terça-feira, 8 de julho de 2014

É, perdemos.

Podia acontecer, não?! Aliás, a gente já tinha perdido antes no Maraca. Mas enfim, eu não estava animada para essa copa. Mas eu nunca estive muito animada para nenhuma copa. Realmente eu não gosto muito de futebol, mas a minha questão é mais outra. Época de copa é uma overdose. Parece que nada acontece no mundo.

O Brasil realmente não para, mas a mídia cai em cima como se não houvesse amanhã. Isso me irrita um pouco. Devo assumir até que depois de ver 80% de todos os jornais repetindo a mesma coisa sobre a copa, eu sempre ficava com um pensamento "tomara que acabe logo". E de verdade, depois da copa, minha vida volta ao normal, como a da maioria das pessoas.

Quanto a vangloriar a seleção alemã… Eles eram melhores que a gente desde o começo. O problema é que a gente sempre espera um milagre. Montamos um time em cima da hora, escolhemos um treinador teimoso, apostamos 100% no craque. Olha a receita e o resultado. Mas é claro que isso não é culpa da nação brasileira. Nós, meros brasileiros não temos nem como votar no elenco.

Mas comparar o país Brasil com a Alemanha eu não acho correto. Somos um país ex-colonia sofrendo com a exploração econômica e com uma elite que não se identifica com o seu povo. Só na copa. Aí vemos todos pintados de verde amarelo torcendo nos estádios, vaiando a presidenta sem fazer a menor ideia da diferença entre protocolo e política. Vaiando o hino da equipe adversária e depois, na hora que perdemos, sentindo "vergonha".

Vergonha de quê? De perder um jogo?! Eu tenho vergonha dessas pessoas que deveriam sentir vergonha de não assinarem as carteiras de suas empregadas domésticas, de usarem a máquina de xérox do serviço para tirar cópia dos livros didáticos "na brodagem" para os coleguinhas de turma porque é "de graça" se não for ele quem está pagando. Vergonha a gente tem que ter de sempre culpar os professores quando eles fazem greve e nunca apoiar o movimento de verdade. Tem que se ter vergonha de reclamar do transporte público quando nunca se pegou um ônibus. Vergonha de só torcer pelo Brasil na Copa, de só se sentir parte do povo bem longe da pobreza, na área elitisada que a FIFA transformou nossos estádios. Vergonha dessas pessoas que mesmo que o Brasil ganhasse, falariam mal de tudo, não veriam nosso mérito mesmo quando temos, mas não aceitam crítica dos outros. Vergonha desses obtusos, dos torcicolados intelectuais, dos verdadeiros coxinhas (por mais que a expressão já esteja bastante esvaziada).

Não acho vergonha perder um jogo para uma equipe que jogou melhor e talvez seja a campeã. O placar poderia ser melhor? Poderia. Mas o futebol é assim, uma caixinha de surpresa. Nós inventamos o ditado e não sabemos o que ele significa?!

A Copa é um evento onde jogam times que são compostos por pessoas que tem inteligência esportiva. Não podemos esperar que seja uma arena para um debate político produtivo, que seja a tradução do Brasil como nação. Claro que o futebol ajuda na coesão social, no sentimento de pertencimento do brasileiro. Mas todos sabemos que ganhando ou perdendo o futebol não apaga nossos problemas. Quem são esses 200 milhões em choque?

Eu não estou em choque. Estou chocada com o número de casos de dengue em Londrina. Com a novo vírus que é agora carregado também pelo mesmo mosquito. Com o número de vítimas das enchentes todos os anos pelo país afora.

Então, sinceramente, me desculpem os mais abalados, mas acho que a gente chora e entra em choque por coisas que realmente afetam a nossa vida e a da nossa comunidade.