sexta-feira, 14 de maio de 2010

Falando de métodos contraceptivos...

A pílula faz 50 anos esse mês. Parabéns(?)(!)

Bom, como o outro tema rendeu (e eu gostaria de agradecer imensamente todas as contribuições que foram para mim muito frutíferas) eu resolvi continuar um pouco mais nele. O direito a maternidade sempre toca na questão do aborto. Tanto é que mesmo tentando falar de escolha como um ponto geral, eu me apoiei justamente numa reportagem sobre o aborto para ilustrar a questão da escolha.

Depois de ler atentamente todos os comentário, vou tentar responder alguns e para outros eu realmente não tenho respostas, e sim dúvidas. A minha área, pos incrível que pareça, é Literatura e eu trabalho com práticas socias numa vertente feminista. O meu foco é representação da maternidade olhando ambas as perspectivas, de mãe e filha. Mas sem mais delongas, ao aborto (ou a pílula?)

O que mais me deixou feliz com o post anterior foram os comentários de mulheres que fizeram abortos e não se arrependeram. Esses depoimentos servem um pouco para desmistificar o famoso arrependimento pós-aborto. Posso até acrescentar que pessoas imaginativas como eu chegam a pensar que após um aborto nasce uma verruga no seu nariz ou você se depara com algo como o coração do conto do Poe que fica batendo nos ouvidos do assassino sem parar para denunciá-lo a ele mesmo.

Brincadeiras a parte, o arrependimento não bate porque não é esse bicho de sete cabeças que todo mundo prega. Eu nunca fiz um aborto, acho que o medo da minha mãe me fazia criar uma capsula protetora em torno do meu óvulo que repelia espermatozóides. Mas eu não tinha como evitar uma gravidez por vias normais. Nunca entedi bem porque a minha mãe comprava camisinhas para o meu irmão mais velho que não as usava e para mim só absorvente. Eu roubava as camisinhas do meu irmão, mas quando se é adolescente e se tem que fazer essas coisas escondido "shits happens" (podemos falar de imaturidade). Falta de tempo, lugar, orientação... Faz tempo que eu não vejo uma campanha de distribuição de camisinhas ou dizendo que os hospitais públicos fornecem anticoncepcionais de graça. Será que isso acabou? E quem sabia disso quando era adolescente (se existia essa política na época)?

Eu não sabia, mas sabia muito bem que nas condições que eu vivia era melhor vender a alma para pagar um aborto do que encarar todas as consequencias do que viria depois. É por isso que eu sou a favor do aborto mesmo em casos de "desleixo". Não acho justo condenar um jovem infrator a ficar na prisão até os 18 anos e a jovem "infratora da moral e dos bons costumes" ser condenada a miséria e ao sacrifício para o resto da vida. Se as famílias proporcionassem aos filhos (de ambos os sexos) uma orientação sexual não punitiva e efetiva eu não seria de todo contra a uma lei um pouco mais restritiva. Se bem que sempre sou tentada a desejar uma permissão total do aborto. Depois de um certo grau de esclarecimento da população, acredito que ele não seria tão mais empregado.

O fato é que faz 50 anos que temos a pílula e as meninas ainda ficam grávidas com 13, 14, 15 anos. O acesso é difícil, os efeitos colaterais são muitos e os métodos contraceptivos masculinos são muito primitivos. Porque não uma pílula masculina? Porque só o Viagra? E o que será daqui a 50 anos?