domingo, 4 de abril de 2010

fuck the fashion!

A primeira vez que vi alguém usando uma camiseta com essa frase eu já era adulta. Mas se fosse adolescente eu com certeza estaria com uma igual na semana seguinte. Outro dia andei me lembrando de como eu era nessa fase e me deu uma certa saudade. Fui muito infeliz nesse período, como muita gente, mas não deixei de ser rebelde, um pouco CRUJ talvez.

O que me fez lembrar do período, apesar de não ter NENHUMA foto minha na minha adolescência na casa da minha mãe ou nos meus álbuns foi porque o Marcos perguntou como eu era. Eu não era gorda, como muitos dos meus amigos se lembram de mim, mas eu era peculiar. Vão dizer que eu era mal vestida, pode até ser, mas eu era feliz. Gostava de usar calças largas, camisetas de banda e tênis, mas não tinha nenhum all star. Eu acabava com aquela aparência esquizita porque as calças de skatista não tinham do meu tamanho, então eu pegava as do meu irmão, usava com um cinto e colocava as camisetas de banda (sempre tamanho único) por cima. Eu parecia mesmo um saco de arroz, mas não estava nem aí.

Escolhia as camisetas ou pela banda ou pela frase escrita. Lembro que uma vez chorei quando meu irmão perdeu uma camiseta minha do Raul que tinha a letra de "O canto para minha morte" atrás. Era uma camiseta rara. hehe Minha mãe ficava louca com esse meu jeito. Achava que eu era lésbica. E não só ela, muitas pessoas no meu colégio também. Eu acho que os boatos só se alcamaram no dia em que um dos meninos da minha sala encontrou comigo num show de rock acompanhada do meu namorado na época. A transição dessa fase para minha fase "adulta" não foi tão brusca. Comecei cortando meu cabelo, que chegava na cintura, abaixo da orelha e depois joãozinho. Fui trocando as calças largas por calças mais justas, bermudas, saias e hoje, vestidos. Sempre gostei muito de preto e ainda hoje ele predomina no meu guarda-roupas, mas cores bem diferentes das que eu costumava usar já aparecem, como rosa, roxo, vermelho e amarelo.

Mas eu sinto saudade daquela época. Com 50 reais comprava roupas para o ano inteiro. E apesar de muito gente dizer que eu melhorei, muitas vezes não me sinto especial e diferente (no bom sentido) como me sentia naquela época. Hoje talvez eu tenha encontrado uma explicação quando eu li o Bourdieu. Para ele a mulher é uma agregadora de valor simbólico, quanto melhor sua aparência e mais caras são suas roupas mais valor simbólico ela agrega ao seu marido. Ao olhar para mulher todos sabem qual a classe daquele casal, sua educação e etc. Ou seja, todo o nosso sacrifício é apenas e continua sendo para a sociedade, um mérito do nosso marido ou de qq outro homem que esteja em nossa companhia. Complexo. Pelo menos eu tenho a felicidade de poder trabalhar de calça jeans e tênis, por mais que os meus alunos me confundam com uma aluna.