv se temos praia?

Bom, gente, eu estou aqui em Natal, tentando trabalhar e como sempre invento de postar no blog para "esquentar". Nos últimos dias só entrei na internet para resolver pepinos do trabalho uma vez por dia e à noite, mas hoje, como ainda tenho muita coisa pra fazer resolvi me distrair um pouco por aqui. Também me parece que só conseguirei pegar no pesado e me concentrar quando a mamis for dormir e eu puder desligar a maldita televisão. Diacho que coisa mais incômoda! Mesmo quando vc está pensando em outra coisa ela tem tantos artifícios para te distrair e eu realmente estou tendo dificuldades pra trabalhar. Outro agravante é que ela fica do lado da escrivaninha do quarto do hotel. Já tentei convencer a mamis a esquecer a abominável novela e ir dar uma volta na orla de Ponta Negra, mas adivinha o que ela prefere? Ficar colada na TV. E o pior, mesmo com a TV à cabo, podendo assistir um filme de vem em quando, ela quer ver a novela. Eu cada dia tenho mais convicção de que a melhor coisa que pude fazer foi ter comprado outro computador em vez de uma TV. Sabe o que eu descobri, que existem 5 novelas na rede globo, se vc contar com a super artificial Malhação. Tem a das 6, a das 7 e das 8 e ainda tem uma q passa a tarde que é uma reprise e a maldita malhação. Irc! As pessoas não conversam, não saem de casa só pra ver TV, mas quantas pessoas na TV vc vê assistindo TV (esqueça os Simpsons e o Big Bang Theory)? Eu realmente acho que a minha mãe vai se arrepeneder um dia de estar num cenário de novela e só conseguir vê-lo em duas dimensões. Eu? Se pudesse estava andando pela praia pensando na vida, lendo um livro, conversando com alguém da terra ou tomando um chopinho, mas infelizmente tenho obrigações das quais fugi demais e elas me alcançaram. Outra razão é que sou fresca demais pra descer com meu pc pra piscina do hotel e venta tanto q eu ia morrer de frio. Ou seja, vou continuar tentando trabalhar do lado da TV ligada na rede BOBO.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Natal, aqui vou eu!

É, para quem conhecia do mais nordeste na vida Porto Seguro esse ano está sendo bem enriquecedor. Recife no começo do ano e agora Natal. Tudo bem que se contar a quantidade de trabalho que tenho que levar pra viagem e o objetivo da viagem que é trabalho também, não sei se vou curtir o suficiente para aproveitar todas as dicas que estão me dando. Mas pelo menos espero tirar uns dias pra ficar lagartixando debaixo do guarda-sol, tomando uma gelada e contemplando o visu. Ai ai, relaxar e ver se consigo diminuir essa tensão que não passa.

O que vai acontecer provavelmente, é deixar esse bloguinho querido um pouco na mão, mas meus cativos leitores, suponho, terão muitas outras coisas legais para ler nesse meio tempo e não morrerão sem mim. Quando eu voltar conto as novas e como eu sou metade mineira (mas muito desconfiada) conto tudo quando eu voltar porque aí já vai ter dado certo.

Bjos e até setembro!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Continue pensando

Vamos lá então. Recebi muitas perguntas e críticas bem pertinentes sobre meu post anterior. Algumas, creio eu, são devido ao fato de possuir uma ironia sutil no meu estilo de argumentação que muitas vezes não é percebida. Por isso, como não quero confusões num tema que considero super importante eu me explico melhor aqui.

A brincadeira com o cartaz é a seguinte: assim como eu não identifiquei de imediato que era uma campanha contra o aborto, mesmo todas tendo nomes parecidos, muitas pessoas também não identificariam. O fato de alguém ir para o show da Elba Ramalho sem saber que é uma manifestação nem é o grande problema, apesar de ser muito ruim. A questão é a seguinte: é feio ser a favor do aborto. As pessoas já falam no automático (como ressalta o vídeo). O problema é que ser contra o aborto não resolve o problema assim como ser contra o uso de drogas. As pessoas não deixam de usar porque é proíbido e nem tão pouco vão deixar de praticar o aborto. Muita gente é a favor a descriminalização do uso da maconha, eu sou pela descriminalização do aborto.

Um dos argumentos mais fortes para o aborto ser proíbido é que como o Brasil não tem pena de morte não seria justo dar fim a uma vida abortando. Bom, nem a medicina entra em consenso com relação ao período no qual o feto pode ser considerado uma vida. Muitos dizem que a partir dos 3 meses o bebê já é um ser formado, para outros a fecundação já é o suficiente para haver vida. É realmente complicado, eu mesma não sei o que pensar a esse respeito. Estudei num colégio de freiras e elas faziam de tudo para chocar a gente. Primeiro mostrando as técnicas mais bárbaras de aborto como uma onde mulheres enfiavam agulhas de tricô no útero e retalhavam o que havia lá (técnica que causa danos irreparáveis à mulher) e outras onde tomavam um chá tão forte que muitas morriam junto com o feto. As freirinhas sempre tentavam mostrar como essas mulheres eram perversas, mas eu nunca consegui pensar assim. Gente, porque raios uma pessoa vai fazer isso? Pura diversão, maldade? Não existiria uma outra causa?

Existe vida após a morte? Existe alma no feto de 3 meses? Quem pode provar que sim e quem pode provar que não? Por isso eu acho que a proibição do Estado tem fundo religioso. Quando dizem que a maioria da população brasileira é contra o aborto eu não tenho como discutir. Isso é verdade. Mas eu aposto que poucas pessoas que condenam o aborto pensaram nas razões que levam a essa prática. Poucas pessoas pensam que nessa proibição o feto é o cidadão que está tendo o seu direito preservado e não a mãe. Não sejamos exagerados em dizer que permitir o aborto seria permitir que a mãe mate o filho. Não é isso. Permitir o aborto até o terceiro mês de gravidez é evitar que existam crianças que sofrem com a rejeição. Permitir que as mulheres tenham mais opções de futuro, mais liberdade de escolha. Sejamos francos, a maternidade é um fardo feminino e enquanto for assim o aborto deve ser permitido. É muito fácil falar em barbárie se o homem sempre tem a opção de abandonar a família e pagar apenas 30% de sua renda para se sentir livre de peso na consciência (isso falando de homens que existam para o estado e que possam ser achados e mulheres que saibam aonde recorrer para ter seu direito e de seus filhos garantidos). Para mulher que fizer a mesma coisa é a danação social que lhe espera.

Bom, quando eu falei que a maior parte da população mundial abaixo da linha da pobreza é formada por mulheres tem uma causa bem simples: a maternidade. É verdade. As mulheres arrumam um companheiro, sem dinheiro pra comer, pegar ônibus ou o que quer que seja vc acha mesmo que vão tomar pílula? Usar camisinha? Elas provavelmente não sabem ler, cresceram na rua sem família e ninguém pra orientar, vão tirar essa informação da onde? Vai me dizer que vc já viu algum morador de rua conseguir ligar uma televisão debaixo da ponte. Isso se vc levar em consideração que alguém consegue abstrair alguma orientação sexual da tv. Agora me diz quem, tirando a Maria Carolina de Jesus vai conseguir sair da miséria com seis filhos debaixo do braço? Mesmo as mulheres que estão na pobreza, e não na miséria, conseguem criar os filhos. O bolsa família tá aí, mas se não pensarmos numa solução ele vai ter mais e mais bocas para alimentar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pense!

Eu estava no baú indo pro trampo quando vi um cartaz "3a marcha nacional da cidadania pela vida". Bom, inicialmente não me chamou muita atenção. Tinha cara de coisa do governo. Na volta, porém, em outro ônibus, havia o mesmo cartaz. A capa era a Elba Ramalho. Pensei: "Legal, show de graça" (apesar de nunca ir nessas paradas). Mas depois me detive no cartaz mais demoradamente. Ele dizia que haveria uma marcha e no final da passeata um show da Elba, que havia doado o cachê para a tal entidade. Não explicava direito o porque da passeata, só os com a vista mais aguçada ou sem problemas de visão, como eu, poderiam ter visto que era uma marcha contra o aborto.

Realmente foi um golpe muito baixo. A campanha apoiada pelo ministério da saúde é extremamente autoritária. As pessoas que participarem da marcha, acredito que poucas vão para lá sabendo o quê estão apoiando, vão para o show. Depois vão pegar aquela imagem e dizer que a população brasileira, ou a maioria, é contra o aborto. Porque não colocar isso em letras garrafais no cartaz? Pq era apenas as letras muídas no rodapé da página? E me pergunto ainda o que cidadania tem a ver com isso? Aquele que pratica o aborto não é cidadão porque? E o mais grave, porque a ausência de debate????

Bom, eu sou a favor do aborto e até onde eu sei não é crime expressar minha opinião. Eu acredito que se é preciso fazer uma passeata escamoteada com o falso pretexto de "3a marcha nacional da cidadania pela vida" deve ser porque ambos estão ameaçados, não? E o governo e as entidades religiosas estão fugindo do debate aberto e claro com a população para usar artimanhas como colocar a recalchutada Elba na capa de um cartaz lindo todo verde amarelo para convencer a população a não fazer algo que está fugindo do controle deles.

Eu acredito que os movimentos pró-vida e etc além de sexistas são retrógrados e autoritários. Talvez eu esteja chovendo no molhado, mas me digam porque raios a minha crença de "vida" tem que ser igual a de um católico ou um protestante ou seja lá qual religião queira? Porque o tratamento ou a transfusão de sangue não é feita na marra em um adventista para respeitar as crenças dele e um aborto não pode ser feito para respeitar as crenças da mãe? Eu posso estar muito enganada, mas ainda existe liberdade religiosa no Brasil, isso quer dizer ainda, liberdade não religiosa, ou seja, se não tenho religião o que me impede de fazer um aborto? Bom, eu acredito sim que as mulheres tem responsabilidade pela gravidez, assim como o pai, o Estado e a **** religião que não deixou a mulher abortar. Enfim, a proibição do aborto é mais uma questão de hipocrisia religiosa e omissão do estado do que um ato de cidadania pela vida. Se o Estado estivesse sendo eficiente em informar a população (e eu digo homens e mulheres) e a religião não confiasse tanto na "abstinência" não haveriam sequer abortos. Se os fiéis não seguem o que a própria doutrina deles prega porque o Estado tem que puní-los? Eu achei que eles eram separados... Ou melhor dizendo, porque o Estado tem que vigiar o cumprimento de uma doutrina religiosa?

Outro ponto, porque tantos abortos? Todos sabemos que a maternidade requer alguns recursos que muitas pessoas não tem. As mulheres são levadas a crer que para tudo nesse caso se dá um jeito, mas muitas vezes isso não acontece. Muitas delas acreditam que trazem uma boa notícia, mas no final acabam abandonadas à própria sorte. As ricas adolescentes mal informadas tem duas opções (que muitas vezes nem podem escolher) ou são levadas a boas clínicas com bons médicos e fazem um aborto seguido de um bom terapeuta ou contam com uma boa estrutura familiar e financeira para cuidar dessas crianças. Mas e as outras? Se mesmo as meninas da classe alta muitas vezes estão mal informadas por um problema cultural e religioso que bane as crianças da aula de educação sexual achando que é perversão imagine as menos afortunadas? Eu sei de um professor de Biologia de um dos colégios mais caros de Brasília que foi proíbido de falar de meios contraceptivos em sala de aula porque a dona do colégio é da Opus Dei. Me diga aí se ela vai cuidar dos filhos das aluninhas mal informadas? Ela oferece creche na escola? Não...

Mais uma coisa, porque a grande maioria da população MUNDIAL ABAIXO DA LINHA DA POBREZA É FORMADA POR MULHERES?

Se vc é contra o aborto porque não briga então pelo resto? Educação sexual nas escolas, maior investimento em métodos contraceptivos, melhor distribuição gratuita dos mesmos, educação e responsabilização dos homens para evitarem gravidez indesejadas, entre outros. Não é simplesmente proibir uma consequência quando no fundo o que se quer é evitar a causa? Porque essas entidades continuam dando murro em ponta de faca?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

...quando florescem os ipês

É o título do romance de Ganymédes José que fala da vida de quatro jovens de uma cidadezinha pequena no interior de São Paulo. Eu acho que por vontade própria nunca leria esse livro, mas como estava na lista da disciplina, li. Até gostei, mas é muito triste. Não somente a história sofrida dos mais pobres da trupe, mas o que mais me chamou a atenção é a atualidade dos problemas. O livro foi escrito em 76, mas a temática da desilusão, da vida sem instrução e esperança dessa gente é bem contemporânea. Até uma personagem que morre de tuberculose num contexto muito parecido com o de Macabéia em A hora da estrela que me encheu de tristeza.

Não vou revelar detalhes da história porque esse blog tá ficando muito saudosista e melancólico. O que quero contar se passou nos momentos seguintes ao fechar do livro. Após terminar a leitura, querendo abandonar o livro tal qual o ator faz para sair da personagem eu entrei na internet para me distrair um pouco e pensar em outras coisas. Li alguns blogs amigos e muitas reclamações. Vendo que a coisa não ia melhorar assim decidi tomar um banho e espairecer. Durante o processo comecei a pensar se de fato as pessoas em geral não estão ficando muito amarguradas, como as personagens do romance. Desiludidas com a vida mesmo sendo elas cheias de vida e com muitos anos pela frente. Pensei ainda que talvez esse seja o sentimento que precede a tomada de decisão crucial na vida de cada um. Ficar e ver o ipê florescer ou ir e buscar o próprio ipê, aquele que acreditamos florescer todos os dias.

No fundo estamos sempre em busca da felicidade, mas não será a felicidade uma busca? É talvez uma busca constante que no fundo se revela como sendo a própria vida e quando chegarmos à plenitude nos daremos conta então do quão feliz foram os tempos da busca. A felicidade das pequenas coisas, da corrida ao supermercado, das andanças por entre a UnB, das conversas enquanto se lava louça, de olhar pro céu e pensar somente "que lindo!". Pode ser isso e pode ser muito mais. Pode ainda ser a diversão solitária que senti sozinha ao pensar "O que será que Aristóteles teria dito se realmente tivesse escrito uma "Comédia" como segundo volume da "Poética"? Teria ele feito chacota das tragédias mostrando o quanto é bom rir? Teria ele enfim debochado dos grandes problemas "mortais" dos deuses e semi-deuses desdizendo tudo o que havia dito anteriormente?"

Será então que a vida é isso, sentir algo reconfortante no meio dessa loucura toda que mesmo que inexplicável ainda cause um sorriso suave no rosto? Algo que diga mostre que há alegria em tudo e que mesmo na seca ainda florescem os ipês?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Brasiliense's behavior

Eu sempre fui uma defensora da minha cidade. Não gostava nada quando um forasteiro fazia comentário pouco elogiosos da minha terrinha. Coisas que me tiravam do sério eram as do tipo: "Brasília é uma cidade muito esquizita, não dá pra entender, é tudo igual", eu respondia dizendo "Sabe se localizar num mapa? "Conhece coordenadas cartesianas? É a mesma coisa"; "Não tem nada pra se fazer aqui!", pra esse eu imprimi umas 3 páginas só de eventos culturais e shows gratuitos ou de baixo preço pra dizer à criatura q aqui tem muita coisa pra se fazer sim, não se pode é estar mal informado. Essas e outras eram minhas defesas de Brasília, a cidade do sonho de Dom Bosco...

Mas hoje em dia eu acho que o velhinho se enganou na interpretação do sonho. Eu realmente não visualizo como essa cidade possa ainda ser profética. Os habitantes profanaram o projeto, isso sim. Não sinto mais muita vontade de defender a cidade. Eu não encontro expressão melhor, mas ela está infestada de gente com o rei na barriga. O cara ta de carro já é o suficiente para se achar melhor e com mais direitos que vc, que está apenas atravessando à rua. No trânsito então das poucas vezes que dirijo me arrependo. O povo é tão folgado que te enche o saco até quando vc está na faixa do meio no limite de velocidade. Têm duas outras faixas para a realeza passar livremente, mas ela quer que o pobre vassalo suma da frente. Outro dia desses o cara parou na faixa pra gente passar, mas como não deu sinal de que ia parar ficamos parados na calçada esperando que ele parasse ou passasse. Quando parou começamos a andar, mas a cretinice arrancou pela contramão, tirando um fino da gente porque ficou putinho pela nossa "demora".

É uma galera tão pequena que paga uma fortuna num café dito "vienense" feito com maisena e calda de chocolate de mercado. E o copo? Pequeno do tamanho da foto do cardápio. E isso porque? Porque se vc vender gato por lebre eles acham que compram lebre. Ou melhor, adoram ter dinheiro suficiente para pagar por um gato uma lebre. Gente extremamente fútil e superficial. Vide o caso da aparência que eu escrevi dias atrás. De gente boa aqui eu estou encontrando pouca. Brasília está se tornando um imenso clichê repleto de petits bourgeois. Gente burra q liga demais para a aparência e fica sendo roubada, dia após dia. Gente estúpida que acha feio reclamar mesmo quando está certa. Gente que só é gente quando está no trabalho ou num ambiente bacana de gente bem vestida. Gente que faz a empregada comer na cozinha. Gente estúpida que paga mais de 1000 reais pro filhinho estudar num colégio que nem aparece no ranking dos melhores do país. Gente abestada que se acha abastada por ter um apartamento carézimo numa área de preservação ambiental, em cima de uma manacial de água que certamente fará falta aqui, no cerrado-deseto do Planalto, cuja vista é a janela do vizinho da frente.

Eu realmente não tenho mais como defender Brasília porque a cidade são as pessoas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Você é igualzinha ao seu pai

Era o que eu sempre ouvia quando fazia algo de errado. Errada ou não, quando desagradava minha mãe ou era comparada ao meu pai (o diabo na Terra) ou com a minha avó (devidamente culpada por todos os traumas da minha mãe). Durante muitos anos eu senti minha consciencia "pisando em ovos". Vivia numa incerteza enorme. Não concordava com a comparação simplesmente porque não me sentia uma cópia, achava-me um ser autônomo e original. Eu não gostava de dar o braço à torcer. No campo de batalha onde eu vivia era um erro fatal e primário que eu já não podia cometer. Culpar a minha mãe era fazer o mesmo que ela fizera com a dela, eu não queria ser em nada parecida com a minha mãe, já bastava carregar no rosto a semelhança com o meu pai que fez com que eu fosse tão odiada e amada por ela. Eu não podia ser igual à ninguém.

O quê fazer então? Na falta de grana para uma análise... MESTRADO! Ã? Meio bizarra essa minha solução, não? Calma, eu explico. A melhor coisa para entender um problema é... se enfiar nele, claro! Realmente eu não sei e não posso afirmar que seja fácil, mas desde que comecei a estudar a teoria feminista e fatalmente lendo Chodorow, Flax, Micthell a gente entende um pouco esse pesado fardo que se chama maternidade. Infelizmente para as extremistas, quem mais me ajudou a entender a minha mãe foi um homem, feminista sim, mas homem. Anthony Giddens em seu "A transformação de intimidade sexual". Ele pegou emprestado muitos pensamentos feministas, mas conseguiu juntá-los numa temática que deixou claro para mim algo que sempre foi nebuloso, mas que ao mesmo tempo era muito simples de ver.

A grande maioria das mulheres não faz a menor idéia do que é a maternidade, nem ao menos pensa longamente nisso. Posso resumir que a maioria pensa que uma relação feliz e harmoniosa é um pré-requisito para ter filhos felizes e se realizar como mãe. NÃO! NÃO É! Ajuda, mas não é tudo. Pensar em um bebê tbm não é tudo. Pensar em sustentar o filho também não é tudo. Cuidar dele também não. Arrumar tempo pra ele tbm não. Ensiná-lo, transmitir valores tbm não. O que seria então? Bom, além de tudo isso junto acho que todas as mulheres devem ficar um tempo sozinhas e sendo bem sinceras consigo mesmas e se fazerem as seguintes perguntas: Porque eu quero ser mãe? Porque eu acho que vou ser uma boa mãe? Que tipo de pessoa eu quero que o meu filho seja? E acima de tudo: O que eu acho que é ser mãe e quais as consequencias disso?

Muito? Se vc acha então desista da maternidade, pois colocar outro ser no mundo com tantas capacidades quanto os humanos tem (por exemplo, mudar o destino do planeta) e não poder se questionar sobre a responsabilidade disso é não estar preparada. Quem sou eu para dar conselhos se, na verdade, não tenho filhos? Eu sou alguém que um dia, com toda a sinceridade no coração e muita mágoa dentro dele, perguntou para a própria mãe "Porque você quis ser mãe?". Eu nunca obtive uma resposta para essa pergunta e sabe porque? Porque nem ela sabia. A maior parte das mulheres vai seguindo a maré. "É natural", "a gente tem um instinto", "vou saber o que fazer". Se nós vivessemos como os outros animais eu diria "manda ver, pare aí", mas de fato não é. A sociedade humana se organiza de forma muito distinta das outras e está se distanciando cada vez mais delas. O que eu posso dizer é que as relações familiares mudaram, entre homens e mulheres também. E digo mais, entre pais e filhos (ou mães e filhas). Você certamente vai ser cobrada pela(o) sua(seu) filha(o). O que vai responder? Vamos ser sinceras, está preparada para deixar a sorte agir? Sua filha não estará sob o seu controle, as opções sexuais, intelectuais... tudo pode ser diferente do que imaginou e aí? Vc tem que pensar sinceramente. Nada pior para um filho que desistir dos pais. O que será para uma mãe ser desprezada por um filho?

Pode ser muito fácil para vc responder a todas essas perguntas, mas lembre-se, o mundo é plural e diverso. Nem todos tem a mesma cabeça (graças!). O que o Giddens me fez ver que era nebuloso pra mim se resume no seguinte pensamento "Você não tem que ser eternamente grato aos seus pais apenas porque te colocaram no mundo. O reflexo do relacionamento que você tem com eles é um reflexo do que eles tiveram com vc." Pronto! Pof! A bigorna de 100 toneladas que eu carregava caiu das minhas costas. Eu não sou um monstro! Viva! Não preciso amar a minha mãe acima de tudo que aconteceu! (Meio auto-ajuda, eu sei, mas foi necessário na época). Calma aí, não é o fim. A recíproca tbm é verdadeira. A minha mãe não precisa gostar de mim. Isso é verdade. Até porque sabemos que nem todas as mulheres de fato tem noção do que é a maternidade e dos discursos dominadores que estão por trás dela. Devo eu declarar ódio recíproco à minha mãe? Ser contra todas as mulheres que disserem que querem ser mães tentando alertá-las das armadilhas desse discurso?

Volta bigorna!

Peraí, só um pouquinho. Eu acho que é melhor entender o que aconteceu com minha mãe, não?

Ela foi iludida, coitada. Achou que a felicidade se multiplicaria com os filhos, mas ela se dividiu. Um pouquinho de felicidade em cada filho e um monte de apreensão, aperto financeiro, ausência do meu pai... E só ela para cuidar da casa, fazer compra, arrumar, lavar, passar, cozinhar, trabalhar... Sim, eu faço parte das muitas famílias onde a maior parte da renda vem do trabalho feminino... Hum... Tô começando a sentir raiva do meu pai... Mas peraí, o meu pai fez o que o pai dele fez com a mãe dele. A minha mãe? Sempre foi uma mulher inteligente, mas meio esquentada e com um pensamento muito conservador. Vamos voltar ao caso dela. Ela teve filho relativamente tarde (em comparação a outras mulheres), 26 anos. Tinha diploma e um bom emprego. É verdade que se acomodou na carreira, mas ela tinha 3 filhos e um marido pra criar. Dá até pra entender. Ela não teve a criação que o meu pai teve. Meu avô materno era relativamente moderno. Era ciumento com a minha avó, mas ela podia trabalhar e ainda tinha todo conforto em casa. Meu avô era apaixonado pela minha avó, não a tratava mal por achar q ela era propriedade dele. Mas uma coisinha acabou com essa linda história. Meu avô morreu de câncer de pulmão com 40 anos. Minha mãe tinha 14 anos. Naquela época a viúva ficava com apenas 50% da renda do marido. Quem pagava as contas era meu avô, a vovó não sabia cuidar das finanças. E como fazer isso, manter o mesmo padrão com apenas metade da renda? Eu acho até q ela se saiu bem, mas a mamis não concorda. Ela vendeu uma chácara q meu avô tinha, pagou umas dívidas, alugou os quartos da casa onde morava para moças solteiras que vinham trabalhar na capital, dispensou a empregada e fez minha mãe e minha tia cuidarem do serviço da casa.

Sabe quando eu fui saber de toda essa história? Ano passado. Minha mãe falava que a minha vó tinha sido exploradora e injusta, que tinha emancipado a minha mãe e a minha tia só pra depenar o patrimônio do meu avô, mas na verdade o patrimônio era dela. Fiquei sabendo da história depois de ter perdido o meu pai e ter começado a ver as mudanças da lei de sucessão. Descobri meus direitos e os da viúva do meu pai. Mas continuando com mamãe.

Nunca falei exatamente sobre isso com ela, mas imagino que seu raciocínio tenha sido esse: Se a mãe dela ficou na merda porque não tinha mais marido a minha mãe ficaria na boa, porque além de ter emprego e saber cuidar de si sozinha ela ainda tinha... UM MARIDO! Voilà! Ops, mas as coisas não saíram com o planejado. O meu pai não era o meu avô e a minha mãe não era a minha avó paterna. Ela não aceitava ser "dominada" e meu pai não aceitava "não mandar na casa". Mas a maior parte da grana vinha do salário dela, e aí? Bom, apesar disso tudo, eles se amavam loucamente (mesmo) então para não terem que se separarem... A culpa foi nossa. É triste, mas foi a melhor resposta que eu consegui até agora. Acredito que outras coisas contribuíram, mas acho essa a parte essencial.

Vou me atrever a dar um conselho. Na porta do templo de Delfos (eu acho) está escrita a seguinte frase: "Conheça a ti mesmo". A porta desse templo é baixa, fazendo com que quem entre tenha que se abaixar. Saber quem você realmente é não é uma tarefa fácil. Requer humildade. Eu ainda não estou certa se serei mãe um dia, provavelmente sim (espero que seja uma menininha :)) Mas certamente não a culparei por decisões minhas. Não a culparei pelo meu pelo fardo. Até mesmo porque, uma feminista que caí nesse estereótipo tradicional de maternidade está cumprindo mal o seu papel. Tem que colocar o marido (ou o pai) pra estudar. Se for pai, mas se forem mães ou pais tbm. Porque nem todo filho perde tempo tentando entender a prórpia mãe. É bem mais fácil culpar. Se existem mães que não sabem os discursos que estão por trás da maternidade imagine os demais? A responsabilidade é toda da mãe e os louros do pai. O casal pode não ser assim, mas as crianças vão viver isoladas?

A bigorna saiu, mas tá guardada na minha estante para eu nunca esquecer de que não existem apenas dois lados de uma história e que o feminismo, se é o que eu posso dizer, tem me ajudado a ver as coisas de cabeça pra baixo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ana Bolena

Eu sempre fui meio fã dela. Uma vez achei um disco do Rick Walkeman do meu pais que se chamava "As seis esposas de Henrique oitavo". Fiquei curiosa e perguntei pra minha mãe sobre a história. Ela disse que não sabia muita coisa, apenas que o rei se apaixonou loucamente pela Ana Bolena e como a igreja não deixou ele se divorciar ele mudou a religião da Inglaterra para poder fazer isso. Eu pensei que era uma prova de amor, que Ana Bolena fez o rei brigar com a igreja só para poder se casar com ela. Mas quando minha mãe continuou a história e me disse que o próprio rei mandou cortarem a cabeça de Ana Bolena para se casar com outra eu pensei: "Coitada!". Na escola aprendi outros detalhes da história. Para se casar com Ana o rei acabou se tornando o chefe da igreja e o que fez com ela poderia ser feito por qualquer outra se fosse a vontade do rei. Era mais fácil Ana Bolena ter envenenado Catarina de Aragão do que ajudar o rei a conquistar tamanho poder.

Enfim, Inês é morta. Ou Ana. Mas eu sempre fiquei com essa admiração guardada. Ela entrou no hall das grandes mulheres da humanidade sendo inclusive a mãe de uma das melhores rainhas da Inglaterra, Elisabeth I. O sereado que eu estou assistindo "The Tudors" reacendeu a minha curiosidade sobre a história de Ana Bolena, infelizmente ela morre na segunda temporada e não me parece que Jane Seymour seja capaz de atrair minha curiosidade por uma temporada inteira. Felizmente eu li que ela morre ao dar à luz ao seu primeiro filho então isso quer dizer que ela deve morrer antes do fim da 3 temporada. A histório de Henrique VIII perde um pouco da graça depois da morte de Ana Bolena. O intrigante passa ser então a guerra religiosa e a briga que está por começar entre Lady Mary e Lady Elisabeth, as duas filhas do rei. Só por isso vou continuar assistindo a série pq o rei já ficou louco e desinteressante.

Depois da morte de Ana, a cena que me chamou mais atenção e que foi propositalmente feita pra isso é uma cena onde as duas damas de companhia da pequena Elisabeth comentam que o carrasco que mataria Ana Bolena seria pago com o dinheiro das despesas de Elisabeth. Quando a outra dama se mostra chocada com a ordem real a mais velha diz: "Reze para se casar com um homem rico e burro porque se vc não morrer no parto, o que é muito provável, pode até ter uma vida feliz". E a cena fecha com a menininha que faz Elisabeth ouvindo a conversa e contendo o choro. Sensacional!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

AAAAAAAAAAHHHHHHH!

Vc já teve vontade de se dar umas porradas? Coisa de louco, né? Mas eu já tive. Sabe aquelas coisas que acontecem com vc que vc diz a si mesmo "Nunca mais eu faço isso!" realmente resoluta e não passa nem tempo suficiente para esquecer a merda e lá está vc de novo enfiando o pé na jaca? Pois é, vai me dizer que não dá vontade de enfiar a mão na cara?...

Calma, calma. Eu não fiz nada de grave nem do que possa me envergonhar. Só algo que me faz perder a moral comigo mesma. Eu havia me prometido que não me venderia barato nem trabalharia por esmola, mas basta eu passar um mês apertada para eu começar a encher a minha agenda de trabalho. Eu sei que as mulheres modernas tentam sempre serem super heroínas, mas eu não tenho o perfil. Sempre que me entupo de coisas pra fazer algo fica nas coxas. Eu não posso mais fazer isso. Não estou na graduação (ops!). Tinha prometido a mim mesma que ia ficar por conta do mestrado, mas foi só eu conseguir terminar o semestre descentemente e trabalhando para pensar "Ah, dá pra colocar mais uma turma no horário tal...". Não! Agora chega! Ninguém entra ninguém sai. Nada de fazer concessão pra fulaninho ou ciclaninho. Désolée, mais je suis débordée!

domingo, 2 de agosto de 2009

Por uma vida assim ordinária

"Eu quero a sorte de um amor tranquilo"...

Amor, vida, trabalho, cidade...
Tudo que eu quero nessa vida é tranquilidade.

Ordinário em francês é comum, mas pode ser algo normal, sem grandiosidade. Falar que eu quero uma vida ordinária parece um sacrilégio nesse mundo louco de 32hs por dia, de comunicação quase instantânea, tecnologia. Onde todos tem que estar por dentro. Onde existe moda e atualidade até no youtube onde tudo é tendencia passageira. Eu acho que estou virando, como diria um amigo, uma misantropa.

Ontem fui ao aniversário da minha sobrinha num bairro (cidade satélite) aqui de Brasília chamado Águas Claras, a nova coqueluche imobiliária da classe média. Já na entrada essa tendência se confirma com corretores fantasiados se jogando na frente do seu carro para que vc receba o panfleto da "oportunidade da sua vida" que se resume a um apertamento de 2 quartos com a metragem de 1 quarto. Além disso, para compensar a feiura do lugar e a infraestrutura precária, vc poderá se deliciar com um playground (sem grama ou areia para não sujar o seu bacuri e não te dar trabalho) e um espaço gourmet fantastique (pq na sua casa mal tem cozinha) além de uma piscininha que em vista dos 200 ou 300 moradores do seu prédio não passa de um ofurô. E o prédio, diga-se de passagem, por mais moderno que seja ainda é igual ao da frente. A pista principal é pior do que qualquer asfalto de Brasília (e olha que o daqui é beeem ruim) sem NENHUMA placa, engarrafada às 15hs da tarde de um sábado.

Mas eu realmente sou louca em achar aquilo ruim. Gastar uma pequena fortuna (os apês em Águas Claras são em média 50% mais baratos que no Plano Piloto, mas ainda assim são caros) para morar num lugar apertado, sem verde, com gente saindo por todos os lados?!?!! Eu não me incomodo em pegar um bus pra ir trabalhar, mas lá nem passa. No mêtro só entra quem dá sorte e ainda tem a tarifa mais cara do DF. É longe do meu trabalho e de onde mora a maioria dos meus alunos. E tudo isso pra quê? Dormir bem. Pq com a rotina louca que vc tem vai conseguir somente dormir em casa. E se vc quiser ir a uma festa (sem ser sertaneja) vai ter que ir pra "cidade". Ou seja, mais de meia hora dirigindo pra chegar em algum lugar (sem trânsito) e tudo isso pra quê? Morar bem. Bem? Nem no final de semana vc vai querer ficar em casa. A menos que vc invista também na TV por assinatura e desista da sua vida social. Ah, outro problema, eu não assito TV, nem aberta, nem fechada, nem digital nem nada.

Mas eu realmente sou esquizita. Não achar bom casar na igreja e fazer uma puta festa para tentar recuperar todas as perdas do casório (e da festa) em presentes para a casa. Fazer um esforço omérico pra dar a entrada num apartamento e sacrificar todo o meu "salário", o lazer com o maridão, os jantares bons para adquirir um lugar que vai ficar pelo menos um ano fechado pq vamos morar fora e nem temos certeza de que vamos voltar pra cá? Ah, eu sou mesmo burra. Devia me matar de estudar por uns 2 ou 3 anos para passar num concurso público para um cargo que eu nem sei o que faz, que não vai usar nada das minhas capacidades nem do que eu gosto de fazer para se resumir no mais emocionante: mecher com leis ou processos numa linguagem mega burocrática e ainda correr o risco de me viciar em paciência e ter que ter um twitter para dar um pouco de emoção à minha rotina. Isso tudo para apenas poder curtir os dois meses de férias por ano e a estabilidade da minha bunda sentada numa cadeira 8 horas por dia olhando para a tela de um computador ou para uma pastinha igual a todas as outras com um número e um monte de coisas escritas no seu interior que ninguém sabe pra que serve e vai todo mundo pra última página ver o que interessa. Blerc!

Eu devo ser louca por não sonhar com isso. É um mar de rosas! Tantas gratificações e 13 salário que eu realmente poderia financiar um pedacinho do céu em Águas Claras. E quem sabe ficar fincada no mesmo lugar para sempre contando com uma promoção que não muda nada num lugar que divide tanto o serviço que vc nem sabe direito o praquê é paga. Realmente toda mulher pode fazer isso pq pra ser realizada basta ser casada e ter filhos, o trabalho não influencia em nada.

Eu devo ser louca por querer fugir do trânsito, da loucura, de gente mal educada, mal amada, mal humorada... Gente que tem tanta coisa emocionante e instigante para fazer no seu empreguinho público que tá sempre de cara fechada querendo chegar o mais cedo para poder ir embora o quanto antes. Eu realmente estou errada. Todo mundo que faz concurso vai ter uma vida boa e bem remunerada. Ver o quanto vale o seu trabalho, pensar em outras oportunidades, ter liberdade, fazer aquilo que vc estudou para fazer não é nada, bom mesmo é ser funcionária (pública). Eu realmente devo estar enganada de não querer me vender barato, de achar que essa juventude brasiliense é acomodada. De não achar vitória nenhuma ganhar tudo de mão beijada. Que o esforço de passar num concurso público é tão grande que valha mesmo o resto da vida sem se esforçar pra mais nada. Estudar dois anos e ter a vida toda paga. De não achar que é conforto ser acomodada. Mas eu realmente estou enganada. Todos dizem. Eu não devo saber de nada. Mas sei que quero uma vida mais ordinária.

Sem querer ofender os certos nadadores à favor da corrente. Se são felizes não se ofendem com o que eu digo, certo? Eu só estou cansada desse sempre "mais do mesmo" e "nada de novo" que andam tentando me vender. Eu posso não saber de nada, mas sei que isso não me agrada. Não, muito obrigada. Eu não vou morar em Águas Claras. Prefiro minha casa alugada.