terça-feira, 16 de agosto de 2011

A distância e a dimensão das coisas

É até uma questão de ótica, afinal, quanto mais distante vc está de um objeto, menor ele lhe parece. Um pouco diferente, entretanto, se passa com os eventos que se passam na sua terra natal.

Eu me lembro, por exemplo, de quando viajei para fora do país pela primeira vez. Eu não consegui me manter em contato com Brasil por diversos motivos. Um deles foi o fuso horário. Nunca conseguia achar meus pais em casa. Depois, a "praticidade" da telefonia nacional: um cartão internacional que de tão fácil de usar vem com uma tabela de códigos e números. E por fim, quando meus créditos acabaram, eu tive a feliz surpresa de descobrir que o telefone da minha mãe tava cortado e por isso, por mais que eu quisesse, não poderia fazer um DDI a cobrar.

Felizmente de oito anos para cá, a telefonia melhorou bastante (mas ainda acho que no Brasil, o quesito atendimento e respeito ao cliente precisa melhorar bastante). Os celulares ficaram mais úteis (e eu não estou falando apenas da agenda telefónica e do alarme), eles tem 3G. Temos também o skype, a internet... Entretanto, mesmo com todos esses melhoramentos, as pessoas mais "experientes" ainda tem problemas em se relacionar com a tecnologia. A meu ver, a tecnologia está longe de ser simples. Mas eenfim, falar com a minha mãe, por exemplo, é um desafio. Na maior parte das vezes não estamos on-line ao mesmo tempo. Outras eu tento ligar para casa de mamis, e ela não está. Outro dia liguei no celular e fui confundida com a minha irmãzinha. Ainda bem, pois fiquei com medo dela achar que era eu mesmo e levar um susto. Sabe como é gente velha com susto, pode acabar mal.

Outras vezes o problema é simplesmente meias palavras. Recebo notícias da pessoa mais distraída que conheço, minha velha. Sabe quando dizem que os homens fazem a gente repetir as coisas pelo menos duas vezes antes deles realmente escutarem? Bom, a minha mãe simplesmente leva anos para escutar algo. Eu passei um ano inteiro repetindo meu horário de trabalho (pq dava aula 2 vezes por semana à noite) e toda vez que ia sair de casa para o trabalho, levava uma bronca do tipo "Onde vc pensa que vai, mocinha?" E eu dizia "Para o trabalho, como todas terças e quintas"... Isso durante um ano e ela não conseguiu pegar. Passei um ano faltando os almoços de família no sábado porque estava estudando inglês e ela simplesmente ficou surpresa em descobrir que converso com meus amigos aqui na Suécia em inglês. Bom, acho que deu pra sentir o que é uma mãe com DDA.

Ou seja, a distância, a diferença de fuso horário e a minha mãe como informante, não me deixam mais certa a respeito do que está acontecendo no Brasil, especialmente com minha família. Nesse caso, me desculpem os otimistas, mas quanto mais longe estou de um objeto, sempre imagino que ele é maior do que realmente é. Penso logo que estão me escondendo algo e que tem algo de muito podre no reino da Brasilândia. Enfim, eu passei uma semana achando que alguém da minha família ia morrer assassinado porque mamãe não conseguiu me passar uma notícia direito. E olha que toda vez que eu ligava, perguntava por mais informações. A única vez que ela tinha mais que uma frase para me contar a respeito do assunto, esqueceu de mencionar que já estava TUDO RESOLVIDO e TODO MUNDO PASSA BEM! Mãe, isso não é legal, viu? Ou fala direito, ou não me conta nada. hunf!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

@ corn@ burr@

Existe um programa na televisão americana que persegue pessoas supostamente infiéis e promovem uma lavagem de roupa suja em cadeia internacional entre o traidor, o traído e o amante. Eu de vez em quando dou uma espiada, afinal, quem não gosta de ver um barraco de vez em quando?

Mas em todos os episódios, uma coisa me chamou a atenção. O ódio pela traição recaí em 95% dos casos, em cima do amante. Os traídos vão para cima dele com tudo e tem que ser segurados pela produção do programa. Mesmo sabendo que o programa faz um pouco de vista grossa para agressões contra o traidor, a maioria dos traídos quer mesmo é tirar satisfações com o amante.

Esse comportamento não é esclusividade norte-americano. Lembro que dos muitos casos que conheço de mulheres que são "trocadas", a culpa de toda a sua de sua má sorte cai na "bandida". Além do velho mito do machão que mata o "cabra safado" e a mulher "mardita". Eu, particularmente, acho que a traição é algo um pouquinho mais complicado do que apenas uma terceira pessoa mal intencionada que quer "roubar" o seu homem (ou mulher). Para falar a verdade, muitas vezes é absolutamente o contrário. A questão é que se um não quer, dois não brigam. Por mais escuso e covarde que uma traição possa ser, de fato, no mínimo isso significa que a outra pessoa não está feliz no relacionamento.

O que eu realmente acho, é que a traição é o estopim de outros problemas no relacionamento. A raiva contra o amante parece não ser nada além de um desvio da própria responsabilidade no "fracasso". Não estou dizendo que o traidor não deva ser responsabilizado, mas como uma relação é inicialmente algo entre duas pessoas, a parte que procurou a terceira é que tem o problema, não o amante. Esse, por vezes, não sabe qual é a verdadeira situação da pessoa com quem está saindo. E vamos e convenhamos, se o seu homem/mulher pulou a cerca, foi ele que te traiu, não o amante. Quem tinha um compromisso afinal?

Culpar o amante é fácil, mas bastante idiota. Para muitas mulheres é mais fácil acreditar que os homens são criaturas de carne fraca, criados para "cobrir" várias fêmeas e que no fundo são é pobres vítimas da própria natureza e dessas mulheres sensuais. Então, culpando a amante, elas deixam o caminho livre para perdoar o traidor e, é claro, ser traída novamente. Afinal, o cara acaba entendendo que no fundo, foi tudo culpa da bandida, como sua mulher bem "falou".

Claro que é fácil falar quando não se está na pele d@ corn@

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tomando café velho, encore.

Eu devo ter sido um ruminante na outra incarnação. É, não é todo dia que uma mulher admite isso, mas enfim, eu rumino. E me arrependo muito as vezes de ruminar as coisas antes de responder. Não consigo contar quantas vezes levei desaforo para casa porque não queria magoar ninguém sem me dar conta que acabava deixando as pessoas me magoarem impunimente. Muitas vezes usando um "foi mal" aqueles que me magoavam conseguiam seu perdão com um simples "tudo bem" da minha parte.

Muitas vezes eu ficava tão surpresa com a natureza dos comentários que era incapaz de revidá-los. Outras vezes eu fizia uma longa auto-análise para saber se tais acusações a minha pessoa tinham fundamento. Mas posso dizer que esse última era mínima. É muito raro encontrar pessoas que façam críticas sinceras e contrutivas. E eu não me ofendo com críticas. Mas... como disse, eu as rumino demais. Tanto que as vezes tenho raiva de mim mesma.

Eu tentei entender de onde vem esse hábito, porque afinal, todos na minha família parecem ser absurdamente diferente. Falam coisas ofensivas em tom de brincadeira e tá resolvido. Se vc se ofende o problema é seu, porque é muito sensível, e isso não é bom. Não é normal... Eu me lembro de ir ao psicólogo quando era adolescente porque os meus pais estavam de fato preocupados com o comportamento dos filhos. No meu caso, eu passava as sessões discutindo com a psicóloga, que tinha o mesmo nível intelectual que uma menina de 14 anos, o porque as pessoas se ofendiam quando eu falava o que pensava.

Bom, em parte ela me ajudou a entender que a maioria das perguntas pessoais são retóricas. Por outro lado, eu tinha aprendido bem com uma pessoa como pintar a verdade com retoques de crueldade. Felizmente, nunca superei meu mestre.

Hoje em dia eu pergunto porque me pergunto demais? Me coloco em situações desagradáveis por causa desse comportamento. Coisas que seriam deixadas de lado se eu devolvesse o comentário no mesmo nível. Coisas do tipo, "nossa, vc está gorda", se eu simplesmente respondesse "e vc continua burra". Eu devolveria na mesma altura e talvez até fizesse a pessoa enxergar a merda que disse. Uma vez eu tentei essa, e recebi até um pedido de desculpas, de um francês!

Concordo que pensar antes de falar é sempre um bom hábito, mas quando o seu pensamento não é tão rápido que possa encontrar uma resposta ao mesmo tempo inteligente e polida, devolva no mesmo nível. O agressor não poderá reclamar sem apontar o dedo para si mesmo. Outra coisa importante é se lembrar de ligar o botão do foda-se quando falar com determinadas pessoas, porque se vc deixar, elas vão ser o seu inferno.

domingo, 7 de agosto de 2011

O velho e o novo

No começo tudo é novidade. Morar fora é um mundo de novas possibilidades e reflexões. Mas como tudo nessa vida, tem vantagens e desvantagens. Quando o novo passa a ser conhecido as vezes sinto muita saudade do meu "velho mundo novo", ou do meu Brasil varonil. Entendam, eu não estou reclamando da minha estadia sueca. Tem sido realmente muito construtiva para mim. Eu já conheci 4 países diferentes, mesmo sem ter muita grana para viajar. Fiz amizades muito valiosas que eu espero levar para vida toda, pessoas de diferentes nacionalidades, com mentalidades muito maduras, que tem renovado minhas esperanças na amizade como um todo.

Mas realmente tem horas em que tudo o que a gente quer é estar no nosso lugar, naquele lugar que a gente chama de "nosso". A barreira da língua é realmente uma coisa complicada. Por mais que eu esteja entendendo bem mais, o sotaque da Skane não é nada simples. Outro problema é saber que não é nada fácil falar com sua família ou com seus amigos. Estar cinco horas a frente realmente nos deixa um pouco reticente quanto a pegar um telefone e ligar. Isso se eu tivesse um telefone fixo, o que não é o caso. Tem a internet, mas por mais que exista o skype, ainda acho tudo meio impessoal.

E diferente das minhas amigas européias, eu não posso simplesmente visitar minha família por uma semana. São 12hs de voo, sem levar em conta o preço da passagem. Agora eu entendo o que diz o Eduard Said, de que o imigrante não se sente completamente em casa em lugar alggum pois o país que deixou não será mais o mesmo quando voltar, e o novo país reserva muitos outros desafios de adaptação. No meu caso posso dizer que o maior ainda é o clima.

Conhecida como "flor de estufa" pela minha família, não é de surpreender que essa seja minha quarta gripe em 6 meses. Eu simplesmente não sei como me proteger. Final de semana passado, o canal do tempo da BBC disse que em Copenhague ia chover o fim de semana todo. Fomos para lá preparados para chuva, botas, capas, e roupas relativamente adaptáveis, como calças jeans e camisetas. Mas para minha surpresa, eu passei mal de calor e tive que comprar um vestido. As vezes vc saí preparado para o calor e chove e faz frio. Parece até Brasília, mas a diferença que o frio aqui é frio mesmo. Não sei se é realmente o tempo ou o fato de estar o tempo todo indo de um lugar para outro, na ânsia de conhecer o máximo de coisas e lugares que tem esgotado minhas forças.

Mas de qualquer forma, o que são 4 ou 5 gripes comparadas com o tanto de coisas que eu posso conhecer e viver nesses 6 meses que me restam na Europa?