terça-feira, 5 de julho de 2011

Mais um gostinho de Paris.

A primeira vez que fui a Paris eu tinha vinte aninhos e foi uma experiência única. Eu as vezes tinha vergonha de falar sobre o assunto pq me sentia mais capial ainda. Como uma simples viagem pode ser tão importante na vida de alguém? Até que durante uma de minhas aulas de francês perguntei para os meus alunos sobre a viagem mais marcante da vida deles e uma aluna que gosto muito, me responde que a primeira vez que foi a Paris marcou a vida dela para sempre. Eu fiquei especialmente interessada em saber porquê, afinal, comigo aconteceu algo parecido e ao contrário de mim, essa minha aluna é uma pessoa viajada. Ela me disse que ganhou a viagem por ser boa aluna de francês e Paris lhe pareceu tão luminosa que nunca mais essa primeira impressão lhe saiu da cabeça.

No meu caso, algo parecido. Eu ganhei a estadia e a alimentação da embaixada da França, por estudar francês na universidade e passar na seleção. Sem isso eu nunca teria chance de ir à Paris sozinha. Mesmo pagando só a passagem, foi bem pesado para minha família, mas minha mãe fêz questão que eu fosse e nisso eu só posso agradecê-la. Durante um tempo tive que agüentar as piadinhas do meu irmão dizendo que passaríamos 10 anos comendo apenas arroz e ovo por causa da minha viagem. O que era engraçado, mas um pouco mal da parte dele, afinal, eu não ganhava aqueles video-games caros todo final de ano como ele, ou um presente caro como um computador, por exemplo.

Mas voltando à Paris, a aventura começou no aeroporto, pois eu não ganhei o papelzinho da fronteira no avião e fiquei nervosa. Nessa hora, meu francês desapareceu e arrumaram uma policial que falava português, mas o de Portugal com um sotaque fortíssimo. Levou uns 10min, mas eu recuperei minha sanidade e meu francês e entrei no país. Depois tive que comprar um mapa para achar a minha rua, que eu passei duas horas andando em volta dela e não conseguia achar (senso de direção brasiliense é foda). Depois de chegar, fui encontrar o pessoal do estágio. A última coisa que eu fiz foi ligar para minha mãe, que achou que eu estivesse morrido, ou me perdido completamente em Paris, foi engraçado pq eu acho que ela pensava que eu era meio bocó.

Fiquei 5 dias em Paris e 7 dias no interior, em Poitou-Charentes. O objetivo da viagem era fazermos uma imersão linguística. No meu caso, esportes radicais em francês. Foi bem divertido. Eu fiz escalada e me cansei no meio da subida, mas a russa que tava fazendo minha segurança só olhava para o namorado que estava ao lado. Acabei xingando ela em português e mais uma vez tive que me acalmar para lembrar do meu francês, mas ela não me ouviu. Tive que achar um lugar para me apoiar e continuar a subida. Tirando esses contratempos, a viagem foi bem produtiva. Teria praticado mais o meu francês e conhecido melhor a cidade se não tivesse ficado com pena de uma brasileira que estava comigo no estágio e não falava xongas de francês. A menina não conseguia nem pedir comida, mesmo com o cara da lanchonete falando 6 línguas diferentes com ela. Além disso, reclamava de tudo. Só queria comer arroz e feijão.

Mesmo assim, eu sempre quis voltar à Paris. Como ela aparecerá para mim depois de Buenos Aires, Londres, Copenhague, Lund... e é claro, depois de nove anos desde minha última visita? Estou realmente curiosa para explorar por conta própria a cidade luz enquanto o Marcos trabalha. Tudo bem que só fico 4 dias em Paris, mas acho que esses dias serão mais bem aproveitados agora que meus pés tem uma certa quilometragem e que eu sei aquilo que quero ver novamente e o que não me importo de deixar para uma 3ª vez.